sábado, 3 de novembro de 2018

Rifle CBC Impala - Um marco na indústria de armas civis no Brasil


Essa verdadeira joia entre as armas calibre .22 de fabricação nacional pode ser considerada também como uma relíquia para os seus felizes possuidores.
Fabricada em duas versões bastante similares, diferiam entre si apenas pela grossura do cano e sistema de carregamento, esse rifle é até os dias de hoje considerado o único do gênero fabricado no Brasil, pois foi concebido especialmente para tiros de precisão em competições com esse diminuto, mas muito preciso calibre.
História.
Em 1983, a aeronáutica do Brasil encomendou à CBC a confecção de alguns rifles em calibre .22 com ação por ferrolho para o treinamento de cadetes mas, com uma característica diferenciada em relação às armas normais, deveriam ter o trilho para a instalação de lunetas na lateral da culatra e não sobre estas como é usual. Baseado nessa solicitação, a CBC decidiu que era hora de lançar no mercado uma arma que tivesse algumas características que dessem à arma uma maior precisão surgindo assim o conceito do rifle Impala., com uma coronha mais alta, que permitisse a adição de alguns contrapesos e outros acessórios para equilibrar a arma mais de acordo com atiradores de precisão, soleira regulável, gatilho com regulagem de tensão, pressão e posição, trilho para a adição de bandoleira e champignon, entre outras coisas, mas o que mais difere o modelo Impala das demais armas nesse tipo de ação fabricadas para uso standart é o cano que, além de mais longo, grosso e pesado, é confeccionado dentro de normas rigorosíssimas para a obtenção de precisão.
São muitas as características diferenciais do rifle Impala em relação às armas produzidas até então no Brasil, tanto pela própria CBC quanto pelas concorrentes, por esse motivo, pode-se dizer que a Impala nunca teve concorrentes que pudessem se igualar a ela na categoria arma de competição com fabricação nacional, porém, ela não é, nem de longe páreo para armas importadas que competem nas mesmas categorias, o que não impede que um bom atirador não possa conquistar algumas medalhas em provas onde essas concorrentes de fora estejam participando pois, como dizia um amigo meu, no tiro, metade do resultado é por causa da arma e metade por causa do atirador pois um atirador medíocre nunca ganhará uma prova mesmo com a melhor arma do mundo, mas um exímio atirador pode ganhar provas mesmo que a arma não seja a melhor do mundo.

A Impala em partes.
Culatra.
Considerada a alma de uma arma, a culatra da Impala é construída em cima da culatra do modelo 122, velha conhecida dos brasileiros desde a década de 60, quando o controle acionário da CBC ainda pertencia à americana Remington, controle este assumido desde o ano de 1936, e esta empresa passou a fabricar aqui alguns dos modelos que vendia na terra do tio Sam, como a própria 122, que na época possuía um carregador tubular sob o cano (meu pai possuía uma que foi roubada infelizmente pois era promessa dele me presenteá-la quando fizesse 18 anos), e a Nylon 66 (a primeira arma no mundo a ter partes em polímero no próprio mecanismo da arma), ambas fabricadas sob licença da Remington por muitos anos até a sua descontinuação nos anos 2000.
Na parte superior da culatra encontramos dois frisos longitudinais em forma de rabo de andorinha que servem para a instalação de mounts de lunetas padrão 11 mm e a fábrica fornece junto com a arma, dois espaçadores que podem ser montados nesses trilhos para se elevar a altura da luneta em caso de o atirador não querer retirar as miras originais da arma. Esses espaçadores na verdade serviam para a instalação do dióptro que era fabricado pela CBC para equipar esta arma (mais sobre isso mais à frente), podendo opcionalmente ser utilizados na luneta.
A culatra da impala montada na coronha.
Pode notar-se, da esquerda para a direita, a trava de disparo em sua posição de destravada, a manopla de acionamento do ferrolho e a janela de ejeção do cartucho fechada pelo ferrolho
Aqui a culatra separada da coronha para se ter uma melhor ideia das suas dimensões.
Na parte inferior, podemos ver, da esquerda para a direita, o retém do ferrolho, a esfera que aparece é a esfera do ferrolho que, na verdade fica na lateral da culatra, o pino protuberante é o receptáculo do parafuso de regulagem de tensão da mola do gatilho e, logo na sequencia, o gatilho onde se pode notar o "trilho" de posicionamento do mesmo mais adiante ou mais atras para quem tem mãos menores.



Carregadores.
O sistema de carregamento da Impala é através de pente e, de conformidade com cada modelo, o pente pode ser fixo ou destacável. Nos modelos Match Máster 322, o carregador tem a capacidade para 5 cartuchos e é fixo na culatra sendo que o carregamento é efetuado por cima da arma, abrindo-se o ferrolho e colocando os projéteis um a um, já no modelo Máster 422, o carregador tem capacidade para 10 projéteis e é destacável através do acionamento de uma manopla que fica por dentro da coronha e salienta-se na parte traseira do carregador. O carregamento desse carregador se faz projétil a projétil por cima do carregador com este fora da arma.
  
Na primeira foto podemos ver o carregador, já municiado e, na sequência, o carregador na posição em que é inserido no receptáculo da arma. Notem o acabamento na borda da coronha onde este carregador é inserido na arma onde se nota um chanfro para auxiliar a "encontrar" o caminho certo do mesmo e, para evitar arranhões na coronha.

No caso do modelo Match Máster 322, o carregamento é um pouco mais complicado se a arma tiver a instalação de luneta.

Ferrolho.
O ferrolho da Impala seria o mesmo da 122, não fosse uma frezadura lateral que atua junto com uma trava de ¼ de volta que impede que o ferrolho saia da culatra a cada vez que se manobre o ferrolho para engatilhamento, haja vista que a única coisa que impede que o ferrolho saia fora da culatra no modelo 122 é o gatilho e se este for premido, permite que se retire o ferrolho para a limpeza, porém, na Impala, quando o gatilho está regulado de forma muito suave, pode causar a desmontagem involuntária do ferrolho no momento do engatilhamento, então a empresa adotou essa trava lateral que permite a livre movimentação do ferrolho para municiamento, mas quando se quer sacá-lo, é só girar ¼ de volta para que este libere o ferrolho.
Ferrolho, vista superior.
A faixa preta na extremidade do ferrolho é a mola do extrator que, nada mais é do que uma fita de aço temperado em forma de "C! que abraça o ferrolho e empurra os extraatores sempre para dentro deste.

Ferrolho, vista inferior.
Nesta posição, podemos ver um furo bem à esquerda onde se nota uma espécie de olhal em seu interior que é o arame de retenção da parte traseira do ferrolho e que dá a compressão da mola do percutor. Na sequência, logo à direita, vemos o pino que traciona o percutor quando o ferrolho é armado. O bloco saliente é a trava do ferrolho que, quando na posição de disparo e com a alavanca abaixada, vai engastar-se em um correspondente entalhe na culatra de forma a não permitir o recuo do ferrolho depois do disparo. Dentro da canaleta, o que vemos é o corpo do percutor, em sua posição armada. A parte em aço inoxidável é o encosto da munição, é a peça que empurra a munição para dentro do cano e que comporta o sistema de ejeção depois desta deflagrada e quando se dá a manobra do ferrolho para a recarga.

Ferrolho, vista frontal.
Bem à frente do ferrolho vemos o furo por onde o percutor processa o disparo e as duas garras do extrator.

Botão de desmontagem do ferrolho.

A desmontagem do ferrolho para limpeza de rotina é muito simples, como já foi dito, mas a desmontagem minuciosa das peças para a manutenção mais fina é algo meio estranho, haja vista que o sistema de fixação das partes desse elemento é feita usando-se um arame de aço que tem um olhal em uma extremidade e é enfiado em uma reentrância que se acasala entre a parte traseira e a frontal do ferrolho e, retirando-se esse arame, ambas as extremidades saltam para direções opostas em virtude da ação da mola do percutor. Essa desmontagem, se feita descuidadamente, pode causar a perda de peças e partes do mecanismo que possui arruelas de espaçamento e ajuste com menos de ½ mm de grossura, além de danos estéticos à parte traseira, pois esta precisa ser presa em um instrumento de aperto (morsa ou alicate de pressão) e, para isso deve ser forrada de forma adequada com uma tira de couro ou várias camadas de tecido grosso, mas, enfim, isso não exige um gabarito apropriado e qualquer pessoa medianamente erudita em sistemas mecânicos pode executá-la sem muita dificuldade.
Para a conservação e bom funcionamento dessas partes, utilize graxas sintéticas finas ou graxas à base de molibdênio.
O acionamento do percutor se faz através de um pino que se acasala com uma reentrância no anel base da manopla que tem um ângulo tal que, quando manobramos essa manopla, o pino corre pela reentrância e é empurrado para trás levando consigo o percutor que encaixa-se em uma parte plana no anel base da manopla até o ferrolho ser fechado, momento em que o anel base liberta esse pino de forma que o disparo só não aconteça por causa do escoramento do percutor pelo sistema de gatilho. Na traseira do ferrolho existe um pino que, nada mais é do que um prolongamento do percutor, que tem um fino anel plástico na cor vermelha que indica que a arma está engatilhada.
Traseira do ferrolho, onde se pode notar o pino indicador de arma engatilhada.


Gatilho.
Outra diferença marcante do projeto Impala para as outras armas de mesmo sistema de operação e calibre é o gatilho. Como a arma foi concebida para tiros em stand, ou seja, em situação controlada onde o risco de um disparo acidental é diminuído devido ao fato de que no momento do municiamento todas as armas devem estar posicionadas diretamente em relação ao alvo e não como em uma situação de caça onde ocorre do atirador manobrar o ferrolho da arma e andar com ela livremente, até mesmo em algumas situações onde há a iminência de confrontação com a caça este poderá deixar a arma destravada e isso, sem sombra de dúvida, é um fator de risco se o acionamento do gatilho for muito leve. Por isso, o gatilho de armas de competição podem ter sistemas de regulagem de tensão de disparo que tornam essa tarefa muito mais leves do que para armas de caça, permitindo assim que o atirador execute o tiro com um esforço tão leve que não ocorra a movimentação da arma antes do disparo. No caso da Impala, a regulagem de tensão de disparo pode chegar a aproximadamente 200g., mas ai, em determinadas circunstâncias de temperatura podem ocorrer disparos acidentais devido ao efeito de dilatação dos metais dos componentes e, até mesmo, da diminuição da resistência de tensão da mola que mantém o mecanismo preso. Quanto a essa mola, existe também um parafuso que regula a tensão desse elemento para que se possa equilibrar o sistema tanto para dias frios no inverno sulino quanto para dias quentes do verão do norte.
Nesta foto podemos ver o parafuso de tensão da mola do gatilho.

Através destes orifícios no guarda-mato se consegue ter acesso aos parafusos de tensão da mola e de tensão de disparo, o primeiro garante um peso constante da pressão por todo o curso e o segundo, é o que regula quanto de esforço se fará para o disparo propriamente dito. O ideal é a mola com uma tensão mais fraca do que a tensão de disparo para se ter o sentido do ponto exato do desengate do disparador no momento do disparo.

É uma pratica muito bem aceita que o atirador, com a arma desmuniciada, proceda a regulagem da tensão do disparo sempre que chegar ao stand para a sua seção de pratica pois a variação climática pode, realmente causar disparos acidentais e isso já aconteceu comigo por mais de uma vez e, graças a um atenção muito grande e algumas outras praticas que possuo antes de efetuar o municiamento da arma, nunca com consequências, mas sempre com algum susto e espanto de pessoas menos acostumadas com tais características.
A CBC garante um funcionamento perfeito do gatilho com a regulagem de disparo em um peso próximo de 600 g.
Os dois parafusos de regulagem do gatilho, tanto o de tensão de disparo quanto o de tensão da mola podem ser vistos por baixo do guarda mato e à frente do gatilho propriamente dito e a empresa dá uma sugestão de regulagem, para quem quer um gatilho hiper sensível, de desmuniciar a arma, armar o ferrolho e, com o cano voltado para um anteparo que não cause ricochetes, apertar o parafuso de tensão de disparo até que ocorra o disparo do percutor e, depois, retrocedê-lo cerca de ¼ a ½ volta para que se consiga ter uma referência prática da sua posição em relação a disparos acidentais. Quando for executar essa tarefa, é sempre bom colocar uma cápsula já deflagrada na câmara para que a extremidade do percutor não golpeie a lateral do cano, podendo causar o desgaste prematuro ou mesmo a quebra do percutor.
Além dessas duas regulagens, o gatilho da Impala permite, ainda, a regulagem de distância ou posição e de ângulo. Para qualquer uma destas regulagens, basta soltar o parafuso existente na lateral do gatilho propriamente dito e posicioná-lo no local adequado apertando-o novamente depois.
 Gatilho da Impala visto pelos dois lados. Neste último, vemos o parafuso de regulagem de posição e ângulo.

Nota. Essa peça da arma é feita de alumínio e tem parcos 3 ou 4 filetes de rosca para aperto do parafuso, portanto, só dê a ele o aperto necessário para que não fuja da posição desejada, não fique forçando em demasia o parafuso para que não espane a rosca e se tenha que mandar fabricar outro gatilho pois não sei se a CBC ainda terá dessas peças para a reposição, afinal, é uma arma descontinuada a muitos anos.

O Cano.
Concebido desde o projeto inicial para tiros de alta performance, o rifle Impala tem, dentre as características que o diferem de um rifle comum, uma característica que mais influencia nesse fator, que é, sem dúvida, o cano da arma. Com uma câmara do tipo Match, que difere das câmaras para armas standard pelo fato desta últimas serem mais longas do que as do tipo match. Nas câmaras standard, o projétil entra livremente na câmara e existe um pequeno espaço entre o final do projétil e o início do raiamento do cano, que é alguns centésimos de milímetro mais fino do que a câmara. Nas câmaras tipo match, o projétil fica literalmente encravado nas raias, na prática, isso impede o bullet jump (o salto do projétil antes da entrada no raiamento), o que pode provocar pequenos defeitos de entrada, podendo diminuir a precisão da arma. Ai surge uma pergunta  _ Mas porque então todas as câmaras de armas de fogo não são do tipo match, pois ai se aumentaria a precisão de todas elas? _ A resposta é simples, quando o projétil entra nesse raiamento, em câmaras do tipo match, e ocorre a falha da deflagração do cartucho, o sistema de extração tem dificuldade para retirar o projétil da câmara e pode ocorrer dele ficar engastado nessa câmara, nada que não possa ser retirado com uma chave de fendas fina, mas essa atitude, se freqüente, pode vir a arranhar a câmara e danificá-la futuramente, sem contar que, se o indivíduo estiver caçando, até que ele consiga executar essa tarefa, o animal já foi embora a muito tempo ou, se for uma caçada de algum animal bravio, como é o caso de javalis (único animal permitido de ser abatido em território nacional), isso pode significar a morte do caçador, e, para o caso de armas semi-automáticas, uma falha como esta pode significar o emperramento momentâneo do mecanismo como um todo.


A foto de cima mostra um modelo de câmara tipo Match, a de baixo é uma câmara standart. As medidas dos projetos estão em milésimos de polegada, para saber as medidas em mm, multiplique por 25,4. Então, teremos um comprimento de 16,33 mm para a câmara tipo Match e 20,77 mm para a câmara tipo Standart.

O cano das Impalas em modelo Match Máster 322 é mais grosso e pesado do que a sua congênere Máster 422, pois sendo uma arma de mesma construção que outra, quanto mais grosso é o seu cano, maior precisão ela terá. Isto se deve ao fato de que quanto mais grosso, menor será o efeito causado pelo calor gerado na explosão do projétil, ou mesmo o calor de determinados ambientes de competição, o que causa a dilatação do cano e conseqüente perda de precisão, então, quanto mais grosso, menos será sentido esse efeito. A outra coisa em que a grossura do cano interfere é no efeito da vibração do cano, pois quanto mais grosso, maior será a freqüência de vibração deste após o disparo e maior precisão se consegue. Vale lembrar que, uma maior frequência não quer dizer que o cano vibre mais, mas que as ondas de vibração são mais curtas e mais fáceis de dissipar, ao contrário das ondas mais longas que são muito mais danosas a qualquer equipamento. Para exemplificar, basta ver as ondas da água em um lago, quanto maior for a frequência das ondas ao atingirem a margem, menor e menos danosa elas são, já ondas de maior amplitude, costuma ter frequências menores e ser mais devastadoras, então, entenda como frequência, o nº de vezes que estas ondas atingem a margem em um determinado tempo que, em se tratando de vibração é exatamente dessa forma que é considerada. 
No caso do modelo Máster 422, o cano inicia-se da mesma grossura que no modelo Match Máster 322, mas sofre um afilamento que vai deste próximo à câmara até bem próximo da ponta quando, novamente, torna a engrossar, permanecendo assim até o seu final.
Ambos os canos possuem coroa inglesa que é uma forma de arremate da ponta do cano onde é feita uma entrada mais grossa que o diâmetro interno do cano e arrematado de forma plana para garantir que o final do raiamento não sofra nenhum tipo de interferência, o que fatalmente acabaria por prejudicar a precisão.
Notar a coroa do cano, que garante uma boa proteção à extremidade do cano contra choques que possam vir a danificar o raiamento.

Todos os canos dos rifles Impala são testados individualmente e recebem uma marca de aprovação gravada na lateral do cano e somente depois disso seguem para a linha de montagem.

A coronha.
Notadamente, a coronha é a parte da Impala que mais chama a atenção pois difere em muito das armas feitas para a caça normalmente. A madeira utilizada para a coronha é de lei e, pelo menos na que eu possuo, foi identificada como “açoita cavalo”, que é uma madeira leve e muito resistente a choques e variações climáticas e, desde que corretamente secadas, dificilmente empena sob variações de temperatura e umidade. Tal madeira é secada em estufas com temperatura e umidade controladas para dar o máximo desempenho a essa importante parte da arma.


O rifle mostrado nos dois lados onde se vê a harmonia do design da coronha que inspira a precisão mesmo antes de empunhar a arma.

As partes da coronha que mais chamam a atenção são a parte frontal ou fuste, porque este é mais grosso e largo do que nas armas tradicionais, pois assim é possível conseguir um melhor apoio para a mão dianteira na arma. O fuste começa, junto ao guarda-mato com a mesma altura que o próprio guarda-mato, mas vai afinando e também tornando-se mais estreito à medida que vai chegando à sua ponta. Na parte inferior do fuste, junto à cavidade de inserção do carregador (no caso do modelo Máster 422), existe um trilho de alumínio que possui medidas padronizadas internacionalmente em cujo qual se pode instalar uma série de acessórios como contrapeso, apoio móvel de mão (champignom), suporte para bandoleira, aliás, esse acessório já vem com o rifle em sua embalagem original de fábrica. Ainda tratando da parte frontal do rifle, em sua parte interna, por baixo do cano, existem duas cavidades feitas com fresa que servem para a adição de contrapesos frontais na coronha e balanceamento segundo a preferência do proprietário.
Este é o trilho de alumínio que se encontra sob o fuste da coronha.

O suporte de bandoleira que é fornecido com o conjunto. Na minha opinião é muito longo e faz com que, na posição firme de disparo, este alavanque muito o trilho causando até mesmo a soltura dos parafusos de fixção na coronha pois, lembremos que esta é de madeira e os parafusos são finos e curtos devido às cavidades interiores da coronha para a adição de contrapesos.

Nesta foto podemos ver nitidamente as cavidades para a inserção de contrapesos frontais no fuste da coronha à baixo do cano.

A parte frontal da coronha, junto ao cano existe um berço feito na madeira para a acomodação do cano, ocorre que, esse berço não toca no cano, mas existe uma pequena folga onde se pode, inclusive, passar uma folha de papel entre as partes pois assim permite a livre vibração do cano depois do disparo e, se a madeira sofrer algum tipo de alteração devido à umidade ou variações de clima, esta não trará interferência no resultado do disparo.
O punho ou “pistol grip“ ou simplesmente “grip” como é chamada a parte da coronha onde o atirador empunha a arma com a mão do gatilho, tem ângulo bastante acentuado e projeta-se para baixo em um ângulo próximo dos 90º sendo que a fábrica executou neste um trabalho de picotado na madeira que o deixa anti-derrapante para garantir uma maior firmeza à mão do gatilho. Existe uma cupilha de madeira dentro desse pistol grip para evitar a queba por impactos e que realmente aumente em muito a resistência dessa parte da coronha.
Pode se ver a cupilha de reforço do grip logo após a cavidade de encaixe da culatra, como uma mancha mais escura na coloração da madeira.


A parte de traz da coronha é, também mais larga do que as tradicionais armas de caça e possui uma almofada de tiro no seu lado esquerdo, o que torna essa arma uma arma para destros apenas pois, se formos atirar com ela e sendo canhoto, existe uma quina que machuca um pouco o rosto do atirador e o grip fica também muito alto, dificultando para quem quiser empunhá-la com a mão esquerda.

Note-se que a coronha tem um canto mais vivo do seu lado direito, no oposto à almofada, tambem tem um encaixe para mão algo menos confortável para canhotos. Eu não sei se a CBC produzia coronhas para canhotos ou se estes tinham que adaptar-se a esse estilo de tiro.

Ao final da coronha, existe uma soleira que tem uma base de plástico de alto impacto que é parafusada à parte de madeira da coronha que recebe um embuchamento para não ocorrer rachaduras indesejáveis. Esta base possui um rasgo oblongo central que serve de guia para um parafuso Philips de cabeça redonda que prenderá a soleira propriamente dita, que é feita de alumínio revestido de borracha que tem uma furação central e um trilho em sua base que é acoplado à base fixa na coronha de tal forma que, se você soltar esse parafuso, a soleira desliza em sua base em um trajeto longitudinal para cima e para baixo e, se soltar ainda mais o parafuso, permite à soleira ser presa em ângulos em relação ao eixo vertical da arma ficando esta na diagonal para qualquer sentido em qualquer ângulo, mas não é recomendado que seja usado mais do que 30º para um lado ou para outro por causa do risco de torção da base metálica dessa soleira.
Por dentro da parte traseira da coronha existe, também, uma cava para a inserção de contrapesos na parte traseira para balancear a arma de acordo com a preferência do usuário.


Vista frontal da soleira de borracha da Impala. Realmente muito confortável.

O curso superior da soleira.

Curso inferior da soleira.

Angulação da soleira.

Miras.
Os rifles Impala eram fornecidos anteriormente com sistemas de mira muito rudimentares, pois as miras traseiras destas armas eram as mesmas que eram fornecidas com as carabinas de pressão 345 Expresso da mesma CBC e, apesar de ter um sistema de alinhamento por parafusos de elevação e azimute, mas não possuíam um sistema de cliks para se regular a arma em posição de disparo. Posteriormente, acredito que, de tanto ouvir reclamações dos atiradores proprietários desses rifles, a CBC desenvolveu outro sistema de pontaria traseira com regulagens clicadas, mas que não era indexado (o nº de cliks com a distância de movimentação de ponto de impacto no alvo), como é feito nas lunetas de precisão. Essa mira traseira possuía regulagens de elevação e azimute, mas no azimute o ponto zero de impacto nunca coincidia com a marcação central da mira pois esta era feita com peças fundidas e que possuíam uma relevante distorção, mesmo assim, se desconsiderados esses inconvenientes, era capaz de arrazoar excelentes agrupamentos (para uma mira aberta) a distâncias de até 50 metros. Esta mira era presa ao cano da arma através de dois pequenos parafusos verticais.
A mira dianteira ou massa de mira como preferem, é composta por um túnel que é preso ao cano por aparafusamento de um par de mordentes em frisos em forma de rabo de andorinha correspondentes na ponta do cano. O túnel de mira possui um tampão roscado que aperta um insert que é inserido dentro desse túnel através de um rasgo superior e possui duas reentrâncias, uma de cada lado do rasgo onde se fixam duas abas existentes no insert para que este não mude de posição ou gire dentro do túnel.

Mira traseira e dianteira da Impala desmontadas.

Os rifles modelo Impala foram desenvolvidos especificamente para provas de competição e se enquadram nas provas de carabina standard de pequeno calibre com mira aberta a 25 m., por isso, é fornecido, também com o conjunto, uma massa de mira aberta para ser instalada na extremidade do cano em substituição ao túnel descrito anteriormente, porém, para quem queria utilizar a Impala para competições em maiores distâncias, isso também é possível utilizando se um conjunto de dioptro e pínulas de acrílico em substituição às alças e massas de mira respectivamente, porém, estes eram fornecidos separadamente como acessórios apenas. Para ser usado, tanto o dioptro quanto o túnel com pínulas necessitavam de espaçadores, haja vista que a altura do dioptro causava o bloqueio do ferrolho se instalado sem esses espaçadores e estes tornava o aparelho de pontaria muito alto, de tal forma que o rosto do atirador ficava mal apoiado na coronha, este empecilho poderia ser evitado com a instalação de almofada móvel na coronha que possuiriam reguladores de altura elevando o rosto do atirador para uma posição onde este ficasse mais firme e auxiliasse na firmeza da posição. Alguns atiradores customizam as coronhas de suas armas para possibilitar essa regulagem.

Nesta foto vemos os espaçadores e a mira dianteira aberta da impala.

O doptro, para quem não sabe, é um sistema de pontaria que consiste em um orifício de diâmetro calculado que serve como massa de mira e que facilita o enquadramento da massa que, por sua vez é uma peça de acrílico com um furo central que é enquadrado com o alvo de forma que o atirador, ao olhar por dentro do dioptro, situe o orifício da pínula em seu centro e, posteriormente, o alvo no centro da pínula de forma que pareça uma série de círculos situados um dentro do outro e isso, ao contrário do que possa parecer, é muito mais fácil de ser engajado do que as miras abertas convencionais em caso de competição pois em caso de caça, esse tipo de aparelho de pontaria acoberta demais os arredores do alvo.
O dioptro fornecido pela CBC não era de má qualidade, mas deixava muito a desejar em relação às opções de customização ou de adequação ao atirador pois só era fornecido com um único diâmetro de furo e, nem mesmo no manual da arma é informado sobre qual é esse diâmetro. Em armas de competição para provas internacionais, existe a possibilidade de troca dessa peça com a opção de diversos diâmetros, haja vista que atiradores de idades mais avançadas perdem a capacidade do olho de engajar alvos sob condições de luminosidade menos do que as ideais e, portanto, há a necessidade de substituição de orifícios para maiores diâmetros para maior captação de luminosidade pelo olho. O sistema de regulagem era bastante simplista não permitindo as regulagens mais finas que uma arma de precisão para provas internacionais exige de fato.
Quanto às pínulas, a CBC fornecia 4 tamanhos de pínulas em uma só cor, ou seja, nenhuma pois só existia a opção transparente. Em armas de categoria mais elevada são oferecidas pínulas em cores diferenciadas para serem usadas nas diversas condições de luminosidade que o dia da prova ou o ambiente oferecer pois em disa nublados é necessário utilizar uma pínula da cor sépia, que aumenta o contraste do alvo, em dias de muita luminosidade, usa-se cores suavemente fumê para reduzir o ofuscamento e em ambientes internos pode-se utilizar a cor ambar para evitar a refração das luzes artificiais e assim por diante.


Embalagem.
Todos os rifles Impala saem da loja embaladas em uma caixa de isopor injetado com as reentrâncias apropriadas para a acomodação precisa do rifle e alguns acessórios que são enviados de fábrica junto com o rifle, que são:
1-      Suporte para bandoleira;
2-      Chave de fendas 1/8"x3";
3-      Chave de fendas 3/16"x3";
4-   Espaçador traseiro;
5-   Espaçador dianteiro;
6-      Uma flanela personalizada;
7-      Uma etiqueta auto adesiva com a logomarca da CBC;
8-      Uma  capa  de  nilon envolvente com fechamento por zíperes;
9-    Caixa de isopor;
10-  Selo adesivo CBC;
11-  Selo linha Impala;
12-  Um manual em forma de livreto ilustrado detalhando os pontos diferenciais do rifle, o sistema de municiamento, manutenção primária e secundária, relação de peças e vista explodida do conjunto.



Acima uma impala em sua embalagem original e equipada com dióptro e bandoleira que são acessórios comprados separadamente.
Esta foto foi retirada de um sistema de venda de armas pela internet nos estados unidos chamado Gunlistings.org. e o proprietário possuia o conjunto completo.


Logo abaixo está o escaneamento de todas as páginas do manual do rifle Impala para quem deseja obter maiores informações sobre sistema de ferrolho, funcionamento do gatilho, detalhes de operação, manutenção e regulagens.

















































Sandro M. Domanski.