Como já falei
antes, os arcos pré-históricos não passavam de uma vara arqueada e amarrada com
um cordão de fibras naturais e que era utilizado para lançar varas mais finas
com força letal a uma distância e velocidade maior que se fosse lançado pelas
mãos humanas.
Com o passar
do tempo, o ser humano notou que uma ponta da vara que ele usava arqueava mais
que a outra e, dessa forma, ficava mais fragilizada e vinha a quebrar-se com
maior facilidade. A partir dessa observação e dotado de raciocínio lógico,
pensou que se desbastasse a extremidade mais grossa de forma a vergar com a
mesma intensidade que a mais fina e tal divisão de esforços poderia fazer com
que o arco durasse mais. E foi assim, pelo senso lógico e pelo método da
tentativa e erro que o homem descobriu a geometria correta de um arco em seu
modo mais primitivo.
Como não
dotava de instrumentos de corte modernos, o homem primitivo usava pedras
lascadas para essa atividade, o que o fazia ter que raspar a madeira para
conseguir esse desbaste. Ao contrário do que muitos leigos possam pensar e
apesar de acertarem quanto ao fato deste processo ser extremamente lento, mas
essa meticulosidade toda ajudava na hora de garantir que as fibras não fossem
cortadas de forma errônea, vindo a comprometer todo o processo pois é
necessário frisar que mesmo um ínfimo corte transversal às fibras da madeira
usada para a confecção de arcos pode levar todo o processo por água abaixo,
portanto, a raspagem com pedras ou cacos de vidro é, ainda hoje usada por
muitos Bowiers modernos (bowier= Fabricante de arcos em inglês).
Um aparte vou
fazer aqui sobre o uso de termos em outras línguas. Se você é como eu que odeia
inserir termos em inglês no meio das frases ou para referir-se a alguns
equipamentos, aqui você vai enfartar pois como eles (os ingleses), estão muito
mais adiantados do que nós na utilização destes instrumentos, é natural que a
maioria dos termos sejam falados ou escritos na língua deles (os ingleses) pois
até mesmo para a compra de acessórios será impossível fazê-lo se não conhecer
alguns desses termos. Esse aparte, na verdade é antecipado pois é na hora de
comprar arcos modernos que isso será sentido com maior intensidade, mas mesmo
assim, não quer dizer que arcos tradicionais não tenham a sua dosagem de nomes
complicados, vamos ver alguns deles.
Stick bow.
É um tipo de
arco obtido de uma vara com o diâmetro do arco que vamos extrair dela, apenas
com uma das laterais desbastada para que vergue de forma idêntica à outra.
Pelos ensinamentos que consegui através dos meus tios maternos, usava-se a
perobinha, o ipê, o marfim, a sapuva, algumas árvores frutíferas como a
pitangueira, a cerejeira e a goiabeira (mas esta última é quase impossível
tirar uma vara reta a partir dela), entre outras madeiras. O processo exige uma
fogueira para fazer a extração da casca da madeira e auxiliar na secagem, pois
ao passar-se a vara sobre as chamas, a casca vai queimando e o aquecimento da
madeira faz com que a seiva vá sendo expelida pelas pontas. Não deixe a madeira
sobre as chamas, mas passe-a em sentido longitudinal rapidamente e vá girando-a
para que vá sapecando de forma uniforme e lenta.
Depois dessa
tarefa feita, espera-se a madeira esfriar e procede-se o desbaste da
extremidade mais grossa, sempre aferindo para ver se está se curvando de forma
idêntica ao outro lado.
Os indígenas
da América do Sul fazem estes arcos de Pati, uma palmeira que tem raízes aéreas
e um miolo muito compressível como um isopor adensado. As palmeiras são
cortadas e lascadas ao meio e depois novamente lascadas até se conseguir uma
largura apropriada, quando são desbastados nas extremidades até se conseguir a
forma e resistência corretas. Nesse caso, dispensam o aquecimento no fogo para
descascar.
Os arcos tipo
Stick bow tem secção arredondada ou ovalada nas lâminas e redonda no punho. Nas
pontas confecciona-se entalhes onde se encaixa o laço da corda.
Uma
observação a ser feita para todos os arcos tradicionais é a de sempre manter um
comprimento e altura de cinta compatível com o arqueiro.
O comprimento
deve ser idêntico ao do atirador, pois assim, a madeira não precisa ficar
extremamente curvada para se chegar na puxada plena do arqueiro que será melhor
explicada em um tópico específico para esta finalidade, mas que, a grosso modo,
é a distância entre o punho do arco até a parte traseira do maxilar inferior do
arqueiro, quando na posição de tiro.
A altura de
cinta é a distância entre o ponto do arco onde o arqueiro o segura para atirar
até a corda (em um ângulo de 90º com esta) com o arco encordoado. Para a
maioria dos arqueiros essa distância fica entre 6 ½” e 7 ½” (seis e meia a sete
polegadas). Para saber a melhor distância para o seu biotipo, forme com as mãos
o sinal de positivo, com o punho fechado e o polegar erguido, e encoste a parte
de baixo da mão na empunhadura do arco, a corda deve estar tocando a ponta do
seu polegar esticado.
Obs.:
A medida inglesa polegada era extraída da distância da última articulação do
polegar real até a ponta do polegar do rei, logo, quando o rei morria ou era
substituído, todo o sistema de medidas mudava. Posteriormente foi estabelecido
como uma medida padrão de 25,4
mm e esta medida permanece imutável a partir desta data.
Stick
Bow (arco de vara).
Foto
retirada do site: Stick bow.com.
Long Bow (arco longo).
É o modelo de
arco usado por Robin Hood e pelos ingleses em suas batalhas.
Consiste em
uma vara desbastada até o seu centro de forma gradual, deixando o punho sem
desbastar e podendo ou não conter um apoio para a flecha esculpido neste punho.
Pode ser feito a partir de uma tora mais grossa e ter uma secção retangular ou
semi-circular muito parecida ao stick bow.
Long bow.
Foto retirada do site: craftkhan.weebly.com
Uma outra característica dos long bows são as
suas ponteiras trabalhadas em osso ou chifres de animais e coladas às pontas do
arco de forma que sirvam de ancoragem à corda. Antigamente estas ponteiras eram
coladas com colas de couro animal derretido ou resinas misturadas ao carvão e
aquecidas ao fogo para derreter
Ponteiras.
Foto retirada do site: Wikipédia.com
Flat bow (arco largo ou plano).
O flat bow é
um arco que já era utilizado pelos nativos norte americanos antes da chegada
dos ingleses na América. Consiste em uma tora mais grossa do que o arco em
algumas vezes. Essa tora é rachada ao meio ou em quatro partes em que cada uma
pode presumivelmente ser um arco. Cada uma destas partes é cuidadosamente
aplainada em dois lados de forma que fiquem largos e finos em cada lado e
grosso no centro onde será o punho. Cada lâmina pode ter secção retangular ou
oval e o punho pode ser redondo ou também ovalado, mas só que em sentido
inverso ao das lâminas. As lâminas são desbastadas por dentro da madeira,
deixando a parte externa intocada para não correr o risco de cortar fibras da
madeira.
Os indígenas
da América do Norte descobriram que podiam aplicar sinew (tendões das patas
traseiras dos servos) nos arcos e, com isso, aumentavam a tensão nas limb’s
(termo inglês que denomina as lâminas ou extremidades flexíveis do arco) e esse
processo aumentava também a durabilidade dos arcos pois o sinew, sendo uma
fibra poderia ser desfiado e colado à parte externa das limb’s forçavam esta a
retornar mais rapidamente à posição de origem e, com isso além de aumentar o
alcance das flechas, ainda auxiliava a madeira a minimizar o efeito memória que
á o fato de a madeira “cansar”, ou de permanecer vergada naturalmente depois de
algum tempo que ficar presa nesta posição.
O sinew é
retirado das patas dos servos, secado ao sol e posteriormente desfiado por meio
de macetamento com porretes de madeira ou pedra e colado às limb’s do arco com
uma cola feita de couro derretido por cozimento misturado a resinas de arvores
típicas. As fibras são colocadas dentro da cola ainda quente e depois aplicadas
no lado externo do arco de forma integral e sempre com estas alinhadas com a
longitude do arco e intercaladas entre si para formar uma espécie de amarração.
Flat bow
Foto retirada do fórum Texas bowhunting.com
Recurve bow (arco recurvo).
Como o
próprio nome já diz, é um tipo de arco plano como o flat bow, só que com as
pontas de suas lâminas recurvadas para fora da curvatura normal do arco. Essa
configuração permite ao arco um maior comprimento útil de envergadura, só que
como as pontas ficam recurvadas, estes ficam mais compactos para se utilizar em
áreas de vegetação mais cerrada ou nas aberturas das torres dos castelos.
Posteriormente
à descoberta do aço, passaram a ser confeccionados com esse material que, sem
dúvida, era mais resistentes que os arcos de madeira de então.
Este tipo de
arco tem origem no oriente médio, mas arcos com esta característica foram
encontrados na Europa e em algumas tribos indígenas norte americanas.
Recurve bow.
Foto retirada do site Northwood traditional
bow.com
Chinese bow (arco chinês)
É um arco
composto bambu chinês com outras madeiras, pele de animal derretida usada como
cola e muitas amarrações. Possui um punho feito de madeira e lâminas de bambu chinês
ou outra madeira que pode ser encontrada regionalmente, em suas extremidades
possui uma ponteira de madeira trabalhada para receber a corda. Estes arcos são
muito efetivos a grandes distâncias. O treinamento dos guerreiros chineses era
sobre cavalos onde alvos de proporções humanas eram colocados em distâncias
pré-definidas e o cavaleiro passava correndo e atirando suas flechas.
Arco chinês.
Foto retirada do site:
lyjunxing.en.alibaba.com
Uma
característica marcante do arco chinês é o seu formato quando retirada a corda.
A maioria dos arcos depois de estarem em posição de descanso, ficam em um
formato quase reto ou com pouca curvatura ou recurvamento, mas o arco chinês se
transforma em um semi-círculo com as pontas voltadas para dentro.
Arco chinês desencordoado.
Foto retirada do site: Mattres.com
Horn bow (arco de chifre).
Na verdade,
podemos chamar este arco por vários nomes como mediterrâneo, arco eurasiático,
arco turco a depender de que região eram procedentes. Também eram conhecidos
como arco composto pois além de empregar bambu e outras madeiras apropriadas
para essa finalidade, era usado chifres de animais para a sua confecção. A
fibra dos chifres tem muita flexibilidade e é capaz de enrolar muito antes de
partir-se. Usando essa característica dos chifres para proteger seus arcos que
deveriam ser confiáveis, principalmente em campos de batalha onde a quebra de
um equipamento como este poderia significar a morte, as fibras dos chifres de
alguns servos ou de búfalos era aquecida até o ponto de poder ser moldado,
laminado e colado nas costas do arco (parte externa do arco) para aumentar-lhe
a resistência a quebra. Os chifres destes animais também serviam de acelerador
para a madeira, haja vista que tem a capacidade de retornar ao ponto de origem
mais rapidamente que as madeiras mais apropriadas para isso, fazendo com que
ganhem velocidade.
Este tipo de
arco também tem um formato muito peculiar quando desarmado, ficando muito
parecido com o arco chinês, aliás, tanto na forma quanto na confecção, estes
dois tipos de arco diferem muito pouco.
Uma
característica marcante tanto nos arcos europeus quanto nos chineses, além das
curvaturas, é o tamanho, pois estes arcos raramente ultrapassam os 4 ½’ (quatro
pés e meio), enquanto um long bow inglês tinha 5 ½’ a 6’ (cinco e meia a seis pés),
isso facilitava muito quando se tinha que atirar a partir de vãos de muretas de
castelos ou sobre cavalos, pois dava muita mobilidade aos arqueiros.
Obs.: Um
pé equivale a 12”
(doze polegadas), logo, 304,8
mm , então, 4 ½’ equivale a 1371,6 mm (arredondando
para 1,37 m )
Horn bow
Foto retirada do site: Mattres.com
Horn bow desarmado.
Foto retirada do site: Mattres.com
Recurve-long bow (arco longo recurvado)
Este arco tem
um padrão de perfil intermediário entre o recurvo e o long pois tem as suas
lâminas com uma suave curvatura para fora do arco de forma a aumentar a pressão
sobre si e garantir um melhor desempenho do equipamento. É possível fabricar um
recurve-long bow a partir de materiais retirados do meio usando o aquecimento
da madeira em água fervente e a curvatura das limbs usando-se algum apoio para
isso e deixando-se esfriar nessa posição, mas algumas madeiras brasileiras não
aceitam muito bem esse processo (o ipê é uma delas), de forma que quando se
começa a ser utilizado ela retorna a posição original. O mais indicado para
esse tipo de arco é mesmo a laminação ou marchetaria, assunto tratado mais à
frente neste mesmo artigo.
Esse arco
ganha algo em velocidade, comparando-o com o long bow e é algo mais curto do
que o seu predecessor tornando-o muito aceito entre as comunidades de arqueiros
tradicionais que caça mas é, ainda, preterido em relação ao long bow em
competições de Field europeu e americano nas categorias tradicionais pelo
simples purismo dos competidores ou pelas regras do jogo que não aceitam nem
arcos laminados mas somente os que são feitos por raspagem.
Recurve-long bow de fabricação artesanal encordoado
e sem a corda.
Foto tirada do site:
Staf.trinitylongbowmen.com
Short-recurve-long bow (curto arco longo
recurvo).
Derivado
direto dos recurve-long bow são os Short-recurve-long bow ou curto arco longo
recurvo, em uma tradução mais aproximada. É, eu sei, o nome é meio conflitante
mesmo, curto e longo em uma mesma discriminação, mas é assim mesmo pois
assumindo que long bow seja um nome que define um modelo específico de arco ou
uma classe de arcos e não uma forma, então, short vira a ser uma característica
da ferramenta.
Semântica à
parte, vamos ao que interessa.
Nem tão curto
quanto o recurvo, nem tão longo quanto o long ou o recurve-long, mas é um arco
muito versátil pois com limb’s mais curtas que todos eles, tem um retorno muito
rápido imprimindo à flecha uma velocidade muito alta.
A esmagadora
maioria destes arcos (senão todos) é feito por marchetaria ou laminação,
processo de fabricação explanado mais à frente neste mesmo artigo.
O Falco Storm, à direita, é um exemplo de
Short-recurve-long bow e um dos mais velozes da categoria.
Foto retirada do site:Tredgang.com
Processos de fabricação.
Existem
diversos processos de fabricação que podem ser empregados para arcos tradicionais,
mas para algumas categorias de competição podem haver restrições pois em países
onde o arco e flecha é mais utilizado, existem muitas modalidades para arcos
tradicionais e a maioria delas restringe o uso de modernos processos e o uso de
materiais modernos, em alguns casos até mesmo não é permitido o uso de vernizes
modernos no acabamento dos arcos mas apenas o uso de ceras e gorduras extraídas
de animais e vegetais para a proteção e acabamento das madeiras.
Raspagem.
É o processo
mais rudimentar possível e para essa fabricação pode-se utilizar tanto pedras
lascadas, metais variados ou até mesmo vidro, pois entre as antigas pedras
utilizadas para essa tarefa estava o novaculite e a obsidiana que são formas de
vidros de formação vulcânica ou por incidência de raios em locais de areia.
Para a
confecção de arcos por este processo, basta fazer a coleta da madeira indicada,
deixá-la secar e lascá-la usando cunhas ou machados e fazer o desbaste raspando
a madeira até que atinja a forma e resistência ideais do seu idealizador. Para
manter o arco o mais tradicional possível, passa-se cera de abelha, de carnaúba
ou óleos vegetais por toda a parte externa do arco depois de pronto e aquece-se
este no fogo, somente o suficiente para a madeira absorver parte da cera ou dos
óleos de forma que isso a impermeabilize.
Raspagem de madeira com pedras para confeccionar um arco.
Foto retirada do site: paleoplanet69529,yuku.com
Recorte.
A fabricação
por recorte já surgiu depois da invenção das ferramentas de corte como a faca,
facão e machado pois utiliza-se destes instrumentos para efetuar o recorte da
madeira por golpes para dar-lhe a conformação ideal e é usado basicamente para
acelerar o processo de fabricação dos arcos. Esse processo foi desenvolvido e
muito utilizado na fabricação de arcos na idade média, onde as guerras exigiam
urgência na produção de armas.
Neste
processo o bowier corta a madeira, que pode ser uma vara
ou um tronco mais grosso, retira o pedaço que vai utilizar, seja a vara ou rachando
o tronco até que tenha a largura ideal e com a ferramenta de corte que preferir
ou tiver à mão vai retirando pequenas porções de madeira da parte interna da
madeira, deixando a parte externa intacta. Nunca deve-se bater com a ferramenta
na parte externa pois esta deve ficar imaculada para não criar nenhum
rompimento de fibras. Existem algumas madeiras que possuem uma camada externa
muito macia e devem ser retiradas, mas isso não deve ser feito por esse
processo e sim somente por raspagem ou planagem.
Depois de
feita toda a retirada de material excedente, o acabamento deve ser feito por
raspagem.
Arco confeccionado pelo processo de recorte.
Foto retirada do site:
Naturlife.wordpress.com
Planagem ou raspagem mecânica.
É, também um
processo criado e difundido na idade média pois consiste na utilização de uma
ferramenta chamada raspilha que retira grandes porções de madeira mas dá ao
bowier uma possibilidade enorme de controle dos nacos de madeira extraídos e
trabalha com o corte por pressão e não por impacto como no processo
anteriormente descrito.
Após retirada
a porção de madeira que será usada para a confecção do arco, o bowier se
posiciona ao longo da madeira e trabalha a raspilha puxando-a em sentido
longitudinal à madeira de forma a ir retirando pequenas lascas desta nos pontos
onde quer realizar o desbaste, Sempre existe a possibilidade de uma determinada
madeira lascar indevidamente de tal forma que inutilize esta madeira para a
confecção de arcos, por isso o bowier procura sempre fazer pequenos entalhes ao
longo da porção de madeira que quer retirar e, desta forma, não ocorrem
lascaduras muito extensas e dá a este uma possibilidade de interromper a
lascadura antes que venha a prejudicar
ou inutilizar o processo.
Madeiras que
tem uma porção mole e inúteis para a confecção de arcos, mas tem um cerne
apropriado podem ser desbastadas com a raspilha até atingir o ponto ideal e,
por raspagem ou lixamento, chegar-se ao cerne sem comprometer suas fibras.
O acabamento sempre deverá ser feito pelo processo de
raspagem.
Arco sendo fabricado com uma raspilha.
Foto retirada do site:
Redhauk55.wordpress.com
Colagem.
Existe dois
processos de colagem para a confecção de arcos, um deles é o mais tradicional
onde, como já foi comentado, se utiliza colas de origem animal e vegetal para
colar lâminas de chifres, de bambu ou fibras de rami, cânhamo ou sinew aos
arcos, tornando-os compostos de materiais diferentes. O outro processo é a
marchetaria, que será tratado a seguir.
O rami e o
cânhamo é aplicado às limb’s dos arcos da mesma forma que o sinew que já foi
descrito acima.
Por esse
processo, a cola é extraída de pedaços de couro que são cozinhados em água
durante dias até derreter e formar uma goma que pode ou não ser acrescido de resinas
vegetais e carvão para ganhar resistência e as lâminas de bambu ou chifres são
banhadas por diversas vezes nessa goma ainda quente de forma que fiquem
impregnados nas fibras do material que é deixado esfriar e novamente banhado
até que por fim são pressionados contra o outro material que devem aderir, que
podem ser um material diferente ou igual ao primeiro.
Esse processo
garante uma durabilidade imensa a arcos compostos e dão muita resistência à
flexão, pois a curvatura do equipamento em descanso é muito maior do que o seu
inverso quando na posição de disparo.
Existem relatos de arcos compostos fabricados pelos
turcos na idade média que repeliram ataques a fortificações pois conseguiam
abater inimigos a cerca de 500
metros de distância e, portanto, cada chuva de flechas
conseguia abater uma grande quantidade de invasores a partir desse ponto até a
chegada nas muralhas da fortificação, tornando o avanço desencorajador pelos
comandantes de pelotões que perdiam muitos homens nesse longo espaço de
terreno.
Partes de um horn bow prontas e esperando serem coladas.
Foto retirada do site: Manchuarchery.org
Horn bow sendo colado.
Foto retirada do site: WWW.atarn.org.
Marchetaria.
A marchetaria
é um processo moderno de laminação e colagem de madeira que emprega colas e
resinas fenólicas específicas para esta finalidade e podem ou não conter finas
lâminas de fibra de vidro ou fibra de carbono entre as lâminas de madeira ou
somente nas partes externas, o que diminui imensamente a incidência de quebras
e aumenta em muito a velocidade de retorno das limb’s à posição de origem,
imprimindo enormes velocidades às flechas. Este processo também diminui
drasticamente a incidência de rachaduras ou desalinhamento e empenamento das
limb’s, o que é muito comum em arcos feitos de madeira maciça
A principal característica da marchetaria é a
“moldabilidade”, ou seja, a capacidade de moldar a madeira em um perfil
desejado que, para a arqueiria, pode ser o reto (para long bow’s), o
semi-recurvo (para recurve-long bows) ou o completamente recurvo (para os recurvos
propriamente ditos). Essa característica é conseguida prensando a madeira em
formas previamente preparadas enquanto a cola/resina ainda está úmida de forma
que quando esta secar, a madeira vai estar conformada e não mais retornará à
sua forma antiga.
Arco recurvo sendo construído pelo processo
de marchetaria – Posicionamento das lâminas de madeira e aplicação da cola
Foto retirada do site: WWW.americanwoodworker.com
Arco recurvo sendo construído pelo processo
de marchetaria – Prensagem
Foto retirada do site: Funn.
pictures.picphotos.net
Para um
arqueiro tradicionalista, qualquer deste modelos de arcos é considerado puro
pois a partir do emprego da força direta da musculatura para o retesamento e
manutenção da corda na posição de tiro é o mesmo processo que os arqueiros
primitivos faziam nos primórdios da prática da arqueiria, portanto, mais
tradicional que isso impossível.
Em outra
postagem falarei dos arcos modernos e de seus avanços tecnológicos.
Excelente artigo. Parabéns!
ResponderExcluirOlá H Castilho.
ExcluirPrimeiro, estou me desculpando com todos que enviaram comentários pela demora em responder pois, somente agora descobri que o blog estava retendo os comentários até que eu autorizasse a publicação, então, agora estou fazendo as devidas autorizações e respondendo paralelamente.
Estarei postando novas matérias em brave.
Abraços.
Sandro.
Caro H. Castilho. Devido aos últimos acontecimentos em minha vida Mudança de trabalho, de cidade e de rotina), tive muito pouco tempo livre pra me dedicar a essas atividades de blogueiro, mas acredito que agora isso vai mudar. Continue atento que em breve sairão mais artigos sobre arqueria pois esses que escrevi são apenas para prelúdio pois a verdadeira intenção é me aprofundar mais nesse meio e transmitir informações mais avançadas a quem se interessa pelo esporte.
ResponderExcluirCompreendo a falta de tempo, pois também não consigo manter a regularidade na prática com arco.
ExcluirUm abraço e Parabéns por este seu espaço
Parabéns. Excelente artigo. Pesquisa bem feita e bem organizada.
ResponderExcluirOlá Eliseu.
ExcluirPrimeiro, me desculpe pela demora em responder pois, somente agora descobri que o blog estava retendo os comentários até que eu autorizasse a publicação, então, agora estou fazendo as devidas autorizações e respondendo paralelamente.
Agradeço pelo elogio.
Logo postarei outros mais.
Abraços.
Sandro.
Abraços.
Sandro
belo artigo linguagem ascessivel,informaçao precisa...parabens
ResponderExcluirOlá Marcelo.
ExcluirPrimeiro, me desculpe pela demora em responder pois, somente agora descobri que o blog estava retendo os comentários até que eu autorizasse a publicação, então, agora estou fazendo as devidas autorizações e respondendo paralelamente.
Então, muito obrigado pelos comentários, que bom que gostou.
Tenho muita coisa escrita sobre arcos que pretendo postar ainda, mais precisamente sobre a evolução dos mesmos e sobre arcos compostos, sobre como atuam e como entender seu funcionamento e o armazenamento de energia.
Logo logo postarei aqui algumas coisinhas bem interessantes.
Abraços.
Sandro.
Belo artigo,linguagem ascessivel e informacoes pertinentes....parabens
ResponderExcluirTô fazendo um arco curto de aroeira
ResponderExcluirOlá Ton Faria.
ExcluirGostaria de saber mais sobre essa possibilidade pois nunca ví comentários do uso dessa madeira para arcos mas somente para pontas de flechas indígenas. Você já testou essa madeira? Será que dá certo? Não é muito dura?
Agradeceria se comentasse a respeito.
Abraços
Sandro.
Olá Castilho eu tenho um grande interesse em saber a forma e a proporção desta cola feita de couro com resina natural qual madeira produz está resina
ResponderExcluirSeria excelente se postasse aqui ou em outro lugar da sua escolha essa proporção e comentasse aqui pra que nos acessassemos.
Excluir2024 e o artigo extremamente necessário, parabéns.
ResponderExcluir