quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Como montar um kit de acampamento 3ª parte

Fogo.
O fogo, tanto para a purificação da água quanto para o condimento de alimentos ou proporcionar conforto e segurança ao sobrevivente é um fator essencial à manutenção da vida.
Fósforos: Eu sempre sofri em acampamentos usando fósforos, pois tem a queima muito rápida e, sob ventos fortes ou umidade são simplesmente o inferno, deixam mais irritados do que os métodos de fortuna para acendimento de fogo.
Depois, eu aprendi como impermeabilizar os fósforos com parafina derretida e a coisa começou a melhorar. Hoje está mais popular a utilização dos fósforos à prova de tormentas. Na minha juventude, lia artigos da revista Magnum onde mostrava-se os kits que vinham dentro dos cabos das facas como a Explora Survival e lá haviam, além de uma barra de pederneira (coisa que até então era desconhecida do grande público), três fósforos à prova de chuva ou ventos fortes, e isso me deixou maravilhado, gastei mesmo muitos dias de minha vida procurando esses maravilhosos equipamentos indispensáveis à qualquer campista que se prezasse, até mesmo passei a fabricá-los com o uso de pólvora preta misturada à parafina e isso deu muito certo em várias ocasiões. Bom, o tempo passou e hoje se encontra fósforos à prova de tormenta em sites chineses por meros R$4,00 (no Brasil, via Mercadolivre, já pulam para R$20,00), uma caixinha com 20 desses fósforos. Realmente fantásticos. Os melhores são os da marca UCO, mas os chineses não ficam muito atrás não.

Fósforos chineses à prova de tormenta, baratos e muito úteis.


Isqueiros: OS isqueiros, sejam eles os famosos Bic ou os mais caros a combustível líquido, como o Zipo ou, ainda os pequenos maçaricos usados para acender narguilé, todos eles são uma ótima ferramenta para se ter à mão em situação de sobrevivência. Muita gente coloca em seus kits de sobrevivência, pedras duras e strikers ou fusis, como eram chamados aqui no Brasil no início do século passado, juntamente com retalhos de tecido carbonizado para o acendimento de fogo, eu tenho uma opinião a respeito disso, pois, se você está montando um kit para acendimento de fogo em uma situação de emergência, logicamente que esse seu kit não pode falhar e, além do mais, ele deve proporcionar uma forma rápida de acendimento de fogo sem que eu tenha que ficar sofrendo para consegui-la, certo, bom, é válido saber utilizar esses equipamentos, mas pra horas em que tudo o mais falhar, senão, eu apanho um bic e pronto, mas colocar strikers pesado em um espaço reduzido para me servir como a salvação da lavoura, isso não mesmo.
São melhores que atritar madeira com madeira? sim, muitíssimas vezes, mas se eu posso escolher um equipamento para levar, logicamente que vou escolher o mais eficiente e barato método já lançado até hoje.
Podem falhar? Sim pode, e é ai que, depois de esgotadas as alternativas, eu entro no segundo elemento que carrego para essas necessidades.
Escolha os modelos transparentes, pois assim você saberá como está a carga dele e se está na hora de substituí-lo ou não.
Isqueiro Bic, sem dúvida o campeão de vendas.

 Kits de acendimento de fogo: são realmente de grande valia. Leve consigo, além de fósforos e isqueiros, algum método alternativo de acendimento de fogo como pederneiras ou magnésium fire starters para quando os métodos comuns falharem ou acabarem, mas deve se tornar proficiente em pelo menos dois métodos alternativos (ai entram os métodos como fricção em madeira e strikers e pedras), para que não venha a ficar na mão em ocasiões futuras. Como diziam meus tios maternos, nesses casos, quem tem dois tem um, quem tem um não tem nenhum.
 

Pederneira com barra de magnézio, sem dúvida que é uma ótima opção para acendimento de fogo em ambientes inóspitos. O magnézio acende até sobre a água.


Dica 1- Leve sempre consigo uma vela fina (velas de aniversário são ótimas, principalmente as que acendem sozinhas depois de apagadas), pois é mais fácil acender a vela com o fósforo e, com ela, acender a fogueira do que tentar acender a fogueira com o fósforo, além de servir para a iluminação.
Observação - Algumas pessoas costumam impregnar um cordel de algodão com vaselina e usar um pedaço de tubo feito com bambu ou algum metal para ser utilizado como vela de iluminação, mas isso faz um lambança geral sempre que você for usá-lo. Pode se conseguir praticamente o mesmo efeito se embeber o mesmo cordão em parafina aquecida até que fique em estado líquido. A parafina endurecerá tão logo esfrie, e isso se dá muito rapidamente, e quando for acesa queimará da mesma forma que uma vela, apenas mais rápida por causa da quantidade de parafina que é menor e o cordão que é mais grosso, mas a chama ilumina bem mais também, porém eu ainda prefiro a vela, pois com ela pode-se preparar um candeeiro usando uma lata de cerveja, um gomo de bambu e revestir com uma garrafa pet para o vento não interferir.
Algodão – Além do algodão utilizado no kit de primeiros socorros, leve um chumaço de algodão que caiba bem compactado dentro de um pote de filme fotográfico vazio é um grande auxiliar na hora de conseguir fazer fogo, pois incendeia com extrema facilidade e dá uma chama prolongada o suficiente para dar tempo de pegar fogo em arbustos, folhagens secas ou até alguns gravetos finos mais úmidos. Um absorvente feminino do tipo tampax é excelente para ser levado consigo no acampamento, pois nele existe muito algodão compactado que, depois de desfiado e quando tudo parece perdido, pode salvar o dia. Se tiver óleo (desde óleo comestível a óleo de mamona, passando também pelo óleo ou banha animal, como já foi falado), pode embeber uma ponta do algodão nele e este prolongará a chama por muito mais tempo.

Tampax. Excelente opção para levar algodão compactado.


Orientação.
Mapas e cartas de navegação - Podem ser inúteis se não souber como usá-las, procure sempre aprender com pessoas mais experientes, alguma forma de navegação alternativa (sem mapa ou bússola). Procure sempre saber o tamanho e o grau de dificuldade que o ambiente onde está entrando apresentará, caso não possa levar consigo, dê uma olhada em um mapa antes e saiba por onde entrará e qual a direção que deverá seguir em caso de perder-se. Quais os obstáculos que irá se deparar indo em direções opostas, pontos de referência como rios, edificações, picos de montes, etc. para localizar-se rapidamente assim que encontrar uma destas referências. Em algumas situações como guerras, por exemplo, soldados em missões não podem levar mapas para não denunciarem a sua estratégia mesmo depois de mortos, então, devem memorizar o máximo de pontos de referência que conseguirem para saber onde estão e para onde devem seguir, muito dificilmente um civil passaria por isso, mas se não tiver acesso a mapas, uma breve olhada no Google Eart pode dar muitas informações que poderão ajudá-lo a saber para que lado deve se deslocar em caso de emergência.
Aprenda a ler escalas e interpretar os sinais e linhas que existem nos mapas topográficos para saber reconhecer montes e depressões, rios e vias (rodoviárias ou férreas), campos ou áreas agricultáveis de florestas, enfim, se ficar proficiente nisso, poderá, inclusive, conseguir avaliar se determinada área próxima pode lhe oferecer alimento ou abrigo com maior facilidade que outra.

Mapa cartográfico com as referências de alturas, vias terrestres e férreas e mais alguns pontos para a localização visual.

Bussola – Uma bússola pequena e leve, do tipo Silva ou mesmo estas bússolas-botão serão melhor que nenhuma. Antes de colocá-la em seu kit, confira a sua precisão comparando-a a uma maior e mais precisa. Tenha sempre em mente que quanto menor a bússola, também menor será a precisão que esta lhe fornecerá, mas o ajudará sem sombra de dúvida a não andar em círculos pela mata. Bússolas de marcas mais famosas são mais caras e nem sempre serão muito melhores que bússolas mais baratas, pois às vezes a maioria dos recursos existentes nesses equipamentos só serão usados em operações militares ou competições de alto nível, contudo, se tiver uma dessas bússolas à disposição, aprenda como utilizar os recursos extra para lançar mão deles quando estiver em situação de risco.
Bússolas do tipo Silva: Tem o corpo em acrílico para poder trazer referências e escalas, algumas possuem clinômetros que servem para medir a inclinação de um monte ou a altura de um obstáculo e, assim poder referenciar a sua posição.

Bússola Brunton, considerada uma das melhores no estilo Silva e a escolha da maioria dos navegadores das corridas de aventura e off road.


Bússolas militares: Tem uma série de recursos a menos pois a maioria das vezes elas serão usadas apenas para determinar o rumo que o utente deve seguir e, em vez de corpo em plástico, possuem corpo em alumínio para proteger de choques pois militares não podem ficar tendo muita delicadeza com seus materiais haja vista a natureza das suas atividades. Normalmente, os utentes terão em seus equipamentos, escalas apropriadas à leitura de seus mapas.
Bussola militar alemã, com visor com marcação de desvio padrão e clinómetro para a medição de ângulos de montanhas e calcular o tamanho de obstáculos.


GPS: Não sou capacitado a operar, portanto, opinar sobre um GPS, mas posso dar um conselho que vem com a experiência em outros equipamentos eletrônicos. Você pode ter um GPS e confiar nele para traçar suas rotas e isso não é um defeito, pelo contrário, é um excelente equipamento (e eu até pretendo adquirir um para sanar essa deficiência que tenho de conhecimento nessa área), mas defeito é confiar somente nele. Quando for fazer caminhadas em locais fechados, carregue consigo uma bússola de boa qualidade e uma caderneta com caneta e transcreva as anotações do GPS para a caderneta, tais como ângulo de ré e vante, distância entre pontos de mudança de direção, pontos de referência, etc. ou, melhor ainda, faça a aferição frequente com a bússola das medidas e ângulos que está obtendo com o GPS, pois dentro de matas muito fechadas esses equipamentos costumam ter problemas para se conectar aos satélites, perder a carga das baterias ou mesmo sofrer panes momentâneas. Ainda não inventaram um equipamento mais confiável do que a bússola para orientação em matas fechadas e mesmo assim, ainda com restrições, pois jazidas minerais podem fazê-la proporcionar leituras erradas e você deve saber usá-la adequadamente para estar preparado para qualquer situação.
GPS Garmin, sem dúvida nenhuma, a escolha preferencial para navegadores de corridas de aventura e jipeiros que praticam provas off road

Dica 2: Não confie somente na memória, pois esta pode pregar peças bem interessantes. Me lembro de certa vez que fui com minha esposa e filha andar por uma trilha em um parque na minha terra natal e um conhecido meu que era guia nesse parque e dizia que conhecia todas as trilhas da região me acompanhou e eu, mesmo confiando nele e tendo um ótimo senso de direção, fui observando pontos de referência pelo caminho, em um dado momento, de tanto fazer voltas, passamos por um toco que eu jurava que já tinha visto, depois, pensei comigo, se encontrarmos um cipoal, estaremos voltando pela mesma estrada que viemos. Dito e feito. Quando o questionei, ainda disse que não, que eu estava errado, até que minha filha, então com cerca de 6 anos disse que havia chutado um montinho de terra próximo ao dito toco e ficou a marca do calçado dela, então, quando fomos verificar as imediações, encontramos a marca. Bom, o parque era pequeno e a mata não oferecia riscos, mas se fosse em uma região maior, já era hora de começar a rezar pois não informamos ninguém da coordenação do parque o rumo que tomaríamos ou a que horas voltaríamos. Hoje eu sou mais consciente do que se deve fazer.

Abrigos.
Material para abrigo normalmente ocupa muito espaço e é natural que não coloquemos em nossos kits uma barraca ou tenda, mas é possível levar um mínimo para nos colocar fora do alcance de criaturas noturnas que caminham sobre o chão.
Rede - Uma rede destas de material de para-queda é leve e compacta o suficiente para ser carregada dentro de uma bolsa a tira colo, mesmo se o caso é levar o básico do básico, pois quase não ocupam espaço e podem ser a salvação da lavoura em uma emergência onde terá que pernoitar. Agora se puder dispor de uma mochila um pouco maior, faça algo mais, enrole uma destas redes dentro de outra, pois uma lhe servirá de cobertura enquanto a outra será a sua cama. Adicionalmente as cordas de uma delas, se retiradas, servirão de amarras para o seu teto improvisado.

Rede de selva utilizado pelo exército brasileiro. Abrigo completo com cama, mosquiteiro e telhado em um só equipamento, pena que é muito caro e muito volumosa.


Tecido de nylon – Compre tecido de nylon fino e impermeável ou impermeabilize-o com spray de impermeabilização em um dos lados. Estes tecidos costumam ser fornecidos em faixas de 1,5 m, compre dois pedaços de 3x1,5 m e mande costurar no sentido longitudinal fazendo um pano de 3x3 m. Quando pedir para a pessoa que vai costurar, peça para que sobreponha as duas laterais a serem costuradas e, depois de costurada, dobre e costure novamente e, após isso, dobre de novo e costure novamente, para garantir que não se abra na costura quando for esticá-lo sobre a rede. Existe um tipo de nylon muito fino, mais ou menos como o de tecido de guarda-chuva (acho que o nome é Failete), que se compra em lojas de tecido e que se empregado para essa finalidade fica muito pequeno depois de enrolado e é muito resistente.

Rolo de tecido de nylon camuflado resinado. Opção barata para cobertura de abrigo.


Cordames - Leve um rolo de paracord com uns 30 m aproximadamente para o caso de não levar as redes, pois poderá lhe servir de amarras para um abrigo e para muito mais coisas, caso a situação seja mais grave que um pernoite, pois desfiados, esses maravilhosos cordames podem lhe render mais 7 finos cordéis para outras amarrações ou para a pesca. Caso não possa contar com esse valioso material, leve algum outro tipo de cordinhas de nylon de boa resistência que serão igualmente úteis.

Diversas padronagens de paracord.


Filme plástico – Se não encontrar o nylon, pode-se levar um filme plástico com aproximadamente 3x3 m para improvisar uma cobertura. Esse plástico deve ser o mais fino e resistente possível. Pode substituir o tecido de nylon, mas verifique a sua resistência em comparação ao nylon antes. Esse filme plástico, se colocado em volta do cobertor, seja ele qual for, terá a função de barrar a entrada de vento e impedindo a fuga de calor corporal, potencializando o poder do cobertor em muitas vezes, porém, eles também impedem a saída de vapor exalado pelo corpo e isso pode ser grave em determinadas circunstâncias, pois a umidade condensada irá molhar a roupa e a coberta e pode causar hipotermia, o ideal é fazer uma cobertura baixa para que o calor possa ser mantido, mas o ar possa circular, arrastando a condensação.

Lona plástica fina, que ocupa pouco espaçio e é relativamente leve.


Cobertor aluminizado – Esses fantásticos materiais tem uma característica muito peculiar de manter a temperatura alta se enrolados ao corpo ou baixa se estendido sobre o usuário. Tem um tamanho bel razoável e pode ser utilizado como um teto improvisado, sem falar que são minúsculos depois de corretamente dobrados. Para fazer um teto com um destes, passe uma vara ou uma corda de forma longitudinal sobre a sua rede e estenda o cobertor aluminizado, em cada ponta, coloque uma pequena pedrinha por baixo do cobertor e dobre o cobertor sobre ela, Faça um laço na corda e passe em volta da pedra e do cobertor, de forma que o laço enforque o cobertor em volta da pedra, amarre a outra ponta a estacas para mantê-lo esticado. São tão pequenos e úteis que, sinceramente, só vejo uma razão para não colocar um em seu kit... se não tiver um à disposição.

Cobertor aluminizado em uso.


Barracas de emergência – São basicamente um tubo feito de um filme plástico aluminizado que pode ser armado simplesmente passando uma corda por entre ele e estirando-a para que fique parecendo uma barraca canadense. São um pouco maiores do que os cobertores aluminizados, mas podem salvá-lo de grandes embaraços se apanhar uma tempestade no campo.

Barraca de emergência aluminizada.

1os Socorros.
Como estes kits tem a função básica de prevenir uma situação ruim, nada mais justo que a prevenção contra problemas de saúde ao qual qualquer um estará sujeito. Sofrer um acidente em um ambiente inóspito, seja por ferroadas de insetos, escoriações e arranhões ou mesmo por alguma doença oportunista que nos pega de surpresa tornando a situação, que já está ruim, em uma ainda pior. Para tanto, é bom estar prevenido.

Antissépticos – Como já mencionei no item sobre a purificação da água, levando um pequeno frasco com iodo, esse item já suprirá a necessidade de anti-sépticos, otimizando bastante o espaço. Se optar por outro método de purificação, leve mercúrio ou mertiolate que não ardem como o iodo.

Algodão – Como também já colocamos esse item no tópico pertinente ao fogo, já estamos supridos dessa necessidade, mas se quiser e tiver espaço suficiente na sua bagagem, leve várias bolotas de algodão dentro de algum recipiente para que estas permaneçam estéreis. Uma outra coisa que pode levar são essas bolachas de algodão que as mulheres utilizam para fazer a limpeza facial antes de dormir. 
Manteiga de cacau: Esse ítem não serve somente para ambientes frios, mas também para regiões muito secas pois não devemos esquecer que No Brasil temos regiões que podem chegar abaixo dos 15% de umidade e a manteiga de cacau pode ajudar a não deixar os lábios racharem pela secura. A propósito, batom feminino e manteiga de cacau também pode ser usado como retardante de chamas se usado para impregnar o algodão e, ainda, para dar polimento a fundo de latas de refrigerante para fabricar um espelho côncavo para se conseguir fogo.

Manteiga de cacau, ótima opção para evitar rachaduras nos lábios pelo frio ou calor intenso.


Band-aid’s – Leve pelo menos 5 a 10 band-aid’s para cobrir pequenos cortes e arranhões para evitar atrito e possíveis infecções. São muito úteis também em caso de bolhas nos pés pois acolchoam o local e retiram o atrito do contato com a pele.
Dica 03 – Se caso venha a ferir-se com maior gravidade tendo sofrido algum traumatismo, os band-aid’s podem servir como ponto seco se forem colados em ambas as laterais do ferimento de forma a tracionar ambas as partes para que se fechem e, ainda, protegendo o ferimento contra a entrada de sujidades.

Esparadrápo – Eu costumo levar pelo menos dois metros de esparadrapo retirando-os do rolo original e enrolando-o em volta de si mesmo ou em torno de um tubo interno de caneta bic cortado, Leve também mais alguns metros em volta de um isqueiro bic ou de outros equipamentos que julgar que pode, pois dessa forma irá “diluir” esse material entre os outros equipamentos fazendo isso não ocupar espaço e estar sempre à mão. Pode-se levar fita crepe em vez de esparadrapos, mas está tem poder adesivo menor. O esparadrapo serve para cobrir alguma esfoladura em conjunto com o algodão e retirar do alcance de moscas e insetos. Para o caso de cortes mais profundos faça pontos secos recortando os esparadrapos em forma de borboleta e colando-os de forma a unir ambas as partes do corte deixando a parte mais fina em contato com o corte, isso evitará que precise costurá-lo.

Esparadrapo tipo micropoore, material fino, respirável e altamente aderente, ocupa pouco espaço e tem grande serventia em situações de socorro.

Ataduras – Para envolver ferimentos ou ajudar a manter talas para o caso de membros quebrados que devem ser imobilizados. As ataduras são elementos de grande ajuda também na confecção de tipoias para evitar que membros feridos tenham que ficar suspensos ou que se tenha que forçá-los.

Ataduras ou faixas como são mais popularmente chamadas.


Gaze. Para encobrir ferimentos que sangram e evitar a contaminação, as gazes ão pequenas peças de tecido de trama bem larga e esterilizadas, muito utilizadas em todos os locais do mundo para ajudar a estancar sangramentos ou impedir que fiquem expostos. Prenda-as com esparadrapos em toda a extensão das laterais e deixe o centro sem cobrir para arejar o ferimento e auxiliar na cicatrização. Não coloque as gases diretamente no ferimento se este for superficial e não estiver sangrando pois senão grudarão na pele e poderá causar mais lesão na hora de trocá-las. Troque-as a cada 24 hs no máximo.

Pacote com gaze já cortada e dobrada no tamanho padrão.

Pensos – São pedaços de tecido de algodão esterilizados e dobrados em forma triangular que servem para cobrir ferimentos e estancar hemorragias. Podem servir para cobrir um olho ferido, cortes profundos ou simplesmente manter escoriações longe de agentes nocivos. Como função secundária pode ser empregados para acender fogo se embebido em óleo, parafina, vaselina ou gordura, mantendo a chama ardendo por mais tempo. Em caso de queimaduras também podem ser embebidos em vaselina para cobrir a parte afetada protegendo-a do contato com agentes infectantes.

Pensos triangulares e sua forma mais comum de utilização.

Anti-termicos – É comum em meio a uma situação adversa, suarmos excessivamente e, assim, umedecermos as roupas e ao cair da noite essas roupas úmidas tendem a nos fazer sentir muito frio e essa mudança brusca de temperatura afeta o organismo, causando-nos febre e, por vezes, hipotermia grave. Um comprimido de ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina ou Doril), dipirona sódica ou paracetamol é o suficiente para combater este efeito satisfatoriamente. Uma cartela destes comprimidos citados acima é o suficiente. Não tome AAS ou Doril se estiver com feridas não cicatrizadas ou problemas de hemorragia nasal ou em outro órgão, o acido acetilsalicílico pode transformar isso em hemorragia grave, pois acelera o coração e possui efeito anticoagulante, além de diminuir a ação dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-o mais fluido. O mesmo conselho serve para picadas de cobra, pois transportará o veneno com maior velocidade pelo corpo.

Envelopes de anti-térmicos.


Anti-inflamatórios – Para o caso de alguma infecção dentária, de garganta ouvido ou algo do gênero. Nada que não possa ser resistido, mas que gerará um desconforto. Uns 5 comprimidos de diclofenaco de sódio ou potássio (os famosos Cataflans), devem trazer algum alívio, mas para as infecções mais graves é necessário algum tipo de amoxicilina com clavulanato de potássio vai ser mais efetivo, mas esse tipo de remédio só pode ser obtido através de receituário médico e tem prazo de validade curto, portanto, se colocar isso em seus kits, deve estar revisando-os com frequência. Para ferimentos abertos que estejam na iminência de infeccionar, algum tipo de pomada de tetraciclina ou terramicina irá ter um efeito bastante satisfatório.

Anti-bióticos.

Anti-histamínicos – Alguns comprimidos de Altiva 180 são, sem dúvida uma escolha melhor do que o famoso istamin pois este último, apesar de muito eficiente, derruba até elefante causando sono profundo por horas deixando o indivíduo até mesmo desorientado em caso de não ceder ao sono, efeito que o Altiva 180 não causa. Serve para cortar efeitos alérgicos de picadas de insetos como abelhas, marimbondos e, na emergência, até para escorpiões e aranhas, mas esses últimos não dispensarão tratamento adequado em posto de saúde. Fenergan é mais eficiente para picaduras de insetos que o altiva, mas também causa sonolência.

Anti-histamínicos


Outros apetrechos.
Visam dar uma maior segurança e, ou proporcionar algum conforto.
Farolete pequeno – Para livrá-lo de algum risco durante a noite á sempre bom termos à mão um pequeno farolete para usá-lo como uma vela, para por isca no anzol ou mesmo para a trilha. Um “mini maglite” ou um desses pequeninos faroletes à led com baterias recarregáveis é muito útil. Para uma estadia maior, um farolete médio será melhor. Leve dois ou mais, pois o pouco espaço e peso que ocupam não é empecilho para que possam ser levados mais de um e sempre é possível apresentar algum problema, então, teremos um reserva à mão. Leve cargas de pilha sobressalentes para todos eles.
Farolete a led Cree Q5000 w - 14.000 lúmens, recarregável na tomada ou acendedor de cigarros do veículo.

Armas de fogo – Hoje em dia, no Brasil e em alguns outros países de política desarmamentista, é muito difícil alguém que possua autorização de porte para armas de fogo, além do fato que a mídia criou pecha de que quem tem uma arma é criminoso (exceto nos programas enlatados que passa dias e noites), mas se tiver a condição de obter isso legalmente, procure um bom rifle, um revolver ou uma pistola em calibre .22 pois a munição é pequena e leve, portanto, pode se levá-la em grande quantidade e, o principal, é barata. Esse tipo de arma é capaz de abater qualquer espécie de animal do território nacional, desde que bem aplicada, então, não deixe de praticar com ela para se tornar proficiente.
Rifle Marlin 39AS de repetição por alavanca e calibre .22


Equipamento de sinalização – Sinalizadores do tipo caneta possuem rojões parecidos com pequenas garrafas que são parafusados aos disparadores e, depois de acionados, disparam um feixe luminoso por mais de 200 mts de altura. Sinalizadores de fumaça do tipo que torcedores usam em estádios de futebol também são ótimas opções, Sinalizadores do tipo flares disparam um projétil incandescente que é preso a um pequeno para-queda que o faz descer lentamente depois de disparado e causa uma excelente iluminação no local do disparo, sendo vistos a distâncias assustadoras, principalmente em mares, terrenos planos ou se disparados do alto de picos. Existem algumas lanternas a led que possuem um acessório que serve como sinalizador para emergências, se não tiver, apenas a luz delas já será de grande ajuda, principalmente à noite ou no entardecer/amanhecer, procure sinalizar o S-O-S em código Morse, acendendo-a três vezes mais longas e três vezes mais curtas, depois mais três vezes mais longas.
De longe, os sinalizadores mais usados são os de fumaça colorida. Estes aparatos deixam um rastro vermelho ou amarelo junto ao solo ou à água que pode ser visto de muito longe, mesmo se a aeronave/embarcação de busca estiver a muitos quilómetros de distância.

Sinalizador de fumaça.


Resumo.
Podemos definir as listas de materiais da seguinte forma:
Kit 01 - Para um local medianamente habitado em que possa sair de uma situação com aproximadamente um ou dois dias, tais como incursões de fim de semana ou viagens não programadas. Esse preferencialmente deve estar sempre ao alcance das mãos ou portado consigo diariamente.
Kit 02 – Para locais onde possa haver complicações por causa de fatores climáticos (chuvas fortes, enchentes, etc.). Incursões de pescaria ou acampamento em locais de acesso mais complicado. 3 a 5 dias.
Kit 03 – Para áreas onde a entrada de pessoas é mais restrita, portanto, onde o concurso de auxílio é mais difícil. 6 a 9 dias.
Kit 04 – Para excursões de travessia onde o indivíduo vai estar em movimento e, portanto, não só difícil de ser localizado como com maior facilidade em perder-se ou acidentar-se. 10 a mais dias.

Conteúdo dos kits segundo a sua classificação.
Kit 01: 1 a 2 dias
01 - Canivete de múltiplas funções;
02 - Garrafa d’água;
03 – Lenço de brim ou algodão;
04 - Farolete pequeno;
05 - Kit de pesca reduzido, anzóis (3 de cada tamanho em 5 tamanhos), chumbadas (umas 5 pequenas) e linha (5 a 7 m de linha 0.15, 0.20 e 0.30);
06 – Sistema de acendimento de fogo;
07 – Kit de costura.
08 – Band ayds (3 und.);
09 – Bússola botão;
10 – Um cordel fino (Ø2 a Ø3 mm).
Levado à cinta, em um bolso de jaqueta ou em uma pequena pochete. Peso aproximado 500 a 600 g se considerado a garrafa d’água de 250 mg cheia

Kit 02: 3 a 5 dias
01 - Canivete de múltiplas funções;
02 - Um cantil com caneco e fogareiro portátil;
03 – Filtro portátil ou produtos de purificação de água;
04 – Lenço de brim ou algodão;
05 – Atiradeira;
06 – Kit de pesca com anzóis e chumbada (5 de cada tamanho em 5 tamanhos diferentes) e linha (10 m de cada diâmetros 0.15, 0.20, 0.30 e 0.40);
07 – 5 Barras de cereais;
08 – 1 kg de amendoins;
09 – 5 a 7 pacotes de sopa instantânea;
10 - Kit de acendimento de fogo (isqueiros, fósforos ou pederneira);
11 – Uma vela pequena;
12 – Farolete pequeno;
13 – Bússola pequena;
14 – Cordas de 3 a 4 mm de diâmetro;
15 – Um rolinho de filme plástico 3x3 m o mais fino possível;
16 – 5 band-ayds;
17 – 3 antitérmicos;
18 – 3 anti-istamínicos;
19 – 3 Diclofenaco de potássio (ou sódio);
20 - Kit para picadas de cobras.
21 – 1 Rolo de papel higiênico
Levado em um bornal à tiracolo ou em uma pequena mochila de aproximadamente 8 a 10 L. Peso aproximado 3 a 3,5 kg.

Kit 03: 6 a 9 dias
01 - Canivete de múltiplas funções;
02 – Faca pequena (15 a 18 cm de lâmina);
03 - Facão;
04 - Um cantil com caneco e fogareiro portátil;
05 – Filtro portátil ou produtos de purificação de água;
06 – Lenço de brim ou algodão;
07 – Atiradeira;
08 – Kit de pesca com anzóis e chumbada (5 de cada tamanho em 5 tamanhos diferentes) e linha (10 m de cada diâmetros 0.15, 0.20, 0.30 e 0.40);
09 – Kit para armadilhas com linha e argolas;
10 – Cabo de aço encapado 40 lbs;
11 – Sal, pimenta;
12 – Pacotes de sopa instantânea;
13 – Arroz de cozimento rápido;
14 - Barras de cereais;
15 - Capuchino
16 - Talheres
17 - Kit de acendimento de fogo (isqueiros, fósforos ou pederneira);
18 – Uma vela pequena;
19 – Algodão;
20 – Farolete pequeno;
21 – Bússola média;
22 – Cordas de 3 a 4 mm de diâmetro (para amarar abrigos);
23 - Rede de dormir com teto
24 – Um rolinho de filme plástico 3x3 m o mais fino possível;
25 – Antissépticos;
26 - 10 band-aids;
27 – 6 antitérmicos – 1 cartela;
28 – 5 anti-istamínicos;
29 – 20 Diclofenaco de potássio (ou sódio) - 1 cartela;
30 - Kit para picadas de cobras.
31 – 1 Rolo de papel higiênico.
Levado em uma mochila de 15 a 20 L. Peso aproximado. 5 a 6 kg.

Kit 04:10 a mais dias
01 - Canivete de múltiplas funções;
02 – Faca pequena (15 a 18 cm de lâmina);
03 – Facão;
04 – Serra flexível ou garrote;
05 - 2 cantis com caneco e fogareiro portátil;
06 – Filtro portátil ou produtos de purificação de água;
07 – Lenço de brim ou algodão;
08 – Atiradeira;
09 – Kit de pesca com anzóis e chumbada (5 de cada tamanho em 5 tamanhos diferentes) e linha (10 m de cada diâmetros 0.15, 0.20, 0.30 e 0.40);
10 – Kit para armadilhas com linha e argolas;
11 – Cabo de aço encapado 40 lbs;
12 – Sal, pimenta;
13 – Óleo comestível em um frasco de sal de frutas;
14 – Bacon (bem empacotado);
15 – Pacotes de sopa instantânea;
16 – Arroz de cozimento rápido;
17 - Barras de cereais;
18 - Capuchino
19 - Bolachas
20 - Panela;
21 – Talheres;
22 – Pacotes de sopa instantânea;
23 - Kit de acendimento de fogo (isqueiros, fósforos ou pederneira);
24 – Uma vela pequena;
25 – Algodão;
26 - Farolete médio com pilhas extras;
27 – Bússola média;
28 – Cordel de Ø2 a Ø3 mm;
29 – Cordas de Ø3 a Ø4 mm ;
30 - Rede de dormir com teto
31 – Um rolinho de filme plástico 3x3 m o mais fino possível;
32 – Antissépticos;
33 - 5 band-aids;
34 – 3 anti-térmicos;
35 – 3 anti-istamínicos;
36 – 3 Diclofenaco de potássio (ou sódio);
37 - Kit para picadas de cobras.
38 – 1 Rolo de papel higiênico.
Levado em uma mochila de 25 a 30 L. Peso aproximado 10 a 12 kg.

4 comentários:

  1. Hola! en verdad no he estado NI CERCA a una situación de supervivencia (al menos que yo lo supiera) pero muchas veces al leer que se incluye un pequeño kit de costura, tras tantos años de ver que se incluyen aún en los kits más pequeños, me pregunto ¿son realmente importantes? ¿Cuáles serían sus posibles usos? Me pregunto esto dado que no considero una ruptura de ropas demasiado crucial en una situación de supervivencia_ pero quiero aclarar que me baso en el concepto de supervivencia del Primer Mundo, donde se estima que la ayuda llegará a uno en 72 horas aproximadamente, o que uno podrá contactar con la civilización en un lapso similar, si bien el terreno, el clima y los recursos del país son sumamente variables. Gracias desde ya

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  2. Caro Cristian.
    Eu creio que a Argentina não tem regiões de matas muito extensas quanto às do Brasil, Venezuela, Bolívia, Colômbia e outros, mas tem umas áreas de altitude e frio extremo por ai, então, imaginemos uma situação onde um praticante de esportes radicais fazendo rafting, por exemplo, teve a sua embarcação virada e se perdeu do grupo, tendo que avançar pelo solo e, nesse ambiente (beira de rios), costuma ser bastante cheio de picos e vales, logo, em uma deslizada em uma ladeira íngreme, você rasga a sua jaqueta, ou desprega alguns botões e, vendo a noite chegar, molhado, com rasgos nas roupas e sem o dito kit de costura pra dar uma consertada na situação, tudo fica mais difícil. É claro que essa é realmente uma situação das mais hipotéticas e foi algo que eu inventei de pronto pra se ter uma ideia de onde se aplicam tais kits, mas são inúmeras as situações onde estes pequenos equipamentos seriam empregados e eu acho mesmo que são muito relegados a um plano de terceiro ou até décimo lugar mas acho que são pouco compreendidos. Eu tenho aqui um kit montado e presenteado pelo meu irmão Silvano, que você conhece do Fórum Armas Blancas, e que quando ele me deu de presente à muitos anos atras e eu confesso que não dei o devido valor, porém, depois de algum tempo eu desmanchei ele pra dar uma olhada e posso dizer sem medo de errar que é um dos kits que eu mais tenho usado, seja em algum acampamento ou seja em viagens para ambientes urbanos pois quando eu me mudei para o estado do Mato Grosso do Sul e fiquei afastado da minha família, eu morava em uma espécie de pensão e esse kit me salvou por diversas vezes pois eu só voltava para casa a cada 15 dias e ai eu tinha que me virar quando tinha um botão despregando, alguma barra de calça que descosturava ou até algum ziper que começava a entrar por dentro da bainha. Até hoje eu o levo dentro da mochila junto com o kit de primeiros socorros. É um kit grande, com muito material, mas não é maior e nem mais pesado que uma bússola Silva, por exemplo, portanto, qual o peso extra pra um material destes. Eu tenho um pequeno kit com três agulhas com cerca de 50cm de linha de cores diferentes enroladas em cada uma delas e todas dentro de um porta minas para grafites de lapiseiras que guardo dentro da bainha do meu Victorinox de uso contínuo, está comigo 24horas por dia, mesmo no escritório.
    Esta opinião é bastante particular e eu devo lembrar que muitas vezes eu sou motivo de brincadeiras entre os amigos por ser meio que "exagerado" nos cuidados com preparação para situações de emergência então, espero que entenda apenas os motivos por eu ter colocado isso como uma certa prioridade, mas devo também lembrá-lo que a maioria das empresas que preparam e vendem kits de sobrevivência também pensam nesse tipo de material como de utilidade, incluindo a Marto, Aitor e outras empresas que criaram kits genéricos para cabos de facas, ou seja, mesmo em locais de espaço tão restrito, ainda assim, valeu a pena colocar esses pequenos acessórios lá.
    Um forte abraço.
    Sandro

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  3. Muchas gracias por tus palabras, son de ayuda para poder pensar un equipo de emergencia personal, que se encuentra en constante modificación a medida que uno va aprendiendo cosas no solo n lo teórico, sino a manejar los elementos -o a descartarlos-. Abrazo!

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  4. Un saludo cordial a tu tambien estimado Cristian.
    Sandro

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