sábado, 18 de maio de 2019

AITOR COMMANDO - A precursora das facas de bushcraft modernas

Faca Aitor Commando.




Prefácio.
Embora essa faca tenha sido realmente criada no ano de 1985 sendo apresentada ao público na FIDEC, feira de material desportivo e de camping da Europa somente no ano seguinte, (fonte - Revista Magnum Ano II- N° 13), provavelmente pelo motivo da morte do seu criador e proprietário da AITOR, o Sr. Pedro Maria Izaguirre Acha, podemos dizer que a sua história começa realmente muito antes.
A lâmina da Commando tem um design quase que idêntico ao da Bucanero à exceção dos dentes de serra que, na Bucanero eram voltados para a frente e nos da Commando são voltados para trás e o comprimento, que é maior na Commando que na Bucanero, embora, se colocarmos as duas facas guarda com guarda, notaremos que as pontas de ambas ficarão alinhadas, mas a Bucanero tem um avanço na guarda como as facas da série Jungle king, o que não acontece com a Commando que o fio começa logo após o termino da guarda, com um pequeno avanço parcial na parte de baixo, então, quem estiver  mais desatento, poderá dizer que apenas o ricaço é mais recuado, mas se olhar mais atentamente, poderá notar que o pino elástico de fixação da lâmina ao cabo, na Commando também está localizado bem mais atras do que na Bucanero, logo, a lâmina da Commando tem que ser maior que o da sua predecessora para ter o devido comprimento após essa fixação, então, pode-se dizer que o formato é o mesmo mas a lâmina da Commando é realmente maior que a da Bucanero e, como o cabo da Commando também é algo maior que ao da bucanero, logo, toda a Commando é maior que a sua antecessora.
Tamanhos.
Embora eu não fique me atendo em demazia aos tamanhos das partes das facas, mas acho pertinente fazer um comparativo.
Lâmina: Comprimento do fio=168mm;
               Ricaço: 10mm
Cabo: 132mm
Total: 310mm


A Bucanero, a meu ver, foi prejudicado por não ter uma bainha cheia de acessórios, como as facas da série Jungle King, creio que esta foi pensada para ser simples e leve, e não possuir mais coisas que um soldado necessitaria em campo de batalha sem partes móveis que possam ser perdidas ou quebradas, de perfil esbelto para que um soldado possa rolar por cima sem se machucar ou atrapalhá-lo nessa atividade, enfim, uma faca de trincheira ou de combate. 
Uma das coisas que a maioria dos defensores de facas full tang critica em facas de cabo oco é que o formato tubular do cabo pode rodar quando se utiliza a mesma para golpear madeira e que esse formato não permite ao usuário saber de que lado o fio da faca estaria em caso de ter que pegá-la na escuridão da noite e meu ponto de vista sobre isso também já foi plenamente abordado na matéria sobre a Bucanero mas, o fato é que, creio eu, que baseado nessas críticas e, também, com objetivo de oferecer uma faca que tivesse mais atrativos em termos de sistemas que auxiliam os usuários a sair de situações extremas que a Dom Pedro M. Izaguirre decidiu projetar a faca Commando.

Como já mencionado, com a lâmina "quase" idêntica ao da Bucanero, mas um novo modelo de cabo e bainha, além de um sistema de disparo de sinalizadores padrão UMAREX de 9mm, realmente de grande utilidade para pessoas que estão em apuros em locais extremos ou isolados.

Esta é a caneta disparadora e os rojões sinalizadores distribuídos pela UMAREX e que serviram de base para o desenvolvimento do sistema de sinalização que foi desenhado para a Commando.

A comando em partes.
Lâmina: Sendo a mais importante parte de uma faca, a AITOR se aproveitou das excelentes qualidades da lâmina da Bucanero e reestruturou-a para se ajustar melhor ao novo modelo de cabo. 
Outra diferença nas duas lâminas e, como já foi mencionado, fica por conta da serra que, embora inicialmente seja absolutamente a mesma da Bucanero, contendo, inclusive, o mesmo nº de dentes, tem o seu sentido de corte voltado para a frente enquanto na Commando isso se inverte, pois seus dentes são voltados para trás, o que eu, particularmente, prefiro pois eu consigo mais força puxando do que empurrando a serra.
Uma curiosidade fica por conta exatamente deste fato pois na matéria escrita pelo jornalista Luiz Perez de Leon quando do lançamento da Jungle King I, este afirma que a direção da serra desta faca foi alterada para a posição em que se encontra hoje, ou seja, com os dentes voltados para a frende devido à faca prender-se na bainha, vez por outra, no momento do saque e, portanto, podendo prejudicar um usuário que fosse sacá-la com rapidez, mas o que eu noto ao utilizar a Commando é que esta nunca teve qualquer agarre na bainha por conta do sentido da serra. De qualquer forma, as serras das Commandos fabricadas hoje em dia (aliás, não somente das Commando, mas de todas as facas AITOR), tem um modelo neutro em relação ao ângulo de seus dentes pois as serras de almena, atualmente utilizadas são retas, como veremos mais à frente.
Como já explicado na matéria da Jungle King, as lâminas das facas AITOR anteriores ao período de 1990, tem a serra triangular e cruzado e as lâminas tem um desbaste progressivo em suas laterais para facilitar a entrada desta no caminho aberto pela serra pois, se a serra e a lâmina forem da mesma grossura, assim que a lâmina passar da altura da serra, esta prenderá no material serrado, notadamente se este for de madeira verde pois é uma característica da madeira inchar-se depois de serrada quando úmida, o que faz com que o caminho percorrido pela serra fique mais estreito a cada instante depois de aberto. No caso da Commando e Bucanero, por estas duas facas terem as lâminas mais estreitas que as Jungle King I, o grau desse desbaste fica mais acentuado, fazendo com que elas sejam mais eficientes no ato de serrar, o que não deve ser traduzido como totalmente eficiente pois, sempre que usarmos uma serra grossa para madeira, esta sempre apresentará um grau de dificuldade maior que com serras mais finas, portanto, você nunca terá a eficiência de corte que se tem com a serra de um canivete Victorinox, por exemplo, que tem menos de 2mm de grossura com uma faca que tem 5mm de grossura embora o comprimento destas serras seja o mesmo e o formato também.

O material e dureza das lâminas das Commando são exatamente os mesmos da Bucanero e todas as facas da série Jungle King da AITOR, ou seja, um aço inoxidável de alto teor de carbono e com uma liga de cromo, molibdênio e vanádio que dão altíssima capacidade de retenção de fio, mesmo com excelente tenacidade e resistência à ruptura. Quanto ao aço, utilizado pela AITOR, ha sempre uma controvérsia muito grande sobre qual a denominação correta do material pois embora se tenha fotos retiradas dos desenhos originais das facas Jungle King I quando esta ainda era só um protótipo e que dizia MOVA70, hoje diversos autores de reportagens que entrevistaram dirigentes atuais da AITOR/PIELCU ou AITOR/REHABE que afirmam categoricamente que esta utiliza e sempre utilizou o aço 420MOV. Devemos salientar que mesmo com modernos processos de têmpera, os quais envolvem banho em nitrogênio líquido e temperaturas muito à baixo de zero, que aumentam a rigidez de lâminas de aço, mas dificilmente o aço 420 consegue ultrapassar a casa dos 50ºRC, chegando ao máximo de 52/53ºRC, o que não ocorre com o 420MOV que tem propriedades melhoradas pois tem menos níquel em sua composição (que na verdade é uma espécie de anti-oxidante mas que tira dureza do aço) e tem um acréscimo de cromo (atua como anti-oxidante mas, também, de endurecedor), vanádio (que também é um endurecedor, mas que ainda aumenta a tenacidade, que é a capacidade do aço de flexionar sem quebrar), e, também de molibdênio (que aumente a dureza do aço mesmo se este estiver trabalhando a quente), fazendo com que o aço, depois de temperado possa ultrapassar a casa dos 60ºRC, o que não é muito aconselhável por causa do excesso de rigidez que pode causar a ruptura das lâminas em ambientes com inverno muito rigoroso, tais como Rússia, Alemanha e mesmo a Espanha, então, podendo rebaixar a dureza das lâminas através do revenimento para evitar essa característica negativa. A têmpera das lâminas AITOR ficam na casa dos 54/56ºRC, que se mostra mais do que suficiente para uma alta capacidade de manutenção de corte unida a uma certa facilidade na re-afiação e excelentes características de tenacidade, como vão poder observar pelas fotos ao final desta matéria.


Perfil da lâmina da Commando em perfeita harmonia com o cabo.

Empunhadura ou cabo: Essa parte das facas de sobrevivência hollow handle, contrariamente às críticas, no caso da Commando é extremamente anatômico e muito confortável. Feito em uma liga de alumínio e magnésio desenvolvido pela própria fábrica para o modelo Jungle King II, e que recebeu o nome de PERALUMAL. A liga não é algo assim de extrema leveza, mas a resistência não deixa nada a desejar às demais empunhaduras de aço inoxidável fabricadas pela empresa.
O design da lâmina em conjunto com o cabo deixa essa faca com um perfil esguio e ao mesmo tempo arrojado. Além dos finger groove’s, um formato de secção meio oblongo e um zigrin em ambos os lados dão a esta empunhadura uma excelente retenção nas mãos mesmo estas estando suadas ou com grossas luvas de frio ou de trabalho.
Neste ponto, vale interromper o texto para mencionar a diferença entre recartilhado e zigrin. Muitas pessoas, notadamente as que tem um maior conhecimento da área de mecânica, mais acostumadas aos processos de usinagem através de torno rotativo tentaram me corrigir quanto a este termo, erroneamente tratando-o como recartilhado então, vamos tratar da definição certa de cada termo. O recartilhado é comum às peças cilíndricas e é conseguido através de um equipamento chamado carretilha que, acoplado a um torno mecânico, cria um acabamento de riscas diagonais que se cruzam por todo o perímetro da peça para criar uma superfície mais áspera e anti-derrapante e esse trabalho aumenta o volume da peça naquela região pois, ao se premir a carretilha na peça, os dentes da carretilha vão afundando na peça e expulsando material para fora, o que vai acumular-se logo mais acima da superfície até que, tanto os vincos criados quanto o material expulsado casem com os vincos e saliências da carretilha, formando relevos em forma de losangos cujos canais vão formar linhas diagonais por toda a superfície recartilhada. Esse processo é realizado para criar atrito e é o mesmo usado na Bucanero e na Jungle King 1 (o recartilhado da Jungle King 2 já sai da coquilha da injetora dessa forma então é um zigrin). O recartilhado é encontrado em manoplas de ferramentas mecânicas, tubos, tampas de recipientes feitas no torno, etc. Já o zigrin, embora tenha a mesma função de criar uma superfície anti-derrapante, não é feito no torno e muito menos por amassamento, mas sim pela retirada do material através de atrito ou pela fundição do material já com esse aspecto ou, com respeito a peças feitas pelo processo da injeção em coquilhas metálicas (moldes ou formas, pra ficar mais claro para quem não é muito afeito ao processo). O zigrin é muito utilizado em empunhaduras de armas, cabos de facas injetados em borracha, plástico ou alumínio. No caso das armas de fogo, pode ser feito mecanicamente por processos de frezamento CNC (normalmente nas fábricas de armas), ou artesanalmente com ferramentas de desbaste chamada checkering tool.
O cabo da Commando tem uma extremidade posterior um tanto mais larga que a porção central com um levíssimo estreitamento mais junto à guarda, o que faz com que a faca fique muito bem fixada às mãos dos usuários mesmo que esta esteja cansada. É bom ressaltar que os finger groove’s são feitos em uma proporção tal que permitem uma pega segura e confortável mesmo que se esteja usando luvas grossas, haja vista que na Espanha, país de origem da AITOR, o frio pode chegar a extremos e, lembrando que esta faca foi projetada com fins militares, portanto, é natural o uso de luvas de serviço por profissionais dessa categoria. Além dos finger grooves, a AITOR projetou o cabo da COMMANDO com a parte posterior mais larga, o que facilita a retenção da faca na mão mesmo que esta esteja estressada ou inchada pelo uso excessivo (o que ocorre muito em matas tropicais como as da Amazônia, onde a alta umidade causa um aumento na perda de liquidos do corpo fazendo com que este tenha que inchar-se para ajudar a reter esses líquidos), e faz com que se tenha muita firmeza, mesmo se segurarmos a faca mais atras na empunhadura, com o dedo indicador encaixado no segundo finger groove e não no primeiro, para ganhar mais espaço entre a articulação do pulso e a lâmina e garantir um maior "açoite" ao cortarmos madeiras a golpes e esse cabo é construído de maneira tal que, mesmo com essa forma de empunhar, ainda sobre cabo suficiente para os quatro dedos pois o cabo é algo mais longo do que as empunhaduras de facas que se ajustam às mãos dos usuários. Junte-se a isso, ainda um passador para fiel na extremidade inferior do cabo que, conforme a maneira que se utilizar, garante uma faca presa à mão de forma completamente firme por mais cansado que se esteja.

O cabo da Commando mostrando o finger groove e um zigrin de dimensões e formato perfeitos.

Deve ser mencionado aqui que a Commando não foi a primeira faca de sobrevivência a utilizar um cabo anatômico, pois a Marto/Brewer – Explora Survival, faca projetada pelo venezuelano Charles Brewer Carias e fabricada pela Marto (que será abordade por mim nesse blog em momento oportuno), já havia se utilizado desse recurso, devendo deixar também bem claro que a anatômica empunhadura desta faca, unida a outros diversos fatores a tornam o projeto mais inovador do mercado para a época em que foi lançada e, em se tratando de conceito e técnica, não superada até os dias de hoje.
No interior do cabo da Commando encontramos o tradicional tubo plástico com os itens de auxílio à sobrevivência que são, como chama Don Rearick (blogueiro norte americano contemporâneo à mim e, também, apaixonado por facas de cabo oco), as guloseimas. No caso da Commando, o tubo plástico é menor do que o da série JK mas contém itens de extremo valor para quem está em apuros. Os materiais constantes nesse tubo plástico são:
01- Uma pinça;
02- Uma lâmina de bisturi;
03- Dois curativos adesivos;
04- Duas agulhas e um pequeno rolinho de linha dentro de uma pequenina cápsula estanque.
Que juntos compõe um pequeno kit de primeiros socorros
05- Dois pequenos alfinetes de prender fraldas;
Que junto com a agulha e linha também podem formar um pequeníssimo kit de costura.
06- Três anzóis já com pouco mais de meio metro de linha 0,25 atado a cada um deles;
07- Três Pequenas chumbadas;
08- Um pequeno rolo com cerca de 1,5m de linha 0,20;
Que pode ser considerado como o kit de pesca.
09- Um pequeno lápis para anotações ou mensagens;
10- Por último mas nunca de forma pejorativa, uma pequenina barra de pederneira para o ascendimento de fogo (agora sim pois na Bucanero isso era inexistente).
Segundo alguns escritores, o frasco que carrega as agulhas e a linha serve também como boia para a pesca, mas eu creio que, em primeiro lugar, a tampa deste frasco solta-se do mesmo com muita facilidade, o que pode causar tanto a perda dessa tampa quanto a inutilização do frasco por este encher-se de água e, ainda, esse pequeno frasco não tem nenhuma protuberância ou reentrância para que a linha não escorregue e venha a soltá-lo na água, fazendo com que se perca.

Tubo do interior do cabo da Commando com os acessórios descritos.

O frasco hermético pára a guarda dos itens de sobrevivência não é cilíndrico como nas demais facas do gênero da AITOR, mas sim tronco-cônico, o que faz com que este tenha uma saída mais livre do interior do cabo da faca. Existe no interior de todos os cabos de facas da AITOR uma mola helicoidal cônica que faz com que as cápsulas sejam "ejetadas" assim que se abre a tampa, mas de maneira tal que as mesmas não saltem para fora do cabo mas, simplesmente fiquem protuberantes de tal forma que o usuário não precise chacoalhar a faca com o cabo voltado para baixo, deixando essa atividade mais prática e, ao mesmo tempo, menos "patética", definindo em uma palavra.
Para reter esse pequeno frasco no interior do cabo, a Commando tem uma tampa em aço inoxidável não magnético da classe 304, que é o mesmo material usado na Bucanero e na JKI, que apresenta como uma peculiaridade bem aceita, o fato de não ficar protuberante e nem saliente ao cabo, o que é realmente uma inovação para facas de cabo oco, incluindo as que tem o cabo anatômico. Ainda, dentro da tampa a AITOR dotou suas facas da série Commando com uma pequena bússola de 18mm de diâmetro com as letras dos pontos cardeais gravadas com tinta fosforescente, o que permite, desde que “carregada”, que os usuários possam fazer a leitura dessa bússola mesmo à noite e sem iluminação.

Nesta imagem vemos o tubo do interior do cabo com todos os itens resguardados em seu interior e a bússola no interior do pomo



Obs.: Quando eu digo “carregar” a bússola, eu estou me referindo ao fato de a tinta que é usada para pintar os pontos cardeais da maioria das bússolas necessita de um certo tempo de exposição à luz para que possam refleti-la, mesmo na mais absoluta escuridão. Ocorre que, como as bússolas da maioria das facas de cabo oco fica voltada para dentro do cabo, essas acabam perdendo a radiação que armazenaram quando da exposição à uma fonte de luz e isso, dependendo da qualidade da tinta e até mesmo da grossura da camada de tinta que foi usada para fazer essa gravação, pode acontecer em um período muito curto de tempo ou mesmo, várias horas, esse não é o caso dessas bússolas pois esse sistema que tem maiores vantagens é, naturalmente mais caro (muito mais caro, diga-se de passagem), e, desta forma, não se aplicando a um equipamento que é feito para servir de beck-up pois é nessa condição que os acessórios de uma faca de sobrevivência atuarão, ou seja, quando tudo o mais está fora de alcance.
Ainda falando das bússolas da AITOR, esta empresa compra umas bússolas tipo botão com 18 mm para equipar as suas facas, todas essas bússolas são fabricadas por uma empresa japonesa que não coloca maiores identificações no equipamento e todas (eu posso repetir), absolutamente todas as bússolas das facas AITOR que não as fabricadas no início da fabricação das JKI e II (que não eram com líquido em seu interior e tinham um casquilho de latão), se danificam após algum tempo, então, se você é possuidor de uma faca de cabo oco da AITOR, encontre uma bússola botão que sirva no seu modelo pois, ou esta já deu problemas ou dará em breve. As primeiras bússolas da COMMANDO, diferentemente das JKI e JKII, não foram fabricadas com casquilho de latão pois isso só se deu no início da fabricação das mesmas lá pelos idos de 1984/5 e a COMMANDO só veio a surgir 5 anos depois, em embora estas bússolas iniciais da COMMANDO fossem fabricadas com elemento líquido em seu interior, o que serve tanto para estabilizar horizontalmente o disco graduado da bússola como para evitar que este fique girando com idas e vindas até apontar o norte magnético, tem a função adicional de lubrificar o eixo que sustenta o disco e dar uma certa sustentação a esse disco para que este não descarregue seu peso direto sobre a ponta da agulha, o que ocorre, porém, é que tanto o eixo se solta quanto pode aparecer bolhas de ar dentro da bússola em virtude de dilatações do material, principalmente em países tropicais como o Brasil. Após o fechamento e reabertura da AITOR sob o controle da PIELCU, as bússolas, não só das COMMANDO mas de toda a linha de facas de sobrevivência da AITOR passou a ser seca, mas de igual qualidade sofrível, além de não ter mais os pontos cardeais fosforescentes. Impossível orientar-se com um instrumento que, hora aponta o norte e hora para lugar algum. Pra uma ferramenta que destina-se a orientar um sobrevivente em busca de salvamento, acreditar em uma ferramente destas é morte certa pois pode fazê-lo, não só andar em círculos mas aleatoriamente em ambientes perigosos. Irresponsabilidade. Espero realmente que as coisas estejam sendo feitas de forma diferente agora com o controle da REHABE.  
A tampa do cabo da Commando é projetada para servir de martelo para quebrar castanhas, cravar estacas no solo ou coisas que o valham, mas já advirto que essa prática auxilia na destruição da bússola ainda mais rápido pois, sendo esse um instrumento de precisão, choques e golpes não são bem aceitos e essas bússolas são coladas às tampas dos cabos, o que impede que sejam retiradas no momento de usar as tampas como martelo.
A furação para o fiel é feita na extremidade traseira do cabo, mas é perfeitamente possível passar esse fiel pela furação do pino elástico pra quem gosta de ter esse cordão posicionado mais à frente.




A tampa ou pomo do cabo da COMMANDO nos passam a sensação de rigidez para a finalidade a que se destina. Na mesma foto vemos a furação para o fiel.

Bainha: É feita do mesmo material das demais facas de bainha sintética da AITOR, ou seja, poliamida reforçada com fibra de vidro e essa mistura tem se mostrado com resistência mais que suficiente para aguentar os mais duros campos de prova, haja vista a quantidade de pelotões e forças armadas que utilizam essa faca como equipamento regulamentar e nunca chegou ao meu conhecimento alguma destas bainhas que tenha se quebrado ou apresentado qualquer tipo de defeito.
Tanto o sistema de prender a faca ao cinturão quanto o de prender o cabo da faca à bainha é idêntico às demais facas da AITOR, ou seja, para prender o conjunto ao cinto não é necessário soltar o cinto, mas simplesmente abrir a trava de engate da bainha, passar uma das tiras por baixo do cinturão e depois fechar a outra tira e travar novamente. Para prender a faca à bainha, existe um sistema idêntico na braçadeira do cabo e esse sistema é, além de rápido e fácil é também absolutamente silencioso, características mais que desejáveis em situações de operações de comando. Embora eu reconheça as múltiplas utilidades desse sistema para prender a faca à bainha mas, eu o acho extremamente complicado para abotoar a braçadeira de cabo com esta colocada na posição lateral da cintura, pois é necessário puxar um dos lados, encaixar o outro por fora dele e, depois passar a trava, tudo isso com a faca longe da vista e com uma só mão. Este sistema, além de tudo o já explicado, é algo que não dá problemas com o tempo pois não se desgasta ou laceia, o que não se pode dizer de botões de pressão, por exemplo, que laceiam ou enferrujam, ou velcros que se desgastam muito rapidamente.


A bainha da comando com a faca em seu interior nos dão uma ide ia da compacidade do conjunto.

Na parte traseira da bainha podemos encontrar uma pedra de afiar colada em uma pequena reentrância, e isso permite a reparação do fio em situações extremas onde o usuário esteja isolado do seu ambiente natural e necessite fazer a manutenção do fio de corte devido ao uso prolongado. Essa pedra não é nada de muito especial, se for comparada às excelentes pedras de cerâmica ou às modernas pedras diamantadas, mas garantirá a operacionalidade da faca depois de um árduo trabalho na construção de abrigos, armadilhas ou na confecção de armas de caça e pesca.
Protegendo essa pedra de afiar e, evitando que entre em contato com a roupa do usuário, existe um cordel de poliamida com cerca de três milímetros de diâmetro que, segundo o fabricante da faca pode resistir até 75kg de peso. Não chega a ser um paracord mas, sem dúvida, pode ser de inestimável ajuda para a confecção de armas, abrigos, armadilhas e mesmo para se suspender uma caça para se proceder a esfola, algo que já foi feito na primeira matéria escrita quando do lançamento da faca Jungle King 1 quando o jornalista Luiz Perez de Leon testou esta faca para a referida matéria.
Na extremidade inferior da bainha encontraremos um outro pedaço de cordel de mesmo feitio e material do que se encontra enrolado a esta, mas que tem o propósito de, ao passar por volta da perna, evitar que a bainha fique chacoalhando ou possa, de alguma forma, virar e derrubar a faca caso a braçadeira de cabo não esteja completamente fechada. Na extremidade desse cordel encontra-se um sistema de ajuste e fechamento rápido que, realmente é o mais prático sistema que já pude ver para essa finalidade, trata-se de duas pequenas peças plásticas que só se desencaixam se forem torcidas a partir de um giro lateral, mas que realmente aguentam muita tração se forem puxadas em sentido longitudinal, ainda, a forma como o cordel é passado em dois orifícios existentes em cada uma destas peças faz com que o atrito entre as partes desse cordel mantenha-o sempre apertado e, se com a movimentação esta afrouxar, basta puxar a extremidade solta e este se aperta instantaneamente, mantendo a pressão desejada pelo usuário.


Prendedores de perna fechado e aberto.

Bom, apesar de todos estes detalhes, eu deixei de comentar o maior diferencial que a Commando possui em relação às demais facas de sobrevivência que é o disparador de sinalizadores luminosos. Com certeza isso não foi invenção da AITOR e, muito menos a adoção desse sistema em uma bainha de faca, pois a Marto, com a sua faca Explora Survival, já mencionada no início dessa postagem já havia feito isso na segunda metade dos anos 70, porém, a AITOR incorporou esse sistema quase que de forma idêntica à bainha da sua Commando, porém, instalando 8 cartuchos sinalizadores e não dois somente, como na sua inspiradora.
Inicialmente, o disparador de sinalizadores era um pequeno tubo que se acoplava à bainha através de rosqueamento, e foi assim que ela foi apresentada na FIDEC, mas acertadamente, a fábrica resolveu incorporar esse disparador à lateral da bainha de forma que não fosse mais desassociado dela, o que, sem dúvida garante que não se perca essa importante peça do equipamento. 

 
 Na primeira foto vemos o receptáculo de guarda dos cartuchos sinalizadores e na segunda, quatro deles fora desse compartimento.

Nesta sequência vemos o gatilho disparador e o encaixe para o cartucho sinalizador.

Por último podemos ver o cartucho acoplado ao disparador e o mecanismo de disparo na sua posição armada.


Eu sempre me perguntei se esses disparadores eram montados fora da bainha e colados a ela depois ou se partes dele eram já fundidas à essa bainha pois eu via em fotos que o percutor ficava hora para a direita e hora para a esquerda da mesma e mesmo depois que vim a ter mais de uma Commando em minha coleção pude notar que esse fato se confirmou, mas somente depois que comprei a minha última peça, uma Commando de terceira geração a qual estava com o cabo totalmente sem tinta devido à maresia do lugar onde vivia o seu antigo proprietário, e cuja mesma maresia acabou por dissolver totalmente a cola do disparador de sinalizadores que veio a soltar-se, então pude ver como este é fabricado internamente e montado na bainha e que este, se conseguir descolá-lo do seu receptáculo, pode usá-lo desassociado da bainha se quiser.



Àcima, uma foto retirada da caixa de pré lançamento da commando .

Esta foto é do manual de uso do disparador de sinalizadores já vem com a demonstração do uso desse acessório associado À bainha.


Os cartuchos sinalizadores são um padrão UMAREX, tem coloração variada e eu realmente suspeito que essas cores nada tem a ver com o facho luminoso que este emite quando disparado mas, de qualquer forma, são quatro as cores que acompanham a Commando, branco, verde, vermelho e amarelo e, segundo alguns escritores de material de sobrevivência, os sinalizadores que emitem luz branca são para serem utilizados em noites límpidas, os amarelos em noites nubladas, os verdes em dias claros e os vermelhos em dias nublados. Bom, essa foi a melhor possibilidade que eu encontrei até hoje para os usos dessas cores, mas a própria AITOR os vendia separadamente da faca como um blister de reposição e estes eram exatamente iguais aos originais, mas posteriormente, o fabricante destes sinalizadores os comercializou sem a coloração inicial do cartucho mas somente com a cor do tampão indicando qual a coloração do facho luminoso (se é que isso indica realmente a coloração do facho).

 
Aqui vemos o blister fornecido pela AITOR para a reposição dos sinalizadores em caso de uso, extravio ou deterioração. Estas fotos foram fornecidas pelo parceiro João Pedro Cequeira, residente em Portugal que possui alguns destes blisters ainda lacrados. Muita sorte. 

Aqui vemos os cartuchos fornecidos pela UMAREX para a reposição dos sinalizadores. Como se pode ver, tem os corpos incolores.

Segundo o fabricante, esses sinalizadores podem atingir alturas superiores a 200 metros.
Além de conter instruções de uso desse disparador impressas na caixa, a AITOR também colocava um panfleto que era, na realidade, um manual de utilização de toda a faca pois de um lado ele possuía o método seguro de uso do sinalizador e do outro tinha várias ilustrações das utilidades da faca.

Variações.
A AITOR iniciou a produção da Commando usando a designação Mauser design na sua lâmina e bainha, mas o projeto, na realidade é obra de Dom Pedro Maria Izaguirre Acha, diretor e fundador da AITOR. Esta estratégia visava conseguir a adoção da Commando pelo poderoso exército alemão que estava em vias de substituir a faca de porte dos seus soldados e estava a procura de um equipamento que se enquadrasse dentro das necessidades de suas tropas. Quando a AITOR se uniu à MAUSER para conseguir esse intento, não foi à toa, pois não é segredo pra ninguém que busca conhecimento no mundo das armas de fogo que esta empresa goza de muito prestígio dentro das forças armadas germânicas, em parte, ainda pela criação por Peter Paul Mauser do sistema de disparo e recarga mais copiado do mundo (e porque também não dizer melhor). O fato é que ambas as empresas tinham a intenção de utilizar a UMAREX, empresa distribuidora tanto das armas MAUSER quanto de outras, incluindo também algumas armas brancas, e que foi a responsável por conseguir a adoção pelo próprio exército alemão de um canivete suíço da AITOR com um desenho maior em comprimento que os modelos vendidos por esta empresa até então. A coisa toda não rendeu muitos frutos pois, tanto a MAUSER quanto a UMAREX não conseguiram a adoção da Commando pelo exército e os contratos entre estas empresas não passou de intenções. Dado o fracasso destas negociações pois, além de muito caro o projeto Commando agregava maior peso e volume ao equipamento dos soldados, o que não era bem o propósito do estado maior alemão que, por ironia, acabou por optar pela adoção da "Osso Negro" da mesma AITOR mesmo sem as manobras comerciais já mencionadas, faca esta que hoje é adotado por todos o exército da União Europeia, além de Portugal, Espanha e muitos outros países, inclusive da América Latina, mas isso também é assunto para outra parte desta matéria..
Eu costumo dividir as facas da AITOR por "gerações" e isso é uma peculiaridade minha pois não vi outros autores de texto utilizarem esse método de diferenciação entre modelos de um mesmo design mas com distinções de época de fabricação, o que eu tenho visto em fóruns internacionais, mais notadamente no fórum "ARMAS BLANCAS" (o qual sou membro e tem sido uma fonte inestimável de pesquisas), é que os espanhóis estão acostumados a chamar estas variações de "Hornadas" (fornadas, em português), então, com a Commando, foram 6 gerações (ou fornadas) distintas a começar pelo projeto original indo até os dias de hoje onde a detentora dos direitos de fabricação e possuidora de todo o parque fabril juntamente com os remanescentes funcionários é a REHABE. Mas, vamos começar pelo início.
Commando de primeira geração: Este primeiro modelo de Commando, que saiu da fábrica de Ermua com o logotipo da MAUSER possui duas variantes, uma com o disparador de sinais luminosos destacável e outro fixo (ou colado), talvez sendo fruto da observação de algum cliente ou mesmo pela equipe de design da própria fábrica que anteviram a possibilidade de perda desse acessório, além da natural maior firmeza que se pode proporcionar com esse disparador fixo à bainha, haja vista que ele funciona através da detonação de uma espoleta e é propelido usando algum tipo de propelente químico de razoável poder de propulsão. Eu costumo chamar ambas estas duas variantes como as Commando de primeira geração pois ambas ainda possuíam o logo da MAUSER, então, não houveram alterações de projeto ou designação alguma. Eu sei que as Commando eram vendidas com o disparador de sinalizadores destacável através da reportagem publicada na revista Magnum de autoria de Gherardt Weissberger, mas eu não faço a menor ideia de como estes disparadores eram fixados à bainha da Commando para serem então destacados no momento do disparo, talvez rosqueados. Na reportagem refere-se à este ser apenas encaixado.



Nas duas fotos acima podemos ver que o logotipo da faca é o mesmo mas nas caixas já mostra o primeiro modelo com disparador de sinalizadores destacável enquanto que na segunda o disparador é fixo.

Um outro fato a ser notado é que, nos modelos de facas Commando com o logo da Mauser, a tradicional marca de aferição de dureza das lâminas AITOR não tem a serigrafia em forma de um anel com as inscrições HRC control mas as marcas do punção diamantado existem e em dois pontos da lâmina. O logo da AITOR está serigrafado do lado oposto da lâmina em um tamanho bem pequeno apenas atravessado na base desta.

Commando de segunda geração: Logo após a falha do programa de marketing que fez com que a AITOR imprimisse o logo da MAUSER em suas facas, esta decide mudar a serigrafia colocando, além do logo da própria empresa, ainda, o nome COMMANDO em uma tipografia diferenciada, haja vista que tanto os modelos Jungle King (I, II, ou III) e o descontinuado Bucanero tem um mesmo padrão tipográfico ou uma mesma fonte como estamos mais acostumados a reconhecer os modelos das letras que compõem um logotipo.
Com essa mudança de serigrafia, surgiu o modelo que eu chamo de segunda geração, que não tem realmente nenhuma alteração de design ou de aplicabilidade mas somente estético e, como poderemos notar pela foto baixo, a bainha ainda continua sendo fabricada com o logo da Mauser e isso permaneceu por muito tempo após a troca do logo na faca e isso se deve ao fato de que estas bainhas são fabricadas por injeção, onde o material é aquecido até fluidificar e é injetado dentro de coquilhas de aço inoxidável que tem um sistema de resfriamento interno que, depois de um tempo estimado para este resfriamento se abre e ejeta esta parte pronta. Esses moldes (ou coquilhas que o nome técnico destas peças) são algo meio caro para se trocar pois são feitos em fresas CNC de altíssima precisão.


Nesta foto vemos o modelo de segunda geração com a serigrafia agora colocando o nome do modelo ao lado do logo da AITOR e o tradicional anel serigrafado em volta do ponteio do durômetro para aferir a efetividade da têmpera.

Commando de terceira geração: Com os problemas causados pelas alfândegas de países do mundo todo e da legislação de algumas outras nações, a Aitor não podia exportar seus modelos com os referidos sinalizadores pois entravam na classificação de produtos pirotécnicos e necessitavam de uma documentação especial para o desarrolo alfandegário, o que ficava muito caro e, principalmente depois do 11 de setembro, muito mais difícil de ser conseguido, então, além da Aitor exportar as suas facas ainda com a logo da Mauser na bainha, passou também a comercializar as Commandos com uma bainha idêntica à da Bucanero, porém, preta (as bainhas dos modelos Bucanero, tanto na versão em aço jateado quanto na versão em cromo negro são na coloração verde).
Apesar de, ainda não sofrer alterações nem no design nem na funcionalidade, mas como teve seu peso e tamanho algo diferenciado com essa troca, isso entra na categoria de terceira geração. Vale lembrar que as bainhas com os espaços vazios para a guarda de sinalizadores ainda continuaram a ser fornecidas e, até hoje o são, só que, agora, sem o disparador e sem os sinalizadores.

Um fato que torna estas bainhas não muito bem vistas pelos colecionadores de AITOR'S é que ela tem um clipe interno que segura a faca não deixando-a chacoalhar dentro da bainha mas que cria um polimento onde a lâmina atrita com este clip e, se o portador for destro e inserir a faca na bainha com o fio voltado para trás, vai causar um polimento sobre o logo da lâmina descaracterizando-o e dando a esta um aspecto de muito uso, desvalorizando o conjunto como faca de coleção se esta tiver sido guardada na bainha por muito tempo e não na caixa onde ela vinha separada e acomodada em um estojo de isopor. O outro fator é que a guarda da Commando tem um formato côncavo junto do ricaço e as Bucanero eram retas, portanto, estas bainhas não tem uma acomodação perfeita da faca nesta região e, somando ao fato de a lâmina da Commando ser mais estreita na base, esta fica mais livre pra "dançar" dentro da bainha ajudando ainda mais a causar danos à aparência da faca no clipe.


A foto acima mostra as Commando de terceira geração. Notem o acabamento danificado da lâmina devido ao clip interno. 
Nesta outra foto podemos ver a bainha da Commando de terceira geração ao lado da bainha da Bucanero onde se pode notar que é a mesma bainha, apenas em coloração diferente.

Commando de quarta geração: A partir de algum momento entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000 a Aitor entra começa a passar por dificuldades e resolve mudar alguns aspectos em seus produtos para baratear custos e a mudança mais significativa que faz nos seus produtos é a serra que, antes era em formato triangular e cruzado que era fabricada por um processo de usinagem por fresamento (esse tipo de serra era conhecido na Espanha por dentes de lobo), agora passou a ser fabricada por um processo de desbaste por rebolo que entra no dorso da lâmina em um ângulo tal que cria uma rampa côncava até a extremidade oposta onde faz uma leve reentrância e faz com que os dentes passem a ter uma base arredondada e espaçamento (ou passo, em linguagem mais técnica) tal que formam dentes cruzados.


Esse é o rebolo que é usado para a confecção das serras das facas AITOR.

Aqui vemos o mesmo rebolo montado em uma das máquinas de desbaste da serra.


Aqui uma lâmina com a primeira linha de desbaste.


Nesta outra foto vemos as diferenças básicas entre uma e outa serra. À esquerda o modelo novo chamado pelos colecionadores de serra tipo almena e, à direita, a serra no modelo antigo, chamada pelos colecionadores como serra de dentes de lobo. Na verdade, essa denominação foi dada pela Marto que utilizava uma serra parecida em seu modelo Explora Survival.

Também foi mudada a secção da lâmina que antes tinha um desbaste angular em quase toda a sua extensão que deixava o dorso mais largo do que a parte do início do fio para garantir que o corpo da faca pudesse entrar no canal deixado pela serra sem dificuldades. Com essa atitude, a serra perdeu eficiência.
Aqui eu vou  interromper um pouco o texto pra falar sobre uma experiência que fiz com uma Oso Negro que possuo com serra nesse modelo. 
A algum tempo atras, percebendo que a serra desta faca não serrava nada além da altura dos dentes, de posse de uma barra de aço no diâmetro 6,35mm, resolvi prender a minha faca em uma morsa, tomando o cuidado de antes forrar a morsa com uma tira de couro de cada lado e, colocando essa barra de aço dentro do sulco de um dente de serra, só que em um ângulo algo mais inclinado do que o do dente e dei algumas pancadas com um martelo sobre essa barra de aço até criar uma leve rebarba na extremidade do dente, algo quase imperceptível, mas o suficiente para abrir um canal na madeira serrada mais largo do que a grossura da lâmina da faca. Fiz isso em todos os dentes. Infelizmente um deles quebrou mas, mesmo assim, o trabalho da serra melhorou imensamente. Hoje eu teria muita pena de fazer isso em outras facas que possuem essa serra pois, pode ser que não seja apenas um dente a quebrar. Não poderia a própria AITOR fornecer as suas facas com algum tipo de travamento na serra para dar mais eficiência nessa importante parte das suas lâminas?

AITOR Commando de quarta geração.

Uma outra característica notável desse período é o fato que todas as facas da AITOR passaram agora a ser fabricadas em duas versões, a "polido mate" ou fosca com uma superfície não reflexiva conseguida por jateamento MEV e a outra "black", ou banhada ao cromo negro e nem as famosas Jungle King 1 foram mais confeccionadas em versões com cabo e bainha camufladas. Ainda, as facas desse período passaram a ser numeradas com a letra "A" vindo antes do número, então, se você possui uma faca AITOR numerada e com esta letra antes do número, já sabe a que período pertence, ainda é uma AITOR-AITOR ou puro sangue.

Commando de quinta geração (PIELCU): A década de 2010 não passou despercebida para os admiradores da legenda AITOR. Em 2012 a Aitor, quase em completo silêncio fecha suas portas deixando centenas ou milhares de admiradores, campistas, militares e aventureiros de um modo geral muito indignados pois é realmente difícil entender porque uma empresa que fabrica itens de cutelaria de tal qualidade e, com preços compatíveis pois as facas produzidas pela AITOR realmente não são baratas, consegue entrar em situação tão precária.
Me recordo que, ainda no fim da década de 90, quando tive uma conversa telefônica com o simpaticíssimo Sr. Francisco Solani, brasileiro radicado em São Paulo, então, representante da AITOR para a América latina e este me falou que a AITOR não estava cumprindo seus compromissos com seus representantes e que ele próprio havia pago por um lote de peças desta empresa e não havia recebido pela sua compra, o que o obrigou a entrar com uma ação judicial contra a AITOR, porém, não consegui nenhum outro contato posterior com o Sr. Francisco para saber o que ocorreu com a sua encomenda mas, tenho sérias dúvidas sobre se ele recebeu pela mercadoria paga.
Algum tempo depois (mais precisamente em 2002), a AITOR fecha as suas portas, encerrando as atividades e deixando de fabricar as algumas das peças de cutelaria mais desejadas da Europa (talvez do mundo todo).
Em 2007, a empresa PIELCU, anteriormente um curtume que distribuía couros de boa qualidade para empresas de cutelaria (incluindo a própria AITOR) assumiu o controle da lendária empresa de Ermua e retomou as suas atividades, porém, o que se tem lido e ouvido falar sobre esta empresa é que fez muito mal à legenda AITOR pois a qualidade dos produtos realmente caiu muito e, inclusive não cumpria a garantia estipulada pela própria empresa desde a sua fundação pois algumas facas no modelo Jungle King II apresentaram defeito sérios, como a quebra da lâmina e quando seus proprietários tentaram requerer seus direitos tentando conseguir a reparação pelos danos na peça, representantes da empresa disseram que a pessoa se esquivou pois essa garantia era da antiga AITOR e que isso é que fez a empresa falir, porém o que se ouve das antigas facas AITOR é exatamente o oposto, ou seja, que nunca apresentavam problemas e que mesmo quando haviam algumas falhas cometidas por abuso dos usuários, a AITOR ainda assim fazia a troca da parte danificada sem ônus ao proprietário pois a garantia era vitalícia. Mesmo depois da Pielco assumir a AITOR, ainda é possível ler na caixa das facas as inscrições onde falam da garantia vitalícia de suas peças que foi simplesmente ignorado pelos detentores da marca durante esse período.
Um outro fator que chama a atenção sobre este modelo é a troca da serigrafia pois agora todas as facas AITOR passam a ter as letras do seu nome vazadas e o logotipo da AITOR passa a ser impresso na base da lâmina, quase como um diminutivo do que hora já foi esta empresa. A numeração da peça também sofreu alterações e passou a receber o prefixo "B" antes do número.


Faca AITOR Commando de quinta geração.

Além da queda de qualidade das facas da AITOR logo após a PIELCU assumir e, muito embora nas primeiras unidades de facas fabricadas isso não foi sentido pois tanto a equipe de trabalhadores quanto os materiais ainda eram os mesmos usados pela antiga AITOR, mas aos poucos, tanto o controle de qualidade e acabamento foi decaindo quanto também se acredita que até o aço utilizado pela empresa foi trocado mas, isso senhores, são especulações que apareceram em debates de fãs e admiradores em fórums espanhóis e, segundo alguns deles, bem embasados, mas nada foi provado. 
Porém, de todo o processo de fabricação das facas Commando, o que, pra mim, mais marcou negativamente foi a mudança no perfil das facas pois com um baixo controle de qualidade e pouquíssimo investimento em pessoal, o design da lâmina foi mudando aos poucos e a sua ponta foi ficando mais alongada, o que acabou com o charmoso perfil afalcatado, que foi perdendo suas curvas e ficando mais reto a cada período ou lote de facas fabricadas mas, o mais importante é que o perfil foi sendo alinhado com a parte mais fina da lâmina, ou seja, a faca perdeu massa e poder de golpe alterando assim todo o propósito de D. Pedro M. Izaguirre. Paralelo a isso, ainda o grind do fio da Commando começa a uma determinada altura e termina em outra, ou seja, a angulação do fio é mais oblíqua no inicio que na ponta da lâmina e isso é um defeito grotesco que torna a afiação correta da faca quase que impossível.



Esta foto mostra as variações das facas Commando na sequência, facas de primeira, segunda, quarta e duas de quinta geração já do fim do período PIELCO.
Reparem na terceira faca o desenho de um floco de neve na base da lâmina..

Curiosidade:
Algumas facas Commando foram fabricadas para serem vendidas na Rússia e essas lâminas possuem o desenho de um floco de neve na base da lâmina, o que sugere (apenas especulação minha), que devam ter tratamento térmico diferenciado para esse pais, haja vista as baixíssimas temperaturas enfrentadas nas regiões mais ao norte desse pais, o que torna o aço muito mais quebradiço. Essa gravação aparece também na maioria das lâminas falsificadas na china, o que nos leva a crer que a faca que foi levada para a China para ser copiada foi comprada na Russia.

A sexta geração (REHABE): Bom. O fato é que, no bom português, “Quem não tem competência não se estabelece” e a Pielco acabou entregando o controle da AITOR para uma outra empresa, a REHABE que agora é a fabricante dos artigos de cutelaria da AITOR e, segundo seus próprios funcionários, está disposta a recolocar a AITOR no lugar de onde nunca deveria ter saído, o topo.
Na contra mão do que alegam, as facas de sexta geração já fabricadas e distribuídas pela REHABE passaram a ter tanto os nomes quanto todas as marcações da lâmina não mais serigrafadas mas agora são feitas por um pantógrafo CNC, que nada mais é do que uma máquina que, através de uma broca giratória, risca a superfície da lâmina de modo a fazer a marcação, ou seja, algo que só é enxergado diante de certos ângulos em certas condições de iluminação, senão, nem é possível ver. 
Esperemos que, pelo menos, a qualidade e têmpera do aço e as garantias voltem a ser baseadas na mesma ideologia dos irmãos Izaguirre ao fundarem a empresa, senão, mais uma decepção para os admiradores da legenda.

Esta Commando Black de sexta geração já com a marcação do modelo, fabricante e número feitas por broca giratória, notem que, mesmo em uma boa condição de iluminação, ainda é difícil discernir o nome do fabricante ao pé da lâmina. 

Algumas fotos de dentro da fábrica da AITOR-REHABE para degustação dos leitores.

Ferramentário com os perfis de facas fabricados pela AITOR/REHABE

 Lâminas cortadas e vazadas aguardando os trabalhos de acabamento. Percebam que o afalcatado voltou, mesmo que de forma mais suave, mas, ainda assim...


Lâminas recortadas e recebendo a regularização na espessura.

Sr. Jesus, funcionário da AITOR/REHABE desde os tempos aureos, fazendo o fio da lâmina de uma Comando.

Bainhas já prontas para serem juntadas às suas respectivas facas e embaladas.


Esta foto mostra como é preciso o ajuste do cabo de uma Commando à sua lâmina. Perfeição é a palavra. 
Obs.: Notem que a lâmina em destaque ainda não recebeu nem o polimento e nem o vazado do fio, está da forma que veio da estampa.

Utilização militar da Commando: A Commando já nasceu com a intenção de emprego militar pois, como já mencionado, a AITOR desejava que fosse esta faca adotada pelas topas regulamentares da Alemanha, o que não deu muito certo, mas é sabido que não só diversas unidades especiais tem utilizado essa faca como ferramentas quotidianas mas até mesmo alguns pelotões inteiros a empregam de forma regulamentar, como é o caso dos comandos do Afeganistão, comandos da Venezuela, O especialíssimo GSG9 da Alemanha, o exército regulamentar da indonésia além de muitas outras unidades que solicitam à AITOR que fabrique peças com seus brasões timbrados na lâmina e bainha.
Comando da Venezuela em porte de uma Commando.

Comando do Afeganistão com uma Commando na cinta e uma M9 no arreio do peito.

Comando com acabamento negro e o brasão da Indonésia, provavelmente aeronáutica. Note  a numeração de série na base da lâmina com prefixo "B", atestando que é uma faca produzida após o início do período PIELCU, embora as letras do modelo sendo feitas à broca mostrem que já é uma faca de sexta geração.

Ainda o brasão da Indonésia, porém, de outra unidade de suas forças armadas, provavelmente forças de terra.

As Commando especiais.
Assim como na série de facas Jungle King I, que teve várias variantes, às vezes pedidos especiais de alguns grupos de unidades militares ou às vezes fruto da solicitação de algum distribuidor em especial, como é o caso das Jungle King I e II que foram vendidas no Brasil com a inscrição Pedro Alava na lâmina, As JKI totalmente pretas (incluindo a bainha) ainda na fase em que eram fabricadas com serras tipo dente de lobo ou mesmo da JKII que foi fabricada sem guarda a pedido de alguma unidade militar ou revendedor para a Rússia, mas, voltemos à Commando que é o nosso foco.  As facas Commando, além de terem sido fabricadas com o brasão de algumas unidades como é o caso da Indonésia, como já vimos, teve uma edição limitada de 1000 facas cuja gravação do nome foi feita à ouro e com numeração de 0001/1000 a 1000/1000 e que recebeu o nome de Série Ouro” e foi vendida por representantes na Espanha e no resto da Europa.

Reprodução da Commando de série limitada.

Uma série limitadíssima de facas, provavelmente não mais do que 10 facas que foram enviadas ao alto comando da Indonésia quando da compra das facas para as suas unidades militares tiveram suas lâminas integralmente banhadas a ouro como podemos ver pela foto a seguir de uma remanescente que teve problemas e saiu com o banho mal feito e, portanto, não saiu das dependências da fábrica.

Nestas duas fotos vemos a comando banhada a ouro.

Um modelo de faca Commando sem a serra e com dorso afiado com uma serrilha parcial foi confeccionada pela fábrica. Ao que parece é a mesma lâmina da Desert King.


Commando com dorso afiado, seria o que podemos chamar de “Commando Combat” ou "Deset Commando".

A Commando no cinema.
Assim como as facas Jungle King I e II e Explora Survival, as Commando também figuraram em algumas películas. Eu me recordo que a primeira vez que reconheci a Commando na telinha foi em um desenho animado chamado Zílion que passava na Rede Globo na década de 90 no horário do almoço e, da primeira vez que vi cheguei a duvidar que fosse ela mas em uma reprise do mesmo episódio, acabei prestando mais atenção e as minhas suspeitas vieram a se confirmar, infelizmente não consegui encontrar o desenho na net para tentar tirar um print da imagem, mas, mais recentemente pude notar esta faca sendo utilizada em outra série televisiva de nome “Terre Nova”, também transmitida na telinha pela rede Globo a altas horas da noite e que não pude acompanhar, mas consegui os prints e, infelizmente pude perceber em uma vistoria mais detalhada que se tratam de réplicas chinesas. Que mancada dos produtores, creio que se tivessem entrado em contato com a fábrica teriam recebido os modelos de graça a titulo do marketing.



Acima, dois fotogramas da série “Terra Nova”, exibida na rede globo onde dois dos protagonistas portam facas AITOR Commando

A Commando em uso.
Bom. Sou realmente suspeito para falar sobre qualquer faca AITOR pois, além de colecionador sou um usuário de muito tempo de facas desta marca. O que ocorre é que, além da altíssima qualidade de fabricação unida à escolha mais que correta dos materiais e do preciso tratamento térmico de suas lâminas, ainda tem o design que, pra mim, é imbatível. Quando comprei a minha primeira Commando, não pude deixar de usá-la pois, mesmo sendo uma peça de colecionador, eu tinha que saber como ela se comportaria no campo e, de lá para cá, foram muitos os acampamentos em que ela me acompanhou. Apesar de eu gostar de lâminas maiores, mas o excelente peso do cabo da Commando, unido ao seu formato anatômico possibilita que a peguemos mais para o fim do cabo, deixando maior a sua porção frontal, o que garante, junto com o perfil afalcatado, um excelente macheteio. O cabo, se empunhado mais à frente, com o dedo após a guarda, transmite uma fantástica pega para a execução de tarefas rotineiras de cozinha no corte de carnes e garantindo a saladinha bem picada para as refeições, também, dá a firmeza necessária para a execução de feather sticks e, ou retiradas de finas lascas para a fogueira mas, o que mais me chamou a atenção foi a resistência e a inexistência de vibrações na hora do battoning que, embora eu não goste de fazer nas minhas facas, mas que, admitamos, um teste sem um battoning não é realmente um teste.
O material que faz parte do kit de sobrevivência eu realmente nunca utilizei pois sempre tive isso como a última das últimas alternativas e só pretendo desmanchar o verdadeiro ninho de gatos que eu coloquei lá dentro se realmente a minha vida estiver em risco pois eu customizei essa parte da faca adicionando mais material que, pretendo discorrer mais a fundo futuramente em uma outra matéria que já está em andamento sobre a customização do kits de sobrevivência para esta faca, notadamente as que não possuem sinalizadores.
A algum tempo atras encontrei um teste de tortura no fórum espanhol "ARMAS BLANCAS", que mostrava a Commando sofrendo alguns abusos que eu realmente não teria nunca a coragem de fazer algo similar a menos que a minha vida dependesse disso.



Começando de leve.

Começando a esquentar.

Mais quente.

Mais quente.

 Quente.

Bem quente.

 Ferveu.

 ...

...
 ...
 ...

 Esta foto foi retirada de um outro fórum mas...o que dizer...

Dá pra ver o tamanho das crianças que sobem sobre a lâmina!!!!!!

 ?????
 ?????
OHHHH !!!!!! Que dó. Parece que havia mesmo a vontade de quebrar a lâmina mas... Acho que falhou.

As cópias e derivações chinesas.
Eu sempre achei muito desagradável o fato de uma empresa passar meses, talvez anos pesquisando materiais, criando designs e fazendo modificações para que alguma outra empresa depois viesse a copiar tal produto e, executar com materiais de qualidade duvidosa ou péssima e acabamento igualmente ruim mas, o fato é que, assim como na série Jungle King, as Commando não ficaram de fora desse processo.
Em uma visita À "tierra de los hermanos", encontrei em uma loja, as réplicas das facas AITOR Osso Negro, Jungle King I, Jungle King II, Commando e das baionetas M9 do exército americano então, resolví trazer algumas destas cópias com intenções "puramente acadêmicas" para testes de campo.
A Jungle King I, como era de se esperar, não aguentou sequer o primeiro bambu de um feixe que eu pretendia cortar, pois a sua fixação por parafuso Allem realmente não foi feita com intenções verdadeiras de dar resistência a essa fixação mas, a grande surpresa veio com a Commando que, apesar da fina parede do pino elástico utilizado, até que resistiu valentemente à moita de bambu e deu conta do recado que a outra não conseguiu. Ao final da tarefa, pude notar que o pino elástico havia amassado e estava quase solto, o que foi completamente removido com o auxílio de um saca-pinos. Ao efetuar a retirada da lâmina pude notar que, ao contrário da Jungle King I chinesa, a lâmina da Commando de idêntica procedência era muito justa em seu correspondente orifício, o que me deixou muito animado para efetuar uma troca de pino. Feita a compra do pino de espessura adequada, porém antes de sua instalação, preparei um bocado de cola araldite, dessas epóx em duas partes e apliquei uma boa quantidade no interior do receptáculo da lâmina, inserindo-a cuidadosamente em seguida e re-instalando o pino mas, agora, trocando-o por um de boa qualidade.
Após esses trabalhos e com o aguardo do devido tempo de secagem e cura dos componentes da cola, fui novamente aos testes e a minha surpresa foi realmente muito grande ao notar que, não somente a fixação ficou excelente como, a resistência da lâmina aos testes de corte foi realmente muito boa.
Bem, apesar das considerações feitas no início deste tópico a respeito de direitos autorais e cópias, tenho que me render a certas evidências de efetividade e, principalmente de custos pois uma Commando original AITOR hoje não custa menos do que 5 a 6 vezes o preço de uma cópia chinesa (ou réplica se preferirem pra não ficar tão feio) e, cá pra nós, o que se pode fazer com uma faca cara, se faz com muito menos dor no coração com uma faca barata pois se quebrar, quebrou. agora, se você quer uma faca que seja um personagem nas suas aventuras e que vai confiar a sua vida nela, eu não compraria uma destas cópias mas nem que me dessem o dinheiro.
Vamos então aos modelos de facas derivadas da Commando.

Essa é a cópia que eu comprei. Já se nota pela pintura do cabo que é feito com um epox áspero, e pela serigrafia de baixa visualização alguns dos fatores de identificação destas cópias.

Essa é uma outra cópia de nome Tornado. Menos mal pois não tenta enganar o consumidor e assume que é réplica.


Essa é uma cópia com lâmina de 22cm de comprimento. Vejam que mesmo sendo instalada uma lâmina maior e o cabo não tendo os mesmos materiais que foram criados e testados para a faca original, há informações de que resistiram muito bem a testes bastante duros.

Achei bem curiosa, o cabo da Commando em uma lâmina bem ao estilo bushcraft mas meio exagerada. De qualquer forma, deve funcionar.

Essa eu confesso que curti bastante e até procurei para comprar mas, em vão. Uma Traker com cabo "hollow" é realmente interessante.

Obs.: Todas estas facas copiadas da China tem em comum um formato mais quadrado na secção do cabo e a tinta usada que, embora também seja curada ao forno, mas é rugosa e não lisa como a original, o que, por si só já deixa bem evidente que se trata de uma cópia. Além disso, os itens de auxílio à sobrevivência contidos no cabo beiram ao escárnio e, além da total falta de critério quanto aos componentes, também tem uma das piores qualidades que já tive oportunidade de ver para essa finalidade.
Para finalizar, deixo aqui algumas considerações.
Pra quem gosta de facas leves, mas que cortam como as peso pesado, e que tenham acessórios tanto nos cabos quanto nas bainhas, eu sujiro que deem uma boa examinada em uma Commando. Só faço apenas uma pequena advertência... O risco de se apaixonarem perdidamente pelo design e pela relação forma/função pois realmente nesse quesito, ela é muito boa, sem mencionar a robustez de todo o conjunto que é inegável.
Espero que tenham gostado da leitura e, se tiver alguma coisa que faltou na matéria e quiserem perguntar, estarei à disposição.