segunda-feira, 7 de setembro de 2015

FLECHAS

Tão importante quanto conhecer seu arco e, ou, saber como são confeccionados, tenha a certeza que a fabricação ou emprego de uma flecha inadequada ao seu arco ou estilo de disparo pode trazer resultados péssimos para a sua precisão e, até mesmo, causar acidentes de conseqüências imprevisíveis.
Retornando à minha primeira postagem sobre arqueirismo, quando falei da história dos arcos, primeiramente, os instrumentos de lançamentos de flechas eram imprecisos e não requeriam grandes cuidados na fabricação das flechas também, pois não conseguiam lançar flechas a grandes distâncias, fato que tornava quase qualquer vareta medianamente retas e com uma ponta afiada um bom projétil para ser lançado por esse instrumento. Com o passar do tempo e a evolução do equipamento de disparo (arco), surgiu também a necessidade de aprimoramento dos projéteis (flechas).
As primeiras flechas eram fabricadas de varas da forma como eram colhidas na natureza e sequer tinham penas na sua traseira, depois pensou-se em amarrar penas para causar um arrasto e, com isso, fazer com que a flecha se dirigisse ao alvo sempre com a ponta voltada para a frente, o que nunca acontecia devido à posição da flecha no arco não ser centralizada com a corda. Há de se saber que, quando uma flecha está ancorada na corda, a traseira da flecha coincide com o centro da corda e consequentemente, do arco, porém, o mesmo não acontece quanto à parte frontal da flecha que passará sempre para um dos lados da empunhadura e isso gera um ângulo de inclinação em relação ao alvo. Esta inclinação é mais acentuada quando a corda está em seu ponto de descanso e quanto mais a corda é tracionada para trás, para a posição de disparo, menos acentuado fica esse ângulo em relação ao alvo. Porém, quando ocorre o disparo, a corda se dirige à sua posição de descanso rapidamente, empurrando a flecha para a frente e forçando o ângulo em relação ao alvo a mudar drasticamente e, pior ainda, a corda não para diretamente em sua posição de descanso mas, levada pela inércia e, também pelo agarre que a rabeira da flecha tem a ela, esta passa do ponto de descanso viajando por alguns centímetros para além desse ponto, dessa forma, criando duas forças na flecha, uma impulsionadora e outra angular o que faz com que a flecha, ao sofrer este empuxo, curve-se ainda mais. Tão logo a flecha se desgarre da corda, esta tem uma natural vocação, forçada pelas fibras da madeira, a retornar ao seu ponto de descanso também, o que não acontece de imediato, pois como esta está livre no espaço, a vibração resultante desses esforços a faz passar do ponto para o lado inverso ao do momento de largada até atingir um ponto de resistência desse lado oposto, o que causa o seu sucessivo retorno, reiniciando o ciclo de vibrações, só que cada vez com menor intensidade até a estabilização plena do eixo da flecha no espaço, o que só ocorre depois de vários metros depois desta ter se afastado do arco.
Na seqüência a flecha em posição de disparo, seguida pelo instante da largada, avanço da corda e desapego da flecha, passagem pela janela do arco e saida livre no espaço.

Além deste movimento que assemelha-se à cauda de um peixe nadando, que é conhecido pelos norte americanos como “fishtailing” (literalmente cauda de peixe), ocorre outro movimento no sentido vertical, devido à curvatura vertical da flecha quando da posição de disparo, devido a esta estar apoiada somente com a ponta e rabeiras, seu centro fica sujeito às cargas da gravidade e, portanto, sofrem uma leve curvatura para baixo, o que é aumentado devido ao empuxo da corda que a faz vergar nesse sentido. Esse movimento é denominado pelos mesmos norte americanos como “purpoising” (traduzido como uma sobreposição), o que causa uma vibração no sentido vertical exatamente idêntico ao já mencionado “fistailing”. Então, se somarmos essas duas vertentes, teremos um eixo de flecha que tem um ponto a cerca de ¼ da distância da ponta para a rabeira e outro ponto a cerca de ¼ da distância da rabeira para a ponta que se dirigem em relação ao alvo, todo o resto da flecha irá dançar como uma bailarina russa em um movimento giratório no espaço até atingir a sua perfeita estabilização.

Alinhamento da flecha na largada

A todo esse conjunto de forças e regras de gravidade damos o nome de “paradoxo do arqueiro”.

Essa pequena definição traduz tudo o que ocorre com a flecha em vôo durante os primeiros segundos durante e após o disparo, então, se pararmos para pensar, é praticamente impossível uma flecha se dirigir ao alvo em uma circunstância destas. Por incrível que pareça, existem parâmetros de fabricação de flechas que podem calcular quanta curvatura um eixo de flecha deve ter para obter uma saída perfeita do arco, anulando assim, essa angulação vertical e horizontal de tal forma que faça a flecha dirigir-se, mesmo que rebolando da mesma forma, diretamente ao alvo. A esse cálculo chamamos de “spine” ou o cálculo da espinha da flecha e resume-se em saber qual a dureza correta de cada vareta para se conseguir um bom disparo com determinado tipo de arco.
Os fatores de maior relevância para este cálculo são o tipo de arco, o comprimento da puxada da corda, a potência do arco e o peso da ponta da flecha.
O tipo de arco diz respeito à se ele é long, recurvo ou composto, haja vista que cada modelo dispara a flecha com um tipo de empuxo diferente e que tem total relevância no comportamento da espinha pois os dois primeiros diminuem a velocidade de lançamento à medida em que a corda viaja na direção do descanso, cada um à sua maneira, é claro, já o terceiro acelera essa velocidade e, portanto, exerce esforço muito maior nos eixos das flechas pois, uma vez curvados com a largada estes eixos vão sofrer uma sobrecarga maior a cada polegada de viagem da corda até sofrerem um desacoplamento abrupto quando esta atinge a posição de descanso.







Arqueiro com arco longo de fabricação tradicional.




 









Arqueira com arco recurvo de madeira laminada.

Arqueiro com arco composto.

O comprimento da puxada diz respeito também ao comprimento da flecha pois, quanto maior o comprimento da puxada, mais longe a corda estará da empunhadura do arco, logo, mais comprida deverá ser a flecha para alcançar entre os dois pontos, portanto, quanto mais comprida, mais sujeita às forças descritas acima e, mais rígido terá que ser o eixo para que não se quebre ou para conseguir uma perfeita desenvoltura quando da largada.
A potência do arco está diretamente relacionada à velocidade que a corda retornará à sua posição de descanso impulsionando a flecha, haja vista que, só existe um real motivo para se utilizar arcos de altas potências que é, dar maior velocidade a flechas mais pesadas. Como o arco e flecha surgiu com a finalidade de caça, não faz sentido eu disparar uma flecha leve em demasia a uma velocidade baixa, nosso sistema será, no mínimo raquítico, não tendo força nem velocidade para penetrar em couros dos animais que se pretendia abater, logo, quanto mais pesada a flecha, maior penetração ela terá, mesmo a velocidades ligeiramente inferiores que flechas mais leves, então enviar uma flecha pesada rápido o bastante para abater grandes animais requer um maior esforço do arco, logo, o arqueiro precisará de um arco mais potente. Quanto mais rápida a velocidade da corda, maior será o empuxo a que a flecha estará sujeita e, portanto, mais rígido terá que ser o eixo para suportar essas forças e sair do arco com as características adequadas.
A ponta das flechas, por outro lado, significa uma barreira a ser vencida pelo sistema, pois é natural imaginarmos que se eu colocar um carro amarrado à ponta da minha flecha, meu sistema nunca terá forças para fazê-lo se mover, logo o eixo da flecha se curvará até partir-se, da mesma forma, quanto mais pesada a ponta da flecha, maior será a inércia desta ponta e mais duro terá de ser o eixo para empurrá-la sem fletar em demasia.
Após o desenvolvimento de novos materiais para a confecção de flechas, tais como alumínio, fibra de vidro e fibra de carbono, bem como novos modelos e materiais para a confecção de arcos, esse sistema não mudou, pois o spine (espinha) da flecha continua a ser usado como forma de calcular a rigidez ideal de cada eixo para cada arco baseado nos mesmos parâmetros de puxada, potência e peso de ponta.
Retornando um pouco ao passado, temos as penas naturais que eram utilizadas para criar arrasto nas flechas, estas penas, antes sem escolha eram simplesmente amarradas de forma aleatória nas flechas, mas a partir de algum tempo, passaram a ser selecionadas, recortadas e amarradas na traseira da flecha de forma a criar asas que auxiliassem a flecha a voar de forma mais reta possível. Depois de algum tempo, alguém descobriu que o movimento giratório causado por penas amarradas em uma certa angulação na traseira da flecha tinha como causa uma mais rápida estabilização da flecha por quebrar a freqüência da vibração e, com isso, alinhar o eixo em um trajeto mais curto depois da saída do arco, posteriormente esse tipo de rotação foi empregado também em armas de fogo através do raiamento do cano destas armas e, desta forma, causar o movimento giroscópico do projétil para eliminar parte das forças atuantes neste projétil durante o vôo. Como medida explanatória podemos usar um ventilador que, se desligado pode ser mudado de ângulo facilmente, mas se ligado, cria um efeito giroscópico que dificulta a sua mudança de direção. Os hélices traseiros de um helicóptero são o exemplo mais notável desse efeito.

Flechas de madeira com nock de chifre de búfalo e penas de ganso. Fabricada inteiramente com produtos naturais e acabamento impecável

Com o avanço da arqueiria e os arcos passando a fazer parte dos arsenais militares, passou-se a criar uma janela ou uma reentrância na empunhadura para que a flecha saísse sempre de forma igual todas as vezes que fosse atirada e, também, auxiliar a centralizar mais a flecha na empunhadura para que esta sofresse menos as forças já citadas acima, da mesma forma, passou-se a instalar um pequeno anel metálico na corda para também posicionar a traseira da flecha sempre na mesma posição, de forma que qualquer arqueiro de mesma puxada colocando a rabeira da flecha encaixada na corda sob esse anel e posicionando-a na janela de forma adequada, atiraria a flecha nas mesmas condições que outro de mesmas características técnicas e físicas. Para ajudar a anular as forças descritas acima, foi definido através do método de tentativa e erro que a melhor posição da localização deste anel na corda é de ¼” acima da posição de 90º da flecha com a corda, ou seja, posiciona-se a flecha na corda de forma que esta esteja apoiada na janela do arco e mede-se o seu ângulo para que este coincida com 90°, depois disso, posiciona-se o nock point na corda sobre a rabeira da flecha a cerca de ¼” acima desta posição e prensa-se este para que não se mova de sua posição por mais tiros que se dê com este arco.
Correta posição do nock point e da rabeira da flecha na corda

. O próximo passo não tardou, pois essas janelas foram ampliadas criando os arcos de tiro central, que melhorava em muito a precisão simplesmente por eliminar o ângulo que a corda causa na flecha quando esta está encostada na empunhadura.
Como se vê, o desenvolvimento dos arcos foi solucionando problemas nas flechas também.
As flechas de hoje em dia, feitas na maioria das vezes de materiais artificiais, possuem aletas de plástico ou borracha, pontas rosqueáveis, rabeiras giratórias para o alinhamento perfeito das aletas ou penas com o batente do arco e tem um cálculo muito preciso de compatibilidade de spine para cada tipo de disparo/puchada/arco que existe no mercado.

Como escolher a flecha certa para o meu tipo de disparo.
Se você é um arqueiro tradicionalista que se utiliza desde um arco comum ou longo, feito de madeiras naturais retiradas da floresta, você raramente vai querer usar uma flecha feita de fibra de carbono pra não “desrespeitar” a pureza do equipamento, por isso, escolha ou fabrique eixos de madeiras nobres que tenham baixo peso e que empenem pouco ao longo do tempo. Caso a flecha empenar, aqueça-a com um soprador térmico ou ao fogo (mas com cuidado pra não queimar) e vá flexionando-a de forma a endireitá-la mantendo-a nesta posição até que esfrie. Para a maioria das madeiras usadas para eixos de flechas essa medida será satisfatória.
Comece com eixos mais grossos do que você irá realmente precisar e vá refinando depois. Como meio de parâmetro inicial, para quem não tem equipamentos de medição de spine, você confecciona o eixo e instala uma ponta com o peso que você vai utilizar e também a rabeira que deseja usar na flecha e coloca um alvo a uma distância de aproximadamente 10 jardas/metros e dispara uma sequeência de 5 tiros em um ponto fixo, se perceber que os disparos estão atingindo com a rabeira da flecha virada para a esquerda do alvo, para arqueiros destros, é porque provavelmente seus eixos estão muito duros e precisam ser desbastados para ficarem mais finos e flexíveis. Se os seus eixos estiverem atingindo com a traseira das flechas voltadas para a direita do alvo, para arqueiros destros, provavelmente seus eixos já estão muito flexíveis, para não perder o material você pode substituir a ponta e colocar uma ponta mais leve ou deverá trocar de madeira pois talvês esta madeira seja demasiado flexível para a tarefa.
Madeiras como o pinho, o cedro, a castanheira entre outras que tenham as características de leveza, retidão das fibras e resistência parecidas com as citadas, podem ser testadas.
Para arqueiros sinistros o teste padrão é o contrário.
Caso queira optar por flechas artificiais, o grande diferencial da escolha recairá sempre no “quanto você estará disposto a gastar”ou, o quão tradicional você quer que o seu conjunto permaneça.
Flechas de alumínio: São mais baratas, mas entortam com relativa facilidade e, normalmente, são mais pesadas que as flechas de fibra de carbono. Por causa do diâmetro maior, também tem penetração diminuída em relação às estas últimas, mas, são fáceis de reparar usando um gabarito, são fáceis de fazer a reinstalação de pontas e aletas mesmo no campo e são menos sentidas se ocorrer uma perda.
Flechas de fibra de carbono: Se não vierem na medida certa, exigem equipamentos de corte de alta rotação com discos abrasivos para serem aparadas com a medida correta, não pode-se utilizar solventes como acetona, água raz ou tiner para a remoção de resíduos de cola, podem lascar se não forem cortadas corretamente ou se atingidas por outra flecha em uma seção simples de treino e, se isso ocorrer sem a percepção do arqueiro, podem causar acidentes graves.
Flechas de fibra de vidro: São muito pesadas se forem maciças e fracas se forem ocas para a maioria das atividades esportivas ou de caça, mas flechas maciças são muito utilizadas na pesca por cortarem melhor a água e por resistirem aos choques com o fundo dos rios, muitas vezes pedregosos.
Flechas de madeira: Podem ser compradas de fabricantes diversos já na medida de spine adequado ao seu arco e puchada, mas atente para a seriedade do fabricante para o respeito ao spine certo pois caso contrário sua precisão nunca será das melhores possíveis. É claro que você também pode vir a fabricar as suas próprias flechas, mas ai você terá que confeccionar ou comprar um gabarito de medição de spine de eixos de madeira para aferir os spines de suas flechas e algo que deve ser sempre lembrado que isso não é somente fabricar o eixo e calcular o spine pois você deve estar ciente que madeiras diferentes (mesmo de mesmo tipo de madeira mas de lotes diferentes) podem ter pesos diferentes e spines igualmente diferentes, portanto, deve-se sempre fabricar eixos com grossura maior que o ideal e ir rebaixando-os aos poucos ao mesmo tempo em que efetua a aferição do spine. Uma outra coisa que deve ser lembrado na utilização de flechas de madeira é que o calor e a umidade influem muito no "trabalho" das fibras da madeira, o que pode dar, não somente uma variação na retidão das fibras, mas também uma grande variação de peso pois madeiras que não forem corretamente imermeabilizadas podem incorporar mais de 20% do seu peso em água do ambiente e isso traduz em mais 20% de peso em cada eixo, por isso dê atenção extrema à impermeabilizaçãodos dos eixos de madeira.
Para exemplificar melhor o que é o spine de uma flecha e de como se deve usar as tabelas de cálculo de flecha ideal, basta dizer que alguns fabricantes já tiveram todo um trabalho de testes de eixos para as configurações de arcos, potências e comprimentos de puchada e entregam esse cálculo prontinho em forma de tabelas pra que você efetue a escolha e compra de flechas adequadas ao seu equipamento. A Easton, proprietária e incubadora da famosa fabricante de arcos Hoyt efetuou uma vasta pesquisa pelo método do estudo do comportamento da flecha para chegar à uma tabela de adequação de flechas à cada configuração de equipamentos, ergonomia do atirador e peso de ponta que este costuma utilizar.
A tabela a seguir é extraida de um dos catálogos da Easton que faz um cruzamento entre os diferentes tipos de arco (long, recurvo, somposto de cames redondas ou elípticas e solo cames), as diferentes puchadas e alguns pesos de pontas. O resultado das pesquisas mostra uma excelente comparação que vem servindo de parâmetros para arqueiros do mundo todo desde a sua criação atté os dias de hoje e é a mais completa e precisa fonte para este fim.




Tabela típica da fabricante Easton para cálculo de spine adequado de flechas.
A primeira tabela refere-se a arcos compostos, a segunda para arcos tradicionais e a terceira é a tabela de spine propriamente dito e quais as indicações corretas a cada equipamento e utilização que se pretende.

A pergunta mais feita por arqueiros iniciantes é:
_Eu tenho apenas um valor específico de spine para o meu arco e configurações de puxada e peso de ponta?
A resposta é:  NÂO.
Você possui, na verdade uma faixa de spine que pode ser adequada para o seu biótipo e equipamento que vai variar em uma faixa não muito larga, mas que dará a você a possibilidade de testar diversos valores de spine para saber o que melhor se adapta ao seu modo de disparo.
Vou colocar aqui as minhas configurações de tiro e equipamento e isso vai ajudar a dar-lhe algum subsídio pra pensar de maneira mais clara a respeito.
Eu disparo com dois arcos, um PSE Thunderbolt e um Hoyt Magnatec, ambos com came single e 70 libras de potência, embora o Hoyt esteja com 67 libras de regulagem e o PSE com 65 e eu o deixo nessa configuração por causa da puchada pois o Hoyt está com exatas 28" e o PSE com 28,5", logo, uma distância ligeiramente maior na puchada merece uma pequena diminuição da potência para um disparo com parâmetros similares.
Então vejamos o seguinte, nas tabelas apresentadas, os dois arcos ficam dentro da classificação "J" , o que me dá a possibilidade de escolha de tubos com spine entre 0.320 e 0.365 logo, eu tenho flechas leves da Gold Tip Expedition com spine 340, flechas de médio peso Easton ST Excel com spine 340 e flechas pesadas Carbon Express Mayhem com spine 350.
Numa análize mais profunda de cada modelo de flecha temos a seguinte configuração:


Tabela de configuração de flechas.

Na primeira coluna temos o nome comercial de cada eixo, na sequência, o a discriminação de cada eixo para a consequente adequação ao seu equipamento. Na terceira coluna temos o peso de cada eixo por polegada, isso significa que um pedaço de 1" desse eixo terá esse peso aproximado. Na quarta coluna uma referência de peso em 30" de eixo que é o tamanho padrão de puxada para efeito de medição de velocidade dos arcos compostos. Logo em seguida temos o spine real da flecha em polegadas e na sequência, em mm. No próximo campo teremos o diâmetro externo do tubo também em polegadas e mm. O diâmetro interno é pouco relacionado pelas empresas e na verdade não se dá muita atenção a isso pois o que realmente importa é o diâmetro externo, flexão e peso. Por último temos os pesos de ponta indicados pelos fabricantes.
Porque é interessante essa análize mais aprofundada de cada tipo de flecha? Vamos por partes.
Vamos partir direto para a terceira coluna, onde nos dá a relação de peso por polegada de cada tubo e, também a sua vizinha que se relaciona diretamente com ela. É importante conhecermos o peso de cada tubo para se ter um cálculo aproximado do peso total da flecha pronta (eixo mais nock, aletas, insert's e ponta). É esse cálculo que vai nos dizer pra que finalidade poderemos usar essa flecha, se para caça pequena, média ou grande, para tiros mais longos ou curtos, etc.
O spine, nos dirá se esta flecha é apropriada para o nosso equipamento e a nossa configuração de disparo, como já mencionado.
O diâmetro externo do tubo nos dirá se esta flecha terá uma boa penetração no alvo (ou caça) pois é sabido que quanto mais grosso for o tubo menor penetração este terá em caça pois o atrito das paredes do tubo com a pele e carne do animal irão "freiar" a progressão da flecha dentro do corpo desse animal.
Por último, o peso da ponta é interessante para não correr o risco de utilizar uma ponta mais pesada que o ideal para não causar o fletamento excessivo do tubo antes da saída do arco e ai entra o fator do diâmetro externo da flecha pois mesmo uma flecha com um spine idêntico à outra mas um diâmetro inferior, terá um comportamento diferente na largada do arco se utilisando pontas idênticas, isso pode ser percebido na comparação das flechas Easton e Gold Tip logo acima, pois a Easton recomenda Pontas entre 100 e 150 gr para as suas flechas enquanto a Gold Tip recomenta pontas de 85 a 125 pois estas tem um diâmetro ligeiramente inferior às primeiras, muito embora ambas tenham o mesmo spine, já a Carbon Express recomenda pontas com o mesmo peso das Easton, embora tenha spine inferior, mas são eixos de diâmetro externo maior que as duas primeiras.
O que escolher, então?
Veja bem, os meus motivos podem ser diferentes dos seus, mas podem ser utilizados como parâmetros para que você tenha um rastilho de raciocínio para chegar à sua configuração ideal.
Eu costumo atirar a distâncias entre 10 e 100 jardas em alvos. É claro que eu nunca arriscaria atirar em animais a essas distâncias por causa da grande probabilidade de erro e até mesmo da fuga do animal enquanto a flecha percorre o longo caminho até ele, mas eu gosto de praticar a distâncias extremas para que quando a hora da verdade chegar eu tenha uma chance maior de engajamento do meu alvo e habilidade para colocar a flecha no ponto ideal dele sem medo de erro.
Bom, as minhas miras possuem 7 pinos e eu as configurei para as distâncias de 20, 30, 40, 50, 60, 70 e 80 jardas respectivamente para ser usado com as flechas Carbon Express Mayhem, porém, se eu utilizar a flecha Easton ST Excel, eu consigo atingir o alvo a 90 jardas usando o pino de 80 jardas já regulado anteriormente para a outra flecha e, ainda, eu consigo efetuar tiros a aproximadamente 100 jardas com o mesmo pino se eu utilizar as flechas da Gold Tip Expedition, na verdade, elas atingem algo em torno de duas a três polegadas acima do ponto visado nessa distância, o que me daria um range de aproximadamente 105 m.

Para maiores detalhes a respeito dessa seleção e de como se pode melhorar o vôo e a penetração das flechas falarei em outra matéria onde abordarei o F. O. C. (Front Of Center) que nada mais é do que o cálculo de quão à frente está o centro de gravidade da flecha e de como isso influencia no vôo e na penetração da flecha e, ainda, de como estimar com razoável precisão a velocidade e a energia da sua flecha.
O que é melhor, Aletas de penas naturais ou artificiais?

Depende do tipo de tiro que você estará praticando. As aletas naturais de penas de aves são as melhores quanto à estabilização do vôo da flecha, mas causam uma perda de velocidade maior em vôos de longa distância. Outro fator que deve ser considerado para arqueiros que caçam, é o de que aletas de penas naturais tem uma maior tolerância quanto à obstáculos no trajeto das flechas pois quando ocorrem choques, elas simplesmente desabam e, logo em seguida retornam à sua forma natural, então, se não houver o choque do eixo da flecha mas somente da aleta, a flecha seguirá em seu trajeto quase normal, com pequenas variações.
Aletas artificiais podem ser confeccionadas tanto de plástico ABS quanto de borracha, cada uma com seus prós e contras. As aletas de borracha são mais flexíveis e estabilizam muito bem as flechas mesmo em trajetos curtos, mas não resistem ao toque de uma ponta em caso de serem atinjidas por outra flecha e rasgam-se com extrema facilidade, ainda, ressecam quando com uso prolongado sob o sol e descolam sob certas circunstâncias em locais frios. O plástico ABS é um material muitoresistente a intempéries e estabiliza bem as flechas a distâncias relativamente curtas mas ambos os casos não respondem muito bem quando o arqueiro precisa dar tiros entre arbustos, por exemplo pois possuem uma rigidez mais alta e costumam cauzar grandes prejuisos na precisão nesse tipo de ambiente.
Ultimamente, depois do desenvolvimento de rests mais eficientes para os novos modelos de arcos, tem-se utilizado com grande eficiência aletas plásticas de alta rigidez e grande largura, porém, de comprimento reduzido. Essas aletas estabilizam as flechas em uma distância muito curta pois permitem ser coladas em um ângulo de helicóide mais acentuado e, portanto, acabam por causar um efeito giroscóico muito mais rápido às flechas, porém, acabam por reduzir a velocidade dos eixos e, em caso de choque com o rest, causarem problemas crônicos de perda de precisão, essas aletas tem funcionado muito bem para arqueiros que usam rests do tipo "drop away", que literalmente saem do caminho da flecha logo depois da soltura da corda.
Falarei sobre estes equipamentos também futuramente.

Por enquanto, espero ter podido orientar alguns novatos com minhas considerações.

5 comentários:

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  2. Unknown.
    Mil perdões, exclui a sua pergunta sem querer.
    Será que poderia postá-la novamente.
    Perdão mas os botões de responder e excluir são um do lado do outro e meu mouse está com vida própria.
    Grato.
    Sandro.

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  3. Boas, na tabela de acordo com os seus arcos que ponta em grain escolhe e porquê?
    Obrigado.

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    1. Olá Nuno.
      Me perdoe pela demora na resposta.
      Ainda que atrasado, mas a resposta é, pontas de 100 gr.
      O porque é que a maioria das flechas que você compra já vem com pontas de alvo de 100 gr. e, dai a mira do arco já está regulada para ela, se eu for escolher uma ponta mais pesada, terei que trocar todas as pontas de alvo também pra não dar uma diferença muito grande na hora de fazer a regulagem com as pontas de caça.
      Só pra esclarecer, eu não caço mais a muito tempo e, na grande verdade, tive alguns problemas de saúde por complicações com o diabetes e nem estou conseguindo praticar mais com meus arcos devido ao surgimento de cataratas e a uma grande perda muscular, então, terei que começar a fazer um trabalho bem de base de musculação pra poder ir voltando aos poucos, mas já estou me planejando pra isso.
      Um outro fator que me leva a manter as pontas de 100 gr é que pontas mais leves geram trajetórias mais tensas nas flechas e eu gostava de atirar em distâncias entre 10 e 100 jardas, dai eu tenho regulagens de mira de 7 pinos que variavam de 10/20, 30, 40, 50, 60, 70 e 80, dai eu tenho algumas flechas da Easton que são mais leves que as flechas que uso com frequência (carbon express Mayheem), que eu conseguia atingir alvos a 90 e 100 jardas usando os pinos de 70 e 80 jardas.
      Na verdade, eu gosto mais de atirar a longas distâncias que em médias e curtas porque dai quando atirava a curtas distâncias parecia que o alvo estava colado no arco e dava até pra escolher onde queria colocar a flecha.
      Um forte abraço e me perdoe pela demora mas pela resposta acima creio que dá pra entender os motivos né.
      Sandro.

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  4. Na tabela de acordo com os seus dois arcos que ponta de grain escolhe e porquê?
    Obrigado.

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