segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Jungle King II - A Pequena Notável


A muito tempo atrás eu comprei minha primeira faca de sobrevivência que, nada mais era que uma réplica de uma AITOR Jungle King II. Esta pequena faquinha me acompanhou em muitos bons momentos de minha vida sendo usada praticamente para tudo o que se pode pensar em acampamentos, caçadas e pescarias, mesmo, e apesar, de ter o seu cabo feito em uma espécie de plástico rígido que nunca me inspirou confiança. Ela se saiu muito bem em todas as situações a que foi posta a prova. Depois de muito tempo de uso eu a doei para o meu irmão que a tem em sua coleção até os dias de hoje.
Como já mencionei, essa faca era a réplica de uma AITOR JKII, porém, com algumas diferenças pois até então, as JKII que eu conhecia tinham uma corda enrolada na bainha, um inserto em forma de gaveta plástica e uma skinner paralela a essa gaveta e essa réplica além de não ter a corda, tinha um inserto metálico dentro da bainha e o arpão era muito diferente da atual Skinner, mas, o que eu não sabia é que os primeiros modelos de JKII que saíram da fábrica eram quase idênticos à esta réplica, não fosse também por um orifício oblongo que as réplicas possuem na lâmina que, se acoplados em uma peça de aço que tem ao final da bainha, tornam-se um cortador de arames à lá Explora Survival.


Acima a foto de uma faquinha idêntica à que me serviu de companheira por muitos e bons anos.

Bom. Apesar de tê-la doado por não confiar muito no cabo plástico e por ter adquirido outra bem melhor que ela (uma JKI autêntica), ainda a achava uma faquinha muito cômoda de se usar, além de muito bonita, então, sempre desejei encontrar uma JKII original para ocupar o seu lugar, o que somente 25 anos depois consegui fazer.

Quando tudo começou.
Pra começar do começo vamos retornar um pouco no tempo até a década de 80, mais precisamente 1984 quando a AITOR resolveu colocar no mercado a sua primeira faca de sobrevivência denominada Jungle king II, este projeto, na verdade nasceu em 1982 quando Pedro Maria Izaguirre desenhou dois protótipos de faca de sobrevivência com tamanhos diferentes e sob a denominação Jungla (selva em espanhol) 463 e 464. Tais facas teriam cabo oco, como as tradicionais facas de sobrevivência, em um tipo de liga de alumínio especial desenvolvido pela própria AITOR, que o denominou de “peralumal”, fixação da lâmina por pino elástico, com serra no dorso e kit de sobrevivência no interior do cabo, esses primeiros projetos tinham ou teriam bainhas feitas em couro sem nenhum outro atrativo, sendo estas somente feitas de placas de soleta costuradas e com um prendedor de punho com botão de pressão. Enquanto ainda estava na fase de testes, talvez por achar que ficariam muito sem atrativos com essas simplistas bainhas e, também não sei se por sugestão de alguém (creio eu, mas não tenho provas disso, que a AITOR deva ter pedido opiniões aos editores da revista Armas pois estes tinham a sua opinião muito respeitada pelo proprietário da AITOR como poderão ver na matéria sobre a JKI), os projetistas da AITOR resolveram criar uma bainha rígidas para o modelo jungla 463, de tal modo que pudesse ser ainda anexados mais alguns acessórios para complementar o kit de sobrevivência da mesma. Este projeto previa uma forquilha rebatível na extremidade da bainha e um inserto de aço inox com dobraduras e aletas que se encaixariam em frisos dentro da bainha de forma que esta comportasse um par de borrachas com uma malha plástica para a confecção do estilingue que seria montado na forquilha rebatível, além disso, deliberou-se também a confecção de um arpão para a pesca para que o usuário que estivesse em condições de efetuar a pesca dessa forma não tivesse que utilizar a faca com esse intuito, ficando a faca sempre à mão evitando que, em determinadas circunstâncias, pudesse colocar o seu equipamento em risco nessa atividade. Essa faca, juntamente com a sua irmã maior, foi registrada no livro de patentes no ano de 1983, como poderemos ver através da digitalização das fotos abaixo. A descrição das facas, por mais resumidas que estejam, descrevem muito bem todo o seu conteúdo. A essa época, as facas ainda recebiam a denominação Jungla, o que só foi mudado pouco antes do seu lançamento quando passaram a receber o nome de Jungle King I e II, esse fato é comprovado pelo fato de que algumas centenas de facas que saíram da fábrica nos primeiros meses depois do seu lançamento ainda possuírem estampado na tampa do cabo o nome Jungla 463 e, somente após um período, que não sei precisar ao certo, é que passaram a ter o nome Jungle King II estampado nessa parte do conjunto.


Nesta cópia do pedido de solicitação de patente das facas AITOR Jungla 463 e 464, podemos ver com que descrição ambas as facas foram registradas.
Foto retirada do fórum "Armas Blancas"

Acima podemos ver um raro Xerox de foto onde a faca Jungle King II, ainda sob a denominação de Jungla 463 é posta sobre o seu próprio projeto e tem os itens de sobrevivência do seu cabo espalhados. Observem o desenho da bainha que difere das atuais por não ter os olhais para a passagem da corda enrolada em sua parte externa, exatamente como na réplica que eu possuia.
Foto retirada do fórum "Armas Blancas".

No mês em que a AITOR colocou a faca Jungla 463 à disposição do público, já com o nome trocado para Jungle king II, algumas unidades desta faca foram enviadas aos editores da revista Armas para que fizessem uma matéria de estréia para o seu lançamento ao mesmo tempo também, esses editores receberam dois protótipos da faca Jungla 464 para testes e as sugestões que deram a esse segundo projeto a transformaram no que conhecemos hoje como a Jungle King I.
Inicialmente, como já falei acima, o inserto da bainha era fabricado de aço inoxidável dobrado de forma que comportasse a borracha com malha para a atiradeira e o arpão, tal inserto tinha um acabamento fosco por toda a sua superfície, exceto em um pequeno ponto na parte de trás onde seria utilizado como espelho de sinalização possuindo um pequeno furo central para a visada, além de uma gravação logo acima que mostrava a sua utilidade e a discriminação, abaixo em três línguas diferentes.

Inserto metálico que era fornecido junto das facas Jungle King II até o período de 1985.
Foto retirada do site de Don Rearic.

O arpão que acompanhava o conjunto também era bem simplista e tinha, além da utilidade de arpão, a possibilidade de ser utilizado como chave de fendas, abridor de garrafas e desatarrachador de manilhas.


Arpão fornecido com a AITOR Jungle King II até aproximadamente 1985 quando foi substituído pela skinner JKII.
Foto retirada do site de Don Rearic.

Evolução do projeto.
Depois dos testes realizados no protótipo Jungla 464 no mesmo período do lançamento da Jungle King II e, promovendo as alterações sugeridas pelos editores da revista Armas, uma destas sugestões foi dotar esta faca com uma pequena skinner, pois uma faca grande é muito eficiente para as tarefas pesadas que a sobrevivência exige mas para pequenos afazeres como os de descascar uma fruta ou legumes, fazer entalhes em peças de madeira para a confecção de armadilhas ou mesmo para fabricar algum utensílio como uma colher ou garfo, esta fica um tanto desajeitada, o que seria resolvido com a adição ao conjunto dessa pequena faquinha. Ocorre que os projetistas da AITOR também acabaram por resolver fazer um up grade na recém lançada Jungle Kung II e confeccionaram para ela uma pequenina skinner que teria como função secundária poder ser usada como arpão e ainda incorporaria a função de abridor de latas, fato este que resultaria na maior conservação do fio da faca, haja vista que em uma emergência seria essa parte da faca que sofreria as conseqüências dessa árdua tarefa.
Uma observação deve ser feita a esse acessório tanto da JKI quanto da JKII, os manuais da AITOR para ambas as facas mostra estas skinners sendo utilizadas como arpão mas há que se dizer que elas na verdade são esviceradores e não arpões, arpão sim era o primeiro modelo pois a fisga desse modelo era pontiaguda, sobressaía-se para além da largura do cabo e não tinha a sua base afiada, o que resulta no corte da parte da pele do peixe ou animal arpoado e do escape dessa ferramenta do referido animal, o skinner que é fornecido hoje, além de ter uma ponta arredondada, que só se justifica em uso como skinner e não como arpão, ainda tem a reentrância do “arpão” afiada e isso é usado por caçadores para abrir a barriga de animais abatidos sem correr o risco de furar alguma parte interna desses animais correndo o risco de contaminação da carne. Não sei se ao criar essa ferramenta os projetistas da AITOR pensaram nisso e depois houve uma falha das ilustrações artísticas e da descrição das utilidades ou se eles copiaram essa utilidade de alguma outra já existente mesmo sem conhecer realmente a verdadeira função desse detalhe, o fato é que, eu mesmo nunca utilizaria uma skinner como estas para a função arpão, correndo o risco de perder uma ferramenta com tanta utilidade em uma tarefa tão facilmente contornável apenas com a confecção de um arpão de madeira usando-a para esse serviço. Um outro fato que torna essa ferramenta imprópria para ser usada como arpão é que a ponta do que seria a fisga dessa skinner não é aguçada, pelo contrário, ela é bastante cega, o que a caracteriza ainda mais como esvicerador pois assim não há o risco de furar as vísceras. Pensemos por um momento. Ao fisgar um peixe (ou animal) com essa ferramenta, este invariavelmente irá se debater, fazendo com que o fio da skinner abra um corte do lado oposto à fisga, tornando mais fácil deste “arpão” escapar, some a isso, a reentrância da fisga ser afiada e cortando também a pele do lado oposto, isso a fará muito mais fácil do peixe (ou animal) escapar ainda, como agravante, ferido, podendo ir morrer longe do sobrevivente.

Acima a skinnser da faca Jungle King II, notem a “fisga” com a base afiada e a ponta da mesma sem muito aguçamento além do fio de corte no lado oposto, o que a inviabiliza como arpão.

Mas não foi somente a skinner que sofreu alterações nesse período pois como a AITOR acabou percebendo ao realizar as sugestões do projeto Jungla 464 transformando-a na Jungle King I, os projetistas da empresa também sentiram que o projeto Jungle King II poderia ser bastante melhorado com muito pouca alteração em seu projeto, na realidade, mexendo-se apenas na skinner e na bainha. A primeira dessas alterações foi no inserto que passou a ser fornecido em forma de uma gaveta feita no mesmo material que a bainha e agora tinha um espaço para a colocação da borracha e malha sem ter que colocar o arpão para a sua fixação, pois esta tem uma série de “trilhos” onde a borracha se encaixa adequadamente e, do outro lado, um encaixe para se guardar a Skinner de forma a deixá-la sempre em situação de pronta utilização, bastando puxar o cordão que já é fornecido pela fábrica e vem amarrado em seu cabo,e esta desliza por dentro desse encaixe, da mesma forma à sua devolução na bainha, bastando encaixá-la e empurrá-la até o fundo do seu espaço correspondente.
Uma outra alteração digna de nota também foi a adição de gravações em alto relevo no fundo dessa gaveta, dos símbolos de sinalização terra-ar com o corpo para que um sobrevivente em situação de avistamento por um avião possa saber transmitir a sua situação ao piloto da aeronave para que este possa dar início a uma operação de resgate, realmente isso pode definir muita coisa em se tratando de um sobrevivente de qualquer desastre e de qualquer natureza.
O espelho de sinalização, que antes era parte integrante do inserto, sendo apenas um pequeno retângulo polido em meio ao restante do inserto que era fosqueado por jateamento, agora passou a ser apenas um retângulo de aço inoxidável do mesmo tamanho que o polimento do inserto anterior e com um furo em seu centro, e que é colado no fundo dessa gaveta ao lado de uma gravação em alto relevo, de sua forma de utilização, que a meu ver, poderia ser extinguido pois assim se ampliaria o espaço de acoplamento da skinner pois esta fica com uma porção muito grande para fora da gaveta.

 Acima a gaveta do novo modelo em frente e verso que, além de mais fácil de ser usadas possuem mais algumas vantagens como a gravação dos sinais terra-ar com o corpo e método de utilização do espelho de sinais de forma mais prática. O termômetro instalado ao lado da borracha é um incremento meu que será abordado em matéria futura sobre a customização destas facas.

A re-estruturação da bainha causou alterações à parte externa também, pois com a adição da gaveta, esta teve que ser um pouco aumentada, tanto na sua largura quanto na altura e, já que se teria que confeccionar outro modelo de bainha, resolveram os projetistas, adicionar mais uma utilidade a esta. Por causa do formato tronco-piramidal da bainha onde a parte de cima é mais grossa e larga do que a parte de baixo e por causa do material usado na sua confecção ser bastante liso, a utilização de uma corda que pudesse ser enrolada em seu entorno era algo bastante incômodo, pois esta acabaria descendo e afrouxando, remontando sobre os garfos da bainha, dessa forma, os projetistas resolveram adicionar nas laterais da bainha quatro pequenas saliências que tinham furos passantes de forma a permitir que se passasse uma corda fina por entre eles e se pudesse enrolá-la por fora da bainha e esta não viesse a se desenrolar. Sem dúvida nenhuma, uma adição de peso ao conjunto, pois a utilidade de um elemento desses é realmente de valor inestimável. A bainha foi também um pouco esticada, tornando-se alguns milímetros mais longa do que a sua predecessora.
Nesta foto vemos as duas bainhas, a antiga, acima e a nova, abaixo, notem o maior tamanho tanto na altura quanto na largura e comprimento do modelo mais novo.
Foto retirada do site de Don Rearic.

A faca, em si não sofreu alterações, embora a tampa dos modelos iniciais tenha sido vendida sob a designação Jungla 463, talvez por economia, pois acredito que uma grande partida dessas peças tenha sido fabricada antes da faca mudar de nome e, portanto, seria inviável jogar tudo fora e partir do zero.
A Jungle King II não foi como a sua irmã maior, JKI, oferecida com bainha de couro, mas somente com sua bainha original em polímero injetado, embora alguns artesão do couro pudessem ter fabricados bainhas muito bem elaboradas para essa faca, como vemos a seguir.

Acima vemos dois tipos de bainha projetados e confeccionados por artesãos do couro particulares, a primeira mais ao estilo combate/tática, a segunda mais ao estilo bushcraft.

Descrição.
Com relação ao design, a lâmina da JKII é realmente uma peça de rara beleza, suas linhas recurvada na região do fio, aumentam a superfície de corte, a ponta possui uma curva mais ampla e esta curva facilita bastante para o caso de se usá-la para retirar peles de animais ou, até mesmo, fazer escavações em madeira pois com a base da lâmina mais estreita, pode-se manobrá-la melhor dentro de concavidades e perfurações. Sua ponta em formato drop point culmina a cerca de 30% abaixo da linha do dorso e isso, somado ao cabo redondo ajuda muito quando se vai utilizá-la para a fabricação de pranchas ou mesmo soquetes para acender fogueiras no velho sistema de bow drew.
Como toda faca do gênero, possui uma serra de dorso e esta o tem em formato triangular com dentes duplos cruzados e voltados para a frente é muito mais eficiente que a maioria das serras de facas fabricadas até então com apenas uma carreira de dentes inclinados para trás e de base arredondada. Quanto a essa serra, vale a pena frisar que, embora a lâmina não seja tão fina, 4 mm, ela funciona muito melhor que a da sua irmã maior, mesmo não tendo os já tão referidos desbastes na lateral da lâmina para auxiliar na penetração da lâmina no material serrado, esse fato já me deixou bastante intrigado também quando efetuei os testes da faca Commander III da Tramontina que é, na realidade, uma cópia da faca Explora Survival, projetada pelo Dr. Charles Brewer e fabricada pela Marto, também na Espanha, a única hipótese que me ocorreu até o momento é a de que, quanto mais finas as lâminas, mais eficientemente trabalham essas serras.
O cabo, como já foi dito, é injetado em uma liga de alumínio desenvolvida pela própria fábrica, que a denominou peralumal que possui uma excelente resistência e flexibilidade para auxiliar na absorção de golpes. O encaixe com a lâmina é muito justo, tanto que não se observa folgas ou espaçamentos nessa parte da junção com a base da lâmina e, por falar nessa junção, possui uma base antes da guarda que serve de apoio adicional à lâmina de forma que esta não precisa sofrer um estreitamento logo de cara na junção com a guarda, pois isso só ocorre depois que esta ultrapassa a linha inicial do reforço. Esse apoio também serve de um encaixe adicional para o dedo indicador quando se pretende efetuar algum trabalho de maior precisão. Na linha da guarda ambos os elementos, lâmina e cabo, são furados e contrapinados com um pino elástico no mesmo estilo da sua irmã maior e após isso, logo após o termino do fundo do cabo, recebe uma injeção de adesivo de base epoxínica que ajuda a evitar vibrações de efeito destrutivo, além de auxiliar na fixação e vedação do conjunto.Um parêntese deve ser aberto a respeito da fixação da lâmina pois o fato é que ela é muito bem ajustada ao cabo, de tal forma que eu nunca vi nem li nada a respeito de alguma lâmina que tenha se soltado ou, de outra forma, de algum cabo que tenha se partido, mesmo estas facas estando sendo fabricada a tanto tempo e sendo, inclusive, motivo de muitas páginas em fórums de armas de fogo ou armas brancas tanto aqui no Brasil quanto no resto do mundo, mais notadamente ainda na Espanha.

Radiografia do encaixe da lâmina no cabo de uma Jungle King II. Nota-se que após o fundo do cabo, na base da mola de ejeção da cápsula, o conjunto recebe uma grossa camada de cola epox como auxiliar de fixação e vedação.
Foto retirada do fórum "Armas Blancas".

Kit de auxílio à sobrevivência.
Um Norte americano chamado Don Rearic contemporâneo a mim que possui um blog para falar sobre esse tipo de assunto e que também gosta desse estilo de facas possui três dessas JKII em sua coleção costuma chamar estes kits de "guloseimas", então, vamos a elas.
Dentro do cabo das JKII existe uma mola que causa a ejeção de uma cápsula de plástico que contem alguns itens de auxílio à sobrevivência e isto é uma inovação da AITOR, pois até então, nenhuma outra faca teve a idéia de colocar uma mola pra facilitar esse serviço. Essa mola espiral tem formato tronco cônico podendo-se, assim, apertá-la até que encostem todos os fios no fundo do cabo sem que eles remontem uns nos outros.
Obs.: Os primeiros modelos de facas Jungle King II não possuíam essa mola mas sim uma espuma colada no fundo do orifício do cabo, de tal forma que pressionavam a cápsula para fora e de encontro com a tampa para que não ficasse chacoalhando quando se usasse a faca para cortar qualquer coisa a golpes.
A cápsula de sobrevivência é feita em um plástico transparente que eu acredito ser o metacrilato pela excelente resistência que apresenta e possui dois compartimentos separados, um maior, onde estão os itens de auxílio à sobrevivência e outro menor, que serve para a guarda de fármacos da preferência do usuário, tais como comprimidos para a purificação de água, para febre, dor ou antibióticos. Dentro do compartimento maior iremos encontrar os seguintes itens de auxílio à sobrevivância:
1- 2 curativos adesivos;
2- 1 pinça;
3- 1 lâmina de bisturi, que juntos compõem o kit de 1os socorros;
4- 1 barra de pederneira, para acendimento de fogo;
5- 2 agulhas de tamanhos diferentes e um pequeno pedaço de plástico rígido dentro de um pequeno tubo com tampa de pressão;
6- 2 alfinetes de prender fraldas, que juntamente com as agulhas e linha compõem o kit de costura; 
7- 3 anzóis de tamanhos diferentes já cada um com alguns metros de linha com diâmetro 0,25 mm;
8- 1 fino rolinho com alguns metros de linha também 0,20 mm;
9- 3 chumbadas pequenas, que formam o kit de pesca do conjunto;
10- 1 pequeno e fino lápis para anotações.
Em uma das facas que eu comprei, o antigo proprietário transcreveu em um pequeno pedaço de papel, o código Morse e colou por fora da cápsula com um adesivo transparente de muito boa qualidade e, como isso não interfere em nada na retirada ou inserção da cápsula de dentro do cabo, eu deixei lá, talvez eu o re-faça novamente no futuro utilizando impressão digitalizada em papel transparente e troque essa pequena tabelinha, mas, por enquanto, ela está lá e lá vai ficar. 
Para fechar o compartimento do cabo existe, como já foi dito, uma tampa feita em alumínio injetado e na sua parte interna temos uma pequena bússola (ou bússola botão, como são também chamadas), com 18 mm de diâmetro. As bússolas iniciais que eram coladas na tampa das JKII eram feitas com um casquilho duplo de latão que, segundo o fabricante servia como uma jaula de Faraday, isolando a agulha magnetizada contra interferências externas, mas isso é uma meia verdade e eu não sou nenhum especialista em magnetismo, mas até onde eu sei, isso só serve para campos elétricos e não magnéticos e se o usuário estiver sobre uma área onde exista uma jazida de magnetita ou mesmo de ferrita ou, ainda, junto a áreas com estruturas metálicas ou seja lá o que for que cause atração magnética, essa "jaula" não protegerá o seu instrumento de apresentar uma leitura errada. Bom, o fato é que a partir de algum tempo que eu também não sei precisar, a AITOR passou a dotar as suas facas de sobrevivência com bússolas com casquilho em plástico, porém, apesar de serem bússolas com pontos fosforescentes e elementos líquidos em seu interior para amenizar as vibrações e estabilizar o disco graduado, não tem qualidade exemplar como o resto do equipamento, Estas bússolas são fabricadas por uma empresa japonesa que não coloca, sequer, o seu nome, mas somente "Made in Japan" e a qualidade é tão sofrível que eu não conheço uma sequer dessas bússolas com mais de 5 anos de uso que não tenha dado problema, ou porque o líquido vazou, ou porque a agulha perdeu o magnetismo ou ambos.

A tampa do cabo da JKII em duas vistas. Notem a bússola tipo botão no seu interior que já teve que ser substituída pois a original já foi comprada com problema, lembrando que esta faca foi comprada usada e foi confeccionada na década de 80, nos primórdios da fabricação deste modelo

Na bainha, como já foi comentado, existe uma gaveta com os símbolos de sinalização terra-ar com o corpo que pode auxiliar o sobrevivente a fazer sinais para aeronaves de busca.





A foto acima mostra os sinais terra/ar impressos em alto relevo no fundo da gaveta da bainha.



Existe, também, um espelho de sinais que cobrem o quesito sinalização do conjunto;


O espelho de sinalização ou heliógrafo e a ilustração da sua utilização em alto relevo.

A borracha com malha, somada à forquilha dobrável da extremidade do cabo darão auxílio no quesito caça, principalmente de aves, que são os animais mais abundantes fora os peixes;


Acima e na seqüência vemos a borracha com malha e, logo após, a forquilha desdobrada na extremidade da bainha. A borracha e malha que vemos na foto não é a original, mas a que veio com a faca que eu comprei de segunda mão e carece de troca por uma original


Externamente encontraremos a corda com resistência mais do que suficiente para o que se precisar dela e a pedra de afiar, que ajudará a manter o fio da faca operante sob quaisquer circunstâncias.

Nesta foto podemos ver tanto a corda enrolada na parte externa da bainha quanto a pedra de afiar logo abaixo desta.

Além das funções de auxílio à sobrevivência, temos algumas engenhosidades que ajudam a trazer maior conforto e praticidade ao conjunto, tais como o passador de cinto que pode ser aberto para que possamos colocar ou retirar a faca da cinta sem ter que abrir o cinto para tal função. Essa parte da bainha é composta de três fitas de nylon tramadas de forma que a primeira, que fica logo mais atrás do conjunto possui um terminal injetado feito do mesmo material da bainha que tem uma protuberância parecida com uma trave, a parte mais à frente do conjunto tem um orifício retangular de tal modo que a “trave” encaixe-se nele e fique protuberante para que a última fita, na verdade uma lingüeta com terminal injetado como nas demais, encaixe-se de forma a se ajustar à “trave” para que todo conjunto fique preso. Mais abaixo, nessa fitas, fica o prendedor de cabo para a faca, que segue o mesmo padrão do prendedor de cinto e, embora isso permita saques silenciosos, é um pouco demorado para se soltar a faca e, devido a sua posição, também pode dificultar um saque mais rápido, além de ser bastante complicado para se prender novamente a faca em seu lugar, se o usuário estiver usando somente uma mão, contudo, é, ainda, muito funcional.


Nesta seqüência podemos ver como se procede a abertura do passador de cinto da bainha e, por último, o sistema de fixação do cabo da faca junto à bainha.

Ao final da bainha, existe um furo para o escoamento de água para o caso desta se encher por ocasião do vadeamento de algum rio ou em caso de o usuário apanhar muita chuva e, abaixo desse furo existe um outro furo de menor diâmetro com um olhal transpassando-o que tem dupla função, a primeira é fixar uma pequena peça plástica que tem por finalidade manter a forquilha da atiradeira presa de forma adequada em seu lugar e a segunda é servir de passador para um pequeno pedaço de cordel de diâmetro e material algo mais grosso do que o usado ao redor da bainha, este cordel tem a finalidade de servir para amarrar à perna do portador da faca para que esta não fique chacoalhando ou batendo. Na extremidade desse cordel existe uma outra engenhosidade que é o prendedor de perna, um acessório feito em duas peças injetadas no mesmo material que a bainha que possui uma furação para a passagem do cordel de tal forma que se você passar o cordel e prendê-lo à perna, ele não corre. Estas peças possuem um encaixe em cada extremidade que, para encaixar uma à outra, basta colocá-la de lado e torcê-la e para desacoplá-la, basta destorcer e, para regular o comprimento da corda, basta puxar a sua extremidade até que esteja presa com a pressão que se desejar. Ambas estas engenhosidades não são invenções exclusivas da AITOR pois eram vistos na faca Explora Survival da, também espanhola, Marto, projetada pelo Dr. Charles Brewer Carias de Caracas, Venezuela e personagem de futura postagem que pretendo fazer.

A seqüência de desengate do prendedor de pernas que é parte integrante de todos os modelos JK.

Modelos.
Desde o início de sua fabricação em 1984, a AITOR fabricou as JKII em três versões diferentes, que são: Lâmina em aço inoxidável jateado e cabo negro, lâmina negra e cabo negro e lâmina negra e cabo camuflado, todas elas com serra de dentes triangulares cruzados. A partir dos anos 2000, como medida de diminuição de custos também para outros modelos, a direção da AITOR decidiu trocar a serra destas facas para um modelo que além de mais barato de ser confeccionado, era também mais eficiente que nada mais seria que um desbaste em ângulo de aproximadamente 45º com um rebolo redondo que cria dentes com base arredondados com uma entrada de cada lado intercalada até sair do outro lado fazendo uma leve concavidade na parte superior destes dentes, o que recebeu o nome de serra de almena e que faz o trabalho de serrar muito mais macio. Não vou falar da operação de desbaste da lateral da lâmina nesse modelo de faca, pois a JKII nunca o teve.
Os padrões de cores do modelo JKII são os mesmos até os dias de hoje, mesmo após o fechamento da AITOR e a sua reabertura através da sua compra pela empresa PIELCO (postei mais detalhes sobre isso na matéria sobre a faca AITOR Jungle King I), onde, então, passou a fabricá-la também na versão camuflada em preto e branco com o cabo preto, ou seja, uma versão de camuflado urbano.
Uma observação deve ser feita. A partir de algum momento depois de 2008, as facas AITOR/PIELCO Jungle King II passaram a ser fabricadas na cidade de Ryca na Indonésia e eu não sei precisar se a qualidade e materiais continua sendo o mesmo, mas a pintura do cabo camuflado mudou de padrão,
As três opções de modelos das facas JKII.

Foto promocional anunciando que as facas JKII agora são fabricadas na indonésia.

Novo padrão de cores que são fabricadas as JKII com cores mais vivas e definidas.
Jungle King II no padrão de camuflado urbano.

Tanto nas JKII quanto nas JKI, as primeiras unidades fabricadas não tinham os elementos da liga do aço inscritos na lâmina mas apenas depois do início da década de 90 é que passou-se a timbrar a lâmina com os símbolos químicos do cromo, molibdênio e vanádio, elementos da composição do aço das facas AITOR.

Identificação do período de fabricação de cada JKII.
Pode-se identificar os períodos de fabricação destas facas por algumas características, pois, nas primeiras séries, fabricadas de 84 a 85, possuíam as bainhas com insertos de metal sem skinner e cordas; de85 a 87, aproximadamente, possuíam bainhas com inserto plástico, skinners mas a tampa do cabo ainda tinha o nome "Jungla 463"; de 87 a 90 (aproximadamente) possuíam serras de dentes de lobo e não tinham a inscrição dos elementos de liga timbrados na lâmina; de 90 a 96 as facas tinham serra tipo dente de lobo mas já possuíam as inscrições dos elementos de liga logo abaixo da logomarca da AITOR; De 1996 até 2002 (ano do encerramento das atividades da AITOR) a AITOR adotou o modelo de serra de almena que tem as bases arredondadas. As facas desse período começam a ser numeradas e possuem a letra "A" como prefíxo antes do número; Em 2007, a AITOR reabre através de um acordo com a empresa Pielco que agora é sócia-proprietária e única dostribuidora dos produtos AITOR (agora AITOR/PIELCO), passa a ter as mesmas inscrições na lâmina que tinha antes de fechar, apenas que, agora, as letras da logomarca da AITOR são vazadas e não mais preenchidas; As lâminas da AITOR/PIELCO a partir de 2010 tiveram uma outra alteração, agora as inscrições na lâmina são vazadas e inscritas por um pantógrafo CNC onde uma broca percorre o caminho das linhas das letras e riscam a superfície do aço e o continuam a ser numeradas, apenas que a partir desse período, a letra de prefixo passa a ser o "B" e não é mais à baixo do logo da AITOR, mas na base da lâmina.

Embalagens.
Inicialmente, as JKII eram fornecidas com uma caixa que tinha uma foto de uma JKII em aço inox jateado e com cabo preto sobre algumas pedras, na parte mais abaixo desta foto havia uma série de 24 figuras em forma de ilustração que mostravam as opções de utilização de cada acessório do kit de sobrevivência da faca. Na parte de trás desta caixa havia um descritivo em cinco línguas distintas (espanhol, inglês, francês, italiano e alemão) mencionando o material da lâmina e do cabo, suas dimensões e peso e alguns outros detalhes como a dureza de têmpera, a composição do aço, composição do kit de sobrevivência, materiais de fabricação da bainha, etc.
A princípio, a faca vinha em um estojo de isopor injetado com espaço separado para a faca, a bainha e a cápsula de sobrevivência e era individual, ou seja, a parte de papel cartão envolvente tinha impresso somente a foto da JKII, portanto, era distinta de sua irmã maior que também tinha a sua própria embalagem.

Parte frontal com o estojo de isopor injetado com os locais distintos para faca, bainha e cápsula de sobrevivência.

Parte de trás da caixa onde podemos verificar cinco colunas de descrição das características e utilidades da faca.

Após algum tempo depois do início de 1990, as caixas da Jungle King I e II passou a ser praticamente idêntica se vista de frente, porém, quando vista de fundos revelava as suas diferenças, pois estas tinham a impressão de cada modelo com as suas utilidades esparramadas e as descrições em 4 línguas, como na caixa da JKI, foi abolido o italiano.


Caixa das facas Jungle King II fabricadas na década de 90.

A partir dos anos 2005, a AITOR começa a entrar em estado crítico em suas finanças e passa a modificar seus modelos e as embalagens também perderam status. Assim como nas facas JKI, as JKII passaram a ser fornecidas em uma caixa menor e mais genérica sendo usada para vários modelos de facas da AITOR, sendo apenas identificada através de uma etiqueta redonda na coloração marrom claro com o nome do modelo.

Modelo genérico de embalagens de facas da AITOR.

As últimas embalagens feitas pela AITOR para as suas facas nada mais eram do que uma simples caixa com uma coloração verde sem estampa nenhuma e a única coisa que identificava qualquer dos modelos que estivesse dentro desta era a etiqueta usada nos modelos anteriores. Eu não sei quanto realmente uma impressão personalizada pode acrescentar de custo em uma peça destas, mas não creio que seja algo tão significativo assim, se comparado com o material e todas as tarefas de usinagem de um produto dessa natureza, mas a ponto de uma empresa desse porte parar de se preocupar com o marketing e utilizar apenas uma caixa sem qualquer apelo é porque não queria repassar mais um custo ao consumidor.
Como já mencionado, a AITOR entrou em dificuldades e fechou as suas portas em 2002 e em 2007 (cinco anos depois), a PIELCO comprou as suas unidades fabris, produzindo os seus modelos antigos e mais alguns projetos novos com muito boa aceitação no mercado, tais como AITOR Zero e AITOR Uno, etc.. Desde que assumiu, a PIELCO mudou novamente a embalagem das facas AITOR as confeccionando agora em um padrão multicolorido em tons azuis claro e escuro mesclados, além do brasão e legenda da AITOR e faixas  em vermelho e verde em uma combinação de gosto bastante duvidoso.


Atual caixa que é fornecida a faca Jungle King II da AITOR/PIELCO.

Nova mudança de mãos.
Atualmente, a empresa que é detentora da marca e das instalações da AITOR é uma empresa de nome REHABE que, ao que indica aos seus funcionários e público, pretende recolocar a AITOR no topo das fabricantes de facas mundiais.
Suposições sobre as dificuldades de se manter no mercado.
Eu nunca entendi como uma empresa como a AITOR, detentora de lâminas de enorme sucesso mundial como Jungle King I, Jungle King II, Commando, Oso Negro/Blanco, Zero, canivetes como Gran Capitan, Gran Turista e mesmo o canivete padrão das forças armadas da Alemanha, consegue quebrar. Devemos lembrar que outras empresas familiares do ramo de cutelaria da Espanha como a Marto, também quebraram depois da morte do patriarca e fundador da empresa, mas o que mais tem causado os problemas financeiros destas empresas são as cópias baratas e não autorizadas, notadamente as de distribuição chinesa, notadamente no caso da AITOR, que consegue colocar em mercados como o nosso, por exemplo por 1/10 do valor de um exemplar original
Militaria.
Embora não seja uma faca de combate e nem tenha lá um formato apropriado a usos militares, haja vista que não tem uma ponta mais aguda e a serra pode atrapalhar um pouco a penetração, mas algumas unidades militares já adotaram a JKII no passado, tendo-a substituído por outras de conceitos mais modernos, perfis mais baixos e até menores custos, pois se ela não é um modelo dos mais caros, também não é dos mais econômicos. A maioria dos soldados que a utilizam acabam adquirindo-a por conta própria e anexando-a ao seu equipamento, muitas vezes em redundância ao equipamento fornecido.


A foto acima mostra um soldado no oriente médio fechando um caixão e portando uma réplica de JKII exatamente igual ao modelo que eu possuía no passado. Pode se notar o gancho de entrada para o cortador de arames no final da bainha.

O soldado acima pertence a uma tropa espanhola e participa de um treinamento utilizando uma JKII à cinta.

O marine da foto acima porta uma JKII negra na cinta durante um treinamento de patrulha.

Esta foto, retirada de um jornal na Colômbia, mostra um soldado das tropas regulares chorando a morte de um companheiro depois de um ataque das FARC. O soldado morto porta o que parece uma JKII ou uma réplica presa no peito.

Mancha negra.
Um fato que ficou marcado na história recente da faca Jungle King II é o de que o jornalista americano Jim Foley, que foi decaptado pelo Jihad Islâmico em frente a uma câmera de vídeo, utilizou uma JKII para executar esse serviço. Não vou me manifestar a respeito das ideologias de nenhum lado pois desconheço os fatos que poderiam ter relevância sobre um julgamento e, ainda, não estou apto julgar nada nem ninguém, apenas estrei nos fatos por referirem-se à faca em questão.
Esse fato nada tem a ver com deixar a JKII melhor ou pior, é somente para mencionar o que já foi percebido por outras pessoas e comentado em alguns fóruns.

Foto da faca JKII sendo usada pelo soldado do estado islâmico

Usos.
Eu costumo ver a Jungle King II como uma faca de escoteiros, talvez pelo pequeno tamanho e, também pelo kit auxiliar, mas o fato é que sempre que a vejo, imagino-a sendo usada por um adolescente vestindo o fardamento de alguma tropa de escoteiros. Porém, mesmo para adultos que vão a uma incursão de pouca duração ao campo e quer fazer-se acompanhar de uma boa faca, mas não quer carregar um peso muito grande, pois não haverá ocasiões de risco iminente, a JKII é uma ótima opção. Para aqueles usuários que querem simplesmente uma faca de sobrevivência portátil que tenha quase todos os acessórios disponíveis em um equipamento assim e que possa ser colocada dentro de uma mochila pequena sem ocupar muito espaço, esta também é uma ótima opção. Para aqueles que simplesmente não gostam de facas grandes ou que gostam de maior agilidade para executar as suas tarefas, experimente uma JKII e terá uma grata surpresa.
Sempre que posso vagueio pela rede em busca de bons textos para leitura sobre os meus temas preferidos (facas, arcos e acampamentos) e um escritor norte americano contemporâneo a mim tem me chamado muito a atenção pelas idéias muito semelhante às minhas e, o qual eu recomendo que procurem seu blog e deem uma lida nas suas matérias, pois tenho certeza que irão gostar muito, seu nome é Don Rearic. 
Pois bem, esse autor usou e usa (muito) duas facas de sobrevivência, a saber: uma Marto Brewer Explora Survival e uma JKII e, esta última ele gosta tanto que tem três facas no mesmo modelo em seu uso.
Don Rearick tem uma opinião que corroboro sobre facas (de todas as naturezas).
Segue trecho do texto original traduzido do seu blog.

“Retornando a um de meus temas repetitivos sobre facas com empunhaduras ocas e seus críticos; Eu direi isto outra vez: O homem é uma criatura que gosta de fazer ferramentas. O que isto significa? Você não tem que usar uma ferramenta valiosa como uma faca para ponta de lança. Não é verdade? Mas você pode usar a faca para fazer uma lança com a ponta afiada o bastante para perfurar muito bem peixes e outros animais. Você pode até mesmo esculpir fisgas na lança para prender os peixes, etc. Você não tem mesmo que arriscar a possibilidade de quebrar a faca ou, de outra maneira, de danificá-la. Você é um animal esperto, usa a ferramenta (faca) para fazer outras ferramentas (lança) e você não terá que preocupar-se sobre esta característica.
Don Rearic”

Em outro artigo do mesmo Don Rearic falando sobre kits de sobrevivência ele menciona as facas Aitor Jungle King II da seguinte forma:

Let me give you a little background about the Aitor knife I mentioned before.Deixe-me dar-lhe um pouco de fundo sobre a faca Aitor que eu mencionei antes. When I was a teenager, after my Dad died, my escape was Martial Arts and the woods. Quando eu era adolescente, depois que meu pai morreu, minha fuga era artes marciais e as florestas. My Mother would drop me off at a local park for a weekend in the summer and on one occasion, what was supposed to be a weekend camping trip ended up being a four day camping trip. Minha mãe ia me deixar em um parque local para um fim de semana no verão e em uma ocasião, o que era para ser um acampamento de fim de semana acabou sendo um acampamento de quatro dias. You know what I mean? Você sabe o que eu quero dizer?
I'm not complaining about it, just letting you know where I'm coming from. Eu não estou reclamando sobre isso, apenas para que você saiba de onde eu estou vindo. It was actually a relief to be away. Na verdade, foi um alívio estar longe.
In my opinion, I have used an Aitor Jungle King II Survival Knife in just about every situation you would reasonably expect a “Survival Knife” to perform in while trying to survive in the woods. Na minha opinião, eu usei uma Faca de Sobrevivência Aitor Jungle King II em quase todas as situações das quais seria razoável esperar que uma "Faca de Sobrevivência" executasse com alguém tentando sobreviver na floresta.
You don't have to be lost and your life in danger in order to test the knife. Você não tem que estar perdido e sua vida realmente em perigo, a fim de testar uma faca.
As I said in the other article, I did not beat on rocks with it because I was taught that a knife is not meant to be a rock hammer. Como eu disse em outro artigo, eu não bati em rochas com isso porque eu fui ensinado que uma faca não é para ser um martelo de quebrar pedras. If you want a rock hammer, get one from Estwing. Se você quiser um martelo de quebrar pedras, obtenha um na Estwing.
Allow me to explain why I am so critical of the critics. Permitam-me explicar por que eu sou tão crítico a respeito dos críticos.
Just what are you going to be prying on with a knife in the woods? Apenas qual é a sua curiosidade com uma faca na floresta? Again, a knife is a tool and we are incredibly smart and crafty (sometimes too much for our own damned good) animals. Mais uma vez, uma faca é uma ferramenta e somos animais incrivelmente inteligentes e astutos (às vezes até demais para o nosso próprio bem). We can make tools; we can use tools to make other tools. Nós podemos fazer ferramentas, podemos usar ferramentas para fazer outras ferramentas. What will you be prying on in the woods in a survival situation? Qual a sua curiosidade na floresta em uma situação de sobrevivência?
What about…around large boulders? Que tal ... romper grandes pedras? Do you honestly think you will be prying boulders apart with a knife? Você honestamente acha que vai romper grandes rochas com uma faca? If one lands on you, you won't be struggling to get your hand on another rock and then using the knife as a lever, lifting the boulder off of you. Se uma pedra grande cair em você, você não vai estar lutando para retirar a sua mão que estará presa sob outra pedra usando a faca como uma alavanca, levantando a pedra para se libertar. It's not going to happen. Isso não vai acontecer. I know the logic behind the statements and thoughts…but…I don't see where chopping or prying rocks is in any way what I would call a “realistic” test of a knife. Eu sei da lógica por trás das declarações e pensamentos ... mas ... eu não vejo onde cortar ou erguer rochas é, de qualquer maneira, o que eu chamaria de um teste "realista" de uma faca. It's like condemning a Ford Expedition because it's not a very good rubber raft. É como condenar um Ford Expedition, porque não é um bote de borracha muito bom.
“I need the absolutely toughest knife I can get…one that will not break…” - Eu preciso da faca mais difícil de quebrar que eu possa comprar... uma que não vai quebrar ...
Give up now, you are never going to have a knife that won't break. Você nunca vai ter uma faca que não vai quebrar. You will never have a knife that cannot be broken in a so-called, “torture test.” Give it up folks. Você nunca terá uma faca que não pode ser quebrado em um chamado "teste de tortura". Desistam. Get a tough knife, by all means, but understand there is a difference between being smart and allowing your pride of ownership (ego) to interfere with being smart.
Você pode obter uma faca resistente para todas as finalidades, mas entendem que há uma diferença entre ser inteligente e permitir que o seu orgulho (ego) interfira com a sua inteligência.
None of this should be construed as an endorsement to purchase garbage equipment either. Nada disso deve ser interpretado como um endosso a compra de equipamentos de lixo também. Even when I was a teenager I knew that the hollow handle “Survival Knives” that had the can opener mounted topside and close to the handle, with the large, bulbous compass on the top were garbage. Mesmo quando eu era adolescente, eu sabia que as "facas de Sobrevivência" de cabos ocos que tinham abridor de garrafas no dorso da lâmina perto do punho, com a bússola grande no topo da tampa eram lixo.
I'm saying, strike a balance. Eu estou sugerindo um equilíbrio. After I knew a good bit more about knife construction, I thought back to the Aitor Jungle King II and the roll pin that secured the blade to the hollow handle and even I had a moment of doubt. Depois que eu conheci um bom bocado mais sobre a construção de facas, eu pensei novamente sobre a Aitor Jungle King II e o pino que prende a lâmina ao punho oco e até mesmo eu tive um momento de dúvida.
Then I realized how much I beat the hell out of that knife. Então eu percebi o quanto eu bati a infernal faca. I cut and chopped with it…I even used it as a spear, which it was advertised as, it did not break. Eu cortei e piquei com ela ... Eu a usei como uma lança, como eu mencionei no artigo sobre ela que eu escrevi, e ela não quebrou. I don't even remember how many lean-to shelters and other things I built with that knife. Eu nem me lembro quantos galhos para abrigos e outras coisas que eu construí com a faca. I already did these things with it. Eu já fiz essas coisas com ela. If you treat it well, it will treat you well. Se você tratá-la bem, ela vai te tratar bem. Because I have already did more with it than your regular person is going do with it if they get lost in the wilds for a few days, I believe in it. Porque eu já fiz mais com ela do que uma pessoa normal vai fazer se ele se perder no meio de florestas por alguns dias, eu acredito nisso. With the caveat that I mentioned before, if Aitor's quality control is still up to par, I would trust it. Com a ressalva de que eu mencionei antes, se o controle de qualidade da Aitor ainda é o mesmo, eu confio nela.
Don Rearic.

A propósito, o grifo é meu. Qualquer semelhança com as Commander 1 da Tramontina não é mera coincidência. A falta de critérios dos idealizadores das facas Commander 1 da Tramontina foi tão grande que até copiou um produto que já era tido como de péssima qualidade. As commander 2 e 3 já foram copiadas de facas que foram sucessos de venda, então tem algum mérito a mais, mas, no fim, cópia é cópia e a seguir vou deixar a minha opinião sobre isso também.  

Cópias.
Eesse tipo de coisa, via de regra, não tem a qualidade do original, que foi estudado e planejado pra isso por uma equipe de idealizadores que farão protótipos e testes antes de lançar o produto no mercado e isso vai fazer com que compradores leigos que realmente não conhecem do assunto, acabem comprando esse tipo de ferramenta e se desgostando delas fazendo comentários do tipo:
_Faca de cabo oco não presta, é tudo enganação. Ou:
_Essas facas são porcaria, já tive uma e soltou a lâmina no primeiro dia. Ainda:
_As “facas do Rambo” são todas ruins e não agüentam o trabalho sério de sobrevivência.
Bom. Assim como quase tudo no mundo hoje, existem as cópias chinesas também dessas facas e, como a que eu possuía anteriormente, algumas tem qualidade aceitável, outras não, mas de qualquer forma, jamais se conseguirá obter a segurança que se pode com uma original JKII da AITOR. A maioria destas cópias é realmente barata, mas a qualidade é muito ruim, pra não dizer mais. Bainhas em material de baixa qualidade e deformadas por serem retiradas da forma antes do devido esfriamento além de materiais de péssima qualidade, lâminas apenas encaixadas e contrapinadas com um pino elástico de baixíssima qualidade que se amassa apenas por forçar a lâmina ou batê-la em algo que se pretende cortar ou, pior, parafusadas. Os acessórios imprestáveis estão entre outros defeitos dessas cópias baratas. Existem algumas destas cópias, porém, que enganam muito bem até mesmo quem tem um razoável conhecimento desse material. A um certo tempo atrás estava em uma viagem ao Paraguai onde procurava por facas da AITOR pois no passado abundavam em muitas lojas de materiais de caça e pesca nessa fronteira, então, ao entrar em uma loja, e depois de muito andar, pude ver algumas facas dessa marca na vitrine e pedi para vê-las em minhas mãos, grande surpresa tive ao verificar a qualidade da cópia de uma JKII que até o camuflado era quase perfeito. O vendedor, muito malandro, me apresentou como sendo verdadeira e me passou um preço intermediário entre o das bancas e o que poderia ser o real preço de uma AITOR e confesso que me senti tentado a comprá-la, mesmo sabendo ser falsa, porém, ao abrir o cabo, pude verificar algumas características que me desapontaram mais ainda e mudei de idéia. Os acessórios todos no tradicional acabamento e qualidade chinês, péssimos, só pra constar, e a lâmina pintada em vês de banhada ao cromo e se isso só não bastasse, mesmo tendo o cabo fixado com pino elástico bem ao estilo Chinês de materiais, então, fora de questão comprar algo de tão baixa qualidade, ainda mais com a possibilidade de deixar aquele picareta daquele vendedor com o gostinho de ter achado que me enganou. Uma dúvida que tenho é que nunca vi, aqui no Brasil, réplicas dessas facas com o cabo camuflado pois todas as que vi são totalmente pretas.
Outras dessas cópias são vendidas no mercadolivre a preços que vão de R$120,00 a R$280,00 e, se compradas com o devido conhecimento dos seus limites poderão ser usadas por muito tempo, mas qualquer coisa acima dos R$100,00 é caro pela qualidade que oferecem, principalmente porque se terá que gastar aproximadamente esse mesmo valor se quiser formular um kit de sobrevivência mais ou menos descente para ela. As originais (pelo menos é o que o vendedor afirma) estão sendo vendidas a R$880,00, o que é muito caro, pois uma importação direta, com todos os impostos e garantias fica na casa dos R$500,00 com frete e taxa de importação comprando de vendedores tradicionais da Espanha onde o risco de comprar gato por lebre é muito menor.
Uma outra coisa que gostaria de salientar é que desisti de comprar uma destas facas do ML porque o vendedor se recusa a colocar fotos reais do produto, mesmo ele tendo afirmado categoricamente que ele tem facas de todos os modelos de JKII em mãos, mesmo assim, só coloca a foto promocional da AITOR, sem caixa e sem nenhum outro detalhe que faça crer que são legítimas. Ao ser questionado sobre a possibilidade de colocar as fotos reais o vendedor desconversa e, pior ainda é verificar que na avaliação do dito vendedor existem algumas reclamações bem bizarras.
Cuidado com compras de vendedores suspeitos e reparem nos seguintes detalhes: Lâminas pintadas, forquilhas de estilingue com pontas mais longas que se protuberam para além da bainha, kits de sobrevivência que não vem em cápsula dupla e com os referidos itens relacionados anteriormente, borrachas e malhas de péssima qualidade, lâminas parafusadas ou, mesmo contrapinadas, mas frouxas, tampas sem logotipo da AITOR e o nome da faca em alto relevo, entre outros prováveis defeitos.



Finalizando.
Espero que tenham gostado da leitura e que aqueles que tem as verdadeiras facas Jungle King II, postem aqui seus comentários, para que eu e outras pessoas possamos saber das suas experiências. Para aqueles que tem dúvidas sobre se as suas facas são ou não autênticas, também podem escrever que eu tentarei esclarecer essas dúvidas da melhor forma que eu puder.


13 comentários:

  1. Hola Sandro: sigo disfrutando estas publicaciones de los cuchillos que siempre quise tener, y que solo llegué a probar el JKI en casa de un amigo para tareas más que domésticas... Sobre los Aitor JKII creo que poco se podría mejorar en su diseño, salvo quizás colocar la brújula por separado del mango: en un diseño hipotético se podría colocar -por ejemplo- en la parte superior de la vaina, al estilo de los IZMASH rusos, tal vez hasta desenroscable. Divago... Saludo cordial

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  2. Olá Cristian.
    Esta pequena grande faca é um instrumento realmente fantástico, obra de um gênio criativo que estava realmente à frente de seu tempo. Apesar de gostar mais de facas maiores devido aos ambientes que temos aqui no Brasil (selva pesada) mas eu não me sentiria desamparado com uma JKII caso algo ruim me acontecesse.
    Un saludo desde Brasil.
    Sandro.

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  3. exelente post Sandro. Poseo un JK2 de los primeros con la sierra de dientes hacia atras y boton automatico para sujetar el cuchillo a la vaina. Este cuchillo fue usado y abuzado por mi padre en en el maletero del auto durante años. Recientemente lo he restaurado lo mejor posible y espero sacarlo al campo en mi proxima salida de caza con arco.
    Saludos desde Argentina
    Victor

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    1. Hola Victor.
      Perdona-me por i malo espanhol, pero voi intentar hablar en su lingua (o quien sabe un portunhol, talvês).
      Que bueno que husted conseguiu este cuchillo, tengo certeza quie no vá te decepcionar.
      Tambem pratica caza con arco?! Con que tipo de arco pratica e que tipo de animales costuma caçar? Aqui en Brasil somos prohibidos de caçar pues nuestra legislacion é mui retrograda e non conseguimos eligir buenos governantes para una regulamientacion favoravel pero, talves isto venga a cambiar nesta próxima troca presidencial. Quien sabe!?
      Un grand saludo.
      Sandro

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  4. poxa camarada q esxelente analize ,pois bem eu pensso numa jungle kingII,com serrilha CrkT m21-12G na parte frontal inferior.cabo da anaconda da tops knivers, de preferência na cor camo, em Full Tang,bainha em couro a princípio, será em carbono, abços Silvestre

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  5. Olá... eu tenho uma Jungle King II há mais de 20 anos e gosto muito dela, moro em Manaus, Amazonas e sempre que vou dar um passeio pela floresta eu a levo e ela nunca me deixou na mão... está como a comprei porque além da qualidade da faca eu cuido muito bem dela. Ótimo artigo.

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  6. Obrigado pelo elogio e é uma satisfação trocar algumas linhas com quem tem e utiliza uma Jungle King II pois assim, corrobora as minhas palavras sobre a qualidade das mesmas. Tenha a certeza de que vai ser sua companheira de aventuras por muitos anos.
    Um forte abraço.
    Sandro.

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  7. bonjour sandro je voulais vous remercier pour toutes les information sur le jungle king 2 qui mon permise d identifier le couteau que je viens d acheter en occasion je suis heureux car il est de la premiere generation 84 85 jungla 463 en bon etat merci portez vous bien didier de Belgique 05 avril 2021

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  8. Olá Didier, da Bélgica. É sempre um prazer ajudar alguém a identificar um modelo de sua AITOR e disponha.
    Estou escrevendo a resposta em português mesmo pois creio que não terá dificuldade em traduzir e se eu utilizar algum tradutor corro o risco de trocar algum termo e acabar falando besteira, portanto, vai assim mesmo.
    Um forte abraço.
    Sandro.
    E desculpe a demora na resposta pois o blog não me informa que tem comentários e como tenho pouco tempo livre, as vezes acabo deixando o blog por algum tempo sem visitar, mas sempre acabo respondendo.

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  10. Hola! Hoy entré al blog en busca de material nuevo, pero como no encontré (muy a mi pesar) nada de los últimos tiempos.... simplemente leí de nuevo este espectacular artículo, el cual es un disfrute. Muchas gracias por tanta info y la manera criteriosa en que la presentás: saludo cordial desde Argentina

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  11. Tengo un survivor igual. Aún lo uso, tiene 30 años ya

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